Roberto Brum pode virar “novela”

Dois fatores passaram a complicar a tomada como certa permanência de Roberto Brum no Coritiba. A primeira é a má recepção dos torcedores à idéia de o clube se desfazer de Ricardo Malzoni. A outra é a pedra que o Fluminense pode colocar no negócio, exigindo que o volante volte imediatamente para as Laranjeiras. 0 que parecia fácil pode tornar-se uma novela.

A negociação de Malzoni pode parecer um sacrilégio para os torcedores, mas não é encarada da mesma forma pela cúpula do futebol coxa. É ponto pacífico entre dirigentes (e até membros da comissão técnica) que o jogador não conseguiu fazer a transição das equipes da base para o profissional com sucesso. “Ele precisa de ajuda, que na verdade é um empurrão”, confessou um diretor.

O atacante passou por quase todas as seleções brasileiras de base, e isso pode ter acarretado a dificuldade de adaptação dele ao time profissional. “Ele mal ficou em Curitiba nos últimos anos, e por isso não conseguiu jogar no Coritiba”, disse o dirigente. De fato, Malzoni mal atuou pelo Cori nos últimos tempos, e o seu rendimento nos treinos vem sendo baixo. Mas como explicar isso para a torcida?

Por isso a relutância do secretário Domingos Moro em confirmar que Malzoni interessa ao Fluminense – que gostaria de contar com ele em definitivo. Por sinal, essa idéia também não passa inicialmente pela cabeça da direção coxa, que ofereceu, além do empréstimo do atacante, o lateral-esquerdo Badé, ambos ficando nas Laranjeiras até a metade de 2003. “Alguns jogadores precisam ganhar mais experiência”, afirmou Moro.

Essa hipótese de duplo empréstimo pela permanência em definitivo de Roberto Brum não agrada os cariocas. O vice-presidente do Fluminense, Marcelo Penha, já avisou que, se a negociação não avançar, Roberto Brum será obrigado a voltar para o Rio até amanhã. Se a troca não sair, o Flu quer 300 mil reais pelo empréstimo de Brum, valor inimaginável para as pretensões do Cori. Preocupado, o jogador prefere deixar o assunto para os dirigentes. “O que sei é o que vocês sabem. Eu confio muito no Moro e no presidente (Giovani Gionédis), e tenho certeza que vou ficar”.

Para esta semana, foram confirmados o jogo-treino contra o Joinville, na quarta, e o amistoso contra o Comercial de Ribeirão Preto, no próximo sábado, às 15h30, no estádio Palma Travassos, em Ribeirão Preto.

A voz da experiência no Alto da Glória

Entre os jogadores que fazem parte do atual elenco do Coritiba, ele é o que mais pode falar. Reginaldo Nascimento está chegando aos 200 jogos pelo clube – é o jogador que mais atuou nos últimos anos – e torna-se assim um privilegiado observador do que aconteceu no Alto da Glória de 1997 para cá. Em entrevista à Tribuna, o volante, titular coxa nos últimos 18 meses, fala sobre o atual momento do Coritiba – de euforia da torcida e de dificuldades financeiras internas e externas.

Paraná-online

– Você é comedido na hora da crise e ponderado nos elogios. Como você avalia o Coritiba às vésperas do campeonato brasileiro?

Reginaldo Nascimento

– Agora, em vista dos momentos que já passamos, está em um momento legal. Estamos nos preparando. E bem. O grupo tornou-se uma equipe, pois antes não conseguíamos ter uma equipe forte, e isso nós temos. Faltam algumas peças se encaixar para que tenhamos uma condição melhor para estrear no campeonato.

Paraná-online

– A situação financeira do clube não é boa. Como se faz para que as estações não se misturem e isso prejudique a equipe?

Reginaldo

– Há jogadores que sabem diferenciar situa-ções, outros já não conseguem, mesmo porque é um grupo que está buscando projeção no futebol, e ninguém tem uma condição financeira boa para suportar isso. Outros jogadores já têm uma mentalidade melhor e não levam isso a campo. A gente espera que o jogador que vista a camisa do Coritiba esteja sempre motivado. Você não pode pagar para jogar, mas independente de estar recebendo ou não você precisa estar motivado. O pessoal da diretoria tem credibilidade com a gente, e temos certeza que os problemas serão sanados.

Paraná-online

– Faz tempo que não se via a torcida tão esperançosa com uma equipe. Como se lida com essa euforia?

Reginaldo

– Isso acontece também pelo momento do futebol brasileiro. Eu assisti a alguns jogos depois da Copa do Mundo e os clubes estão apostando nos jogadores jovens, até porque não têm dinheiro. Os que recebem salários mais altos estão tentando jogar fora do país, e isso dá uma força maior para a gente. Com os três reforços que chegaram nos últimos dias, o grupo ficou muito fortalecido e eu acredito muito no elenco do Coritiba.

Paraná-online

– Vocês se motivam com a possibilidade de recuperar o clube como um todo?

Reginaldo

– A gente tem que acreditar e tem que ser motivado por isso. Os diretores do clube são ousados e sabemos que o nosso torcedor está buscando alguma coisa da gente. Tanto é verdade que ficamos dois meses sem jogar e num simples jogo-treino estavam lá mais de três mil pessoas. Você tem que se motivar por essa nação de torcedores tão grande que o Coritiba tem.

Paraná-online

– Fala-se que o Coritiba é um gigante adormecido. O gigante está acordando?

Reginaldo

– Eu acredito piamente nisso. E os torcedores que eu encontro no dia-a-dia me cobram muito nesse sentido, porque eles estão querendo acreditar, mas às vezes as coisas não dão certo. E nós precisamos conquistar esse torcedor, para que ele venha com a gente e todos consigamos acordar esse gigante. (CT)

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