Robinho dá espetáculo e Santos goleia em Cali

Arte. Só ela é capaz de levantar milhares de pessoas para aplaudir de pé seu protagonista. Os 15 mil torcedores que estiveram no Estádio Pascual Guerrero, em Cali, para acompanhar Santos e América pela Taça Libertadores, ovacionaram um garoto chamado Robinho. Um artista. Robson de Souza, nascido em São Vicente, na Baixada Santista, que completou 19 anos em 25 de janeiro, usou a bola e o seu talento para apresentar um espetáculo comparado à genialidade dos grandes mestres. Irresistível. Os colombianos, sensíveis, retribuíram os mágicos lances do atleta franzino com aplausos no momento em que deixou o gramado.

Pode parecer incrível, mas a incontestável goleada imposta pelo Santos por 5 a 1 ficou em segundo plano, tal o número de jogadas de rara beleza apresentadas pelo número 7 do time branco. “Robinho vai ser rei”, aclamou o jornal esportivo colombiano Enlajugada. O diário El País, também de Cali, seguiu a mesma linha e não economizou elogios ao craque: “Não era uma equipe de Pelé, mas de Robinho, um garoto de 19 anos que iluminou o campo com seu futebol. Um rapaz imberbe que deslumbrou a todos. E quando quis converteu em um verdadeiro ?sambódromo? a área americana.”

De fato, o camisa 7 santista estava irresistível. Aplicou um chapéu, deu o drible elástico, no melhor estilo Rivellino, mandou bola na trave, desestruturou os adversários com sua ginga. “É uma sensação muito boa ser aplaudido. Confesso que nunca havia passado por isso, ser aplaudido pela torcida adversária. Espero que isso aconteça mais e mais.”

O atacante elogiou o comportamento do time de Cali e ainda foi modesto. “Minha atuação podia ser melhor, já que não marquei gol. O América é uma excelente equipe e no primeiro tempo complicou. Depois soubemos aproveitar as situações de gol e as coisas saíram naturalmente.” A imprensa colombiana, porém, carregou nas tintas ao referir-se à goleada, iniciada com um gol do lateral-esquerdo Léo, num chute cruzado, que desviou em um zagueiro. “Santa goleada”, estampou o El Tiempo, de Bogotá. A manchete do El País foi mais crítica à atuação do América. “Santo Deus, que surra!”

Até que no primeiro tempo os Diabos Vermelhos, como são chamados aqueles que vestem a camisa do América, criaram lances perigosos, mas a boa atuação do goleiro Fábio Costa impediu, por três vezes, os gols. Mas em uma outra, a cabeçada de Banguero foi certeira: 1 a 1. “Apesar de termos feito grande partida, ainda temos algumas falhas desde o brasileiro e precisamos corrigi-las, pois se tomássemos dois gols no começo do jogo, as coisas poderiam se complicar.” O Santos reagiu e dois minutos depois do empate, Alex acertou um chute forte, certeiro, na cobrança de falta.

“Vermelhos de vergonha”, colocou na capa o Diário Deportivo, da capital colombiana. Realmente, no segundo tempo o time santista mostrou toda a sua força ofensiva. Ricardo Oliveira livrou-se de dois zagueiros e tocou na saída do goleiro Viáfara. “Os ?Santos? ajoelharam o ?Diabo?”, manchetou o jornal. Não era só Robinho que estava inspirado. Os Meninos da Vila estavam iluminados. Foi a vez então de Diego marcar um golaço: depois de tirar os marcadores da jogada, chutou de fora da área, acertando o ângulo esquerdo. No finalzinho do jogo, Ricardo Oliveira, sempre oportunista, marcou o quinto gol. Dez minutos antes, o técnico Emerson Leão havia substituído Robinho, que saiu aplaudido de pé.

“Confesso que na última jogada, quando ele parecia ter um elástico na perna para levar a bola, caí na gargalhada. Há momentos que não há como contê-lo. Robinho é muito irreverente”, comentou Leão. Que a irreverência de Robinho, então, siga em frente.

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