Roberto Brum compra passe e assina por três anos

Ele garantiu mais um “mandato”. A menos de cinco meses do final de seu contrato com o Coritiba, o volante Roberto Brum acertou sábado sua permanência em definitivo no clube. O jogador fechou uma parceria com o clube, comprando metade de seus direitos federativos junto ao Fluminense – o Cori se encarregou de comprar a outra parte. O “Senador”, agora, é o atleta coxa com o contrato (que será assinado hoje) de maior duração: três anos.

O acerto foi feito nos últimos dias, com uma boa dose de colaboração de Brum. Ele se identificou rapidamente com o Cori, e só não foi titular absoluto no período entre sua contratação (em fevereiro do ano passado) e a demissão de Joel Santana. Com Paulo Bonamigo, o “Senador” tornou-se o volante de ofício do Cori e importante peça na armação tática da equipe. “Hoje, o Brum é fundamental”, não se cansa de dizer o treinador.

Além disso, há a empatia do jogador com a torcida, que é visível. Com sua incrível capacidade de oratória, Roberto Brum é hoje o porta-voz dos jogadores para a galera. “A nossa torcida é maravilhosa, e me passa uma emoção que eu jamais vivi na minha carreira”, confessa o volante. Por isso o esforço da diretoria em mantê-lo. “O Coritiba não anda adquirindo jogadores, mas nesse caso fizemos todos os esforços possíveis”, contou o secretário Domingos Moro.

Nada a ver

Com o acerto definitivo de Roberto Brum, ficou em suspense o caso de Ricardo Malzoni, que foi trocado pelo volante na metade do ano passado. O jovem atacante é reserva no Fluminense, mas mesmo assim a direção coxa garante que ele volta no final do período de empréstimo (em julho). “O Malzoni não foi negociado. Ele é nosso jogador”, garantiu o presidente Giovani Gionédis.

Coxa não perdoa, mata

A metralhadora alviverde continua destruindo seus adversários. Em cinco rodadas, o Coritiba conquistou cinco vitórias, 15 pontos e 100% de aproveitamento. Uma condição que o deixa muito próximo de garantir, com antecedência, o primeiro lugar geral e todas as vantagens nas próximas fases do paranaense, já que a vaga já está assegurada. A última vítima foi o arquirrival Atlético, que caiu por 2 a 1, num jogo nervoso e muito disputado no Estádio Couto Pereira, sábado.

Era o primeiro Atletiba do ano, que acabou saindo acima das expectativas. Com poucos ingressos à venda (e caros), bate boca de cartolas diminuindo a importância da partida e com transmissão da televisão para Curitiba, até que o público presente foi razoável (pouco mais de 9 mil pegantes). As torcidas fizeram a festa e trataram de empurrar sua equipe para cima do adversário. Apesar de o futebol apresentado na maior parte do tempo não ter agradado, os arquirrivais proporcionaram alguns bons momentos e, o que é melhor, não transformaram o gramado em campo de batalha.

Mesmo com a pecha de favorito, o Coritiba começou errando mais. Abusou das faltas mais fortes e teve a cumplicidade do árbitro Francisco Carlos Vieira, que deixou a partida seguir. O Atlético, por sua vez, adotando um estilo mais paz e amor, levantava e seguia em frente, tentando impor o ritmo de jogo. Um predomínio que durou até o lateral-esquerdo Jean se contundir.

O equilíbrio atleticano deu lugar a um time improvisado e o Alviverde soube tirar proveito da situação. Sem um lateral-esquerdo de ofício, Ceará ganhou mais liberdade para avançar pela direita. Num desses avanços, ele cruzou para Marcel completar de cabeça e inaugurar o placar.

A vantagem acalmou o Coxa e deixou o Rubro-Negro mais nervoso. Ainda mais porque Cocito e Fabrício tomaram cartões amarelos em jogadas similares em que os jogadores do Coritiba foram perdoados. No intervalo, o árbitro acabou sendo cercado pelos atleticanos enfurecidos com a utilização de critérios diferentes.

Na segunda etapa, a única alteração foi de ordem tática no time da Baixada. O volante Cocito passou a atuar com o zagueiro da sobra. A medida deu mais liberdade aos alas, principalmente a Fabrício, que estava com dificuldades na marcação. Já o Coxa preferiu administrar a partida e fazer o tempo passar, novamente com a cumplicidade do árbitro.

Ao tentar puxar um contra-ataque, o atacante Dagoberto foi agarrado pelo pescoço por Reginaldo Nascimento. Ao invés de expulsar o volante coxa-branca, o árbitro inverteu a falta e fez nascer a jogada do segundo gol coritibano. Novamente, numa desatenção geral da zaga rubro-negra, o matador Marcel recebeu a bola livre, limpou e chutou no canto.

A vitória consagradora estava desenhada, mas o meia Lima cansou e teve que sair. Fávaro entrou já fazendo o goleiro Cléber trabalhar. No rebote, Edu Sales perdeu um gol feito. Daí em diante, só deu Atlético. E o gol veio num cruzamento da direita. William ergueu a bola para Adriano fazer de cabeça. O Rubro-Negro quase empatou no finalzinho. Alessandro acertou a trave de dentro da pequena área.

Superação em nome da alegria

“É a maior alegria que a gente pode ter”. A declaração do secretário Domingos Moro reflete o ambiente de alegria que tomou conta do Coritiba logo após a vitória contra o Atlético. O resultado, que veio com muito sofrimento, representou muito para a equipe no campeonato paranaense – a manutenção da liderança e da invencibilidade, praticamente a garantia de terminar como campeão a primeira fase, e a afirmação definitiva de Marcel como artilheiro.

E valeu mais: foi outra prova do atual momento da equipe.

Coincidência ou não, o verbo “superar” foi a mais ouvida do lado coxa, desde os dirigentes até os jogadores. “Nós estamos nos superando para conseguir pagar os vencimentos dos atletas, para manter a credibilidade que temos com eles. É difícil, mas este grupo é muito bom, e a prova está nessa vitória”, elogiou Domingos Moro. “São esses momentos de superação que fazem do Coritiba uma equipe forte”, disse o técnico Paulo Bonamigo.

E essa tal superação pode ser traduzida nas atitudes de Lima e Ceará, que resistiram às lesões (Lima até onde pôde) para ajudar a equipe. “Eu estava com dores desde o primeiro tempo. Mas não podia deixar o time na mão. Sabia que o Bonamigo estava com problemas, e por isso agüentei até o fim”, contou Ceará, que em condições normais talvez nem voltasse para o segundo tempo.

Bonamigo realmente contava com ele, antes para marcar Jean, e depois para aproveitar o espaço dado por Fabrício. O treinador coxa transformou – com uma dose de risco – o Atletiba em uma série de batalhas individuais (Fabrício x Dagoberto, Edinho x Ilan, Lima x Kléberson), sendo que a mais importante delas foi reservada para a surpresa da partida. “O Willians entrou para acompanhar o Adriano, porque todos sabem que, se ele tiver espaço, vai mandar no jogo. E eu acho que o Willians fez um trabalho extraordinário”, comentou.

E, na frente, Bonamigo contou com a estrela de Marcel, que precisa de mais um gol para ter o mais efetivo início de temporada de um atacante coxa desde 1966, quando Krüger marcou nove gols em oito jogos – o centroavante tem oito em seis. “É muita emoção ajudar o Coritiba a vencer um clássico como esse”, disse o jovem jogador, que caiu definitivamente nas graças da torcida. “A partida foi muito difícil, e nós não poderíamos perder chances. Fico feliz de ter aproveitado as oportunidades que tive”, comemorou Marcel.

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