Roman dá nome aos bruxos e desmascara a máfia

Evandro Rogério Roman prometeu e cumpriu. O árbitro soltou o verbo em depoimento ao Tribunal de Justiça Desportiva da Federação Paranaense de Futebol (TJD-PR) e revelou quem faz parte do que chamou de ?máfia do apito?. Sobrou para seis árbitros, da ativa ou não, apontados como membros de um esquema de corrupção que há vários anos estaria rondando o futebol local. Todos os citados serão indiciados e convocados a se explicar pelo auditor do TJD que investiga o caso, Octacílio Sacerdote Filho. Supostamente, o comando do esquema estava nas mãos do presidente do Sindicato dos Árbitros do Paraná, Amoreti Carlos da Cruz e do veterano Carlos Jack Rodrigues Magno. Nos bastidores, conhecido como ?gato mestre?. Na edição de ontem, a Tribuna, na sua manchete (Dia de gato mestre), mostrou que já tinha estas informações de bastidores.

Roman chefiou uma comitiva composta por outros 12 árbitros e assistentes do quadro da FPF. Muitos vieram do interior do Estado e deixaram seus afazeres profissionais para apoiar e dar respaldo às declarações feitas ao TJD.

No início, Roman explicou os motivos que o levaram a acusar os colegas de apito. Ele afirmou que há bastante tempo sabe de presidentes de clubes e árbitros envolvidos em corrupção. ?Sempre que ouvia essas histórias pensava: não posso enganar a mim mesmo. O quadro de árbitros do Paraná é composto por homens honrados, mas algumas pessoas colocam todas as outras no lixo. Eu, por exemplo, tenho 800 alunos e não posso admitir que haja suspeitas envolvendo meu nome. Ou a moralidade se instaura ou desisto da atividade?, falou Roman, que é coordenador do curso de Educação Física de uma faculdade em Cascavel.

O árbitro disse ter consciência de que pode ?pagar caro? pelas denúncias e revelou ter recebido telefonemas suspeitos na tarde de ontem. O auditor Sacerdote, na condição de promotor público, ofereceu proteção policial a Roman, caso seja necessário, e pediu para uma viatura da PM escoltá-lo até o Aeroporto Afonso Pena.

O denunciante disse não saber de envolvimento de dirigentes da FPF ou da última comissão de arbitragem na ?maracutaia?. ?Jamais alguém da Federação me pediu, nem por brincadeira, para favorecer A ou B. E Valdir de Souza (ex-presidente da comissão) me pareceu uma pessoa séria. Se existia (participação de Valdir e seu vice Antônio Carvalho no esquema), eles sabiam em quem chegar?, falou.

Antes de revelar os nomes, Roman entregou ao auditor Sacerdote uma carta anônima, escrita por um árbitro da Federação. A carta, que já havia sido enviada na semana passada ao TJD, denunciava vários apitadores e dava detalhes do esquema de corrupção na arbitragem. Roman não respaldou todas as acusações contidas no manuscrito, as quais atribui à mágoa do autor por não ter sido incluído no quadro nacional de arbitragem. Mas todos os nomes citados por Roman estavam na denúncia anônima.

Ao fim do depoimento, Roman pediu que todos os corruptos sejam punidos. ?Não pode sobrar nenhuma semente, senão em dois ou três anos estaremos sujeitos aos mesmos problemas. E quero que entrem na Justiça Comum, pois ali vamos brigar de outra forma?, falou. Depois, Roman acompanhou os primeiros depoimentos de colegas e voltou para Cascavel sem emitir novas declarações à imprensa.

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