No momento em que os jogadores do Fluminense estavam se aquecendo para enfrentar o Americano nas Laranjeiras, Romário embarcava para uma das mais surpreendentes viagens da sua vida. Ao receber a confirmação do depósito pelo empréstimo do craque, o Fluminense perdeu a ingerência sobre o jogador.
Apesar da origem aristocrática do tricolor, quem dá as ordens agora é o príncipe do Qatar, que exigiu a imediata viagem. Romário precisa chegar à cidade de Doha antes da sexta-feira, dia sagrado na religião islâmica. Romário já recebeu parte dos US$ 1,5 milhão a que tem direito. E o Fluminense, com quem o craque tem contrato até dezembro, embolsou US$ 200 mil pelo empréstimo até 31 de maio.
Se a última impressão é a que fica, o craque deixou a melhor possível. No domingo, marcou três gols, na vitória sobre o Botafogo. O torcedor, que pediu pela permanência de Romário na goleada, prefere acreditar que foi o jogo do até breve, mas deveria ter levado lenços brancos. Pode ter sido a despedida.
Seduzido pelos petrodólares, o craque quer fazer o mesmo com os torcedores e o futebol local e já pensa até em alongar sua passagem pelo Oriente Médio. “Vou mudar a história do futebol deles. Quero ir lá para ser rei. Imagine quanto vão querer me pagar se eu for bem depois destes três meses?”, disse a amigos. O presidente tricolor David Fischel diz que Romário volta a ser jogador do clube em junho e que não tratou de valores para uma prorrogação. “Não adianta falar em cima de hipóteses”, afirmou.
Mas o fato de ter aceitado liberar Romário na reta final do estadual mostra que o Fluminense já não tem o mesmo apego àquele que, além de seu craque, era o principal projeto de marketing do clube. “Com o dinheiro que estamos recebemos, vamos pagar uma folha salarial inteira de jogadores e funcionários e ainda a economia dos salários do Romário que deixaremos de pagar”, disse Fischel.
Ao abrir mão do craque, o presidente nega que o clube esteja admitindo que se equivocou ao contratá-lo. “Se não houvesse essa proposta, continuaríamos com ele normalmente. Mas acabou sendo bom para todas as partes. Nosso time já teve a oportunidade de jogar sem ele e saiu-se bem”, finalizou.