São Paulo – Nem adianta mudar o canal de televisão ou rádio, ou trocar jornal por revista ou internet. Ronaldinho Gaúcho vai aparecer, tanto no noticiário como na propaganda. Ele hoje vende de tudo: de balas e gomas de mascar Adams às chuteiras Nike, passando pelo refrigerante Pepsi, o desodorante Rexona, o combustível da Texaco, os celulares e serviços da operadora Oi, o Banco Santander, o hipermercado Extra e até o sabão em pó Omo.
Gisele do futebol
?Ronaldinho é a Gisele Bündchen do futebol?, resume o catalão Francesc Petit, o P da agência de publicidade DPZ. Na realidade, é a habilidade do atleta nos estádios o que motiva os seus milionários contratos publicitários – que, de quebra, deram até graninha extra para sua família, com a mãe entrando em cena por Omo.
O mercado publicitário estima que nenhuma dessas aparições custa ao anunciante menos de R$ 1 milhão, o que representa na maioria dos casos apenas um dia de trabalho, seja para a filmagem de comerciais ou uma sessão de fotos. Quem paga tem direito a usar a imagem por um ano, conforme prevêem contratos desse tipo. Se a empresa quiser economizar, pode, por US$ 150 mil, recorrer a antigos astros do futebol, como fez o guaraná Antarctica com Maradona. Mas se quiser Ronaldinho Gaúcho, por menos de R$ 1 milhão será difícil conseguir, garante um executivo de produtora de agências de publicidade.
Só que Petit, apesar de afirmar que o que Ronaldinho Gaúcho faz pela Catalunha e o seu time do coração, o Barcelona, não tem preço, tem uma visão crítica da excessiva aparição publicitária do atleta. ?Ele devia selecionar mais. Está no auge, mas é dono de apenas duas pernas e uma cabeça. Aparecendo assim, de forma excessiva, corre o risco de virar camelô, dispersar o valor da sua marca?.
Mesmo concentrados, jogadores não-desligam dos negócios
Weggis – Às vésperas da abertura da Copa, os jogadores da seleção brasileira passam o tempo livre jogando videogame ou pingue-pongue, em rodinhas de pagode, e acompanhando os negócios no futebol. A maioria dos titulares não tem futuro certo e fica bom tempo no celular, em contato com os empresários.
Pela primeira vez em anos, a maioria dos atletas do Brasil chega ao mundial nessa situação. É o caso de Dida, Cafu, Roberto Carlos, Zé Roberto, Emerson, Ronaldo e Adriano. Muitos atraem interesse de vários clubes. Outros não renovaram contrato com a antiga agremiação.
O maior desafio é tentar esquecer as negociações e se concentrar na competição. Não é fácil e nem todos conseguem. ?Agora, minha preocupação é com a Copa. O futuro a gente decide depois?, disseram Cafu, Zé Roberto, Dida…
A maioria sabe, porém, que um bom desempenho na Alemanha poderá representar salários melhores e boas ofertas. Durante o mundial, não faltarão empresários e dirigentes.
Dos 11 titulares, sete podem mudar de ares a partir da segunda metade de julho. Lúcio, do Bayern de Munique, Juan, do Bayer Leverkusen, e Ronaldinho Gaúcho, do Barcelona, são os únicos que sabem com certeza onde vão jogar no segundo semestre. E apesar do interesse do Real Madrid, Kaká dificilmente deixará o Milan.