O convívio do meia-atacante Rivaldo com as palavras não é o que se pode chamar de harmonioso. Dar entrevistas e conversar com torcedores é uma espécie de ?fardo? que sua profissão o obriga a carregar. No entanto, essa aversão às declarações não o impediu de entrar em uma polêmica com o goleiro alemão Oliver Kahn, considerado o melhor da Copa do Mundo.
Pouco antes de chegar a Yokohama, cidade japonesa que vai abrigar a decisão do Mundial entre Brasil e Alemanha, Kahn, do alto de sua modéstia, desdenhou do ataque brasileiro, o mais positivo da competição com 16 gols marcados em seis jogos, média de 2,6 por partida. ?Não adianta ter feito tantos gols. Para vencerem a Alemanha e serem campeões, vão ter de fazer gol em mim?, afirmou.
Diante da declaração do alemão, nem a inibição natural de Rivaldo o conteve da réplica. ?Ok, precisamos fazer gols nele. Mas se eles (alemães) quiserem ser campeões, ele (Kahn) vai ter de defender nossas bolas?, afirmou o brasileiro. A pressão, pelo jeito, vai ser grande dos dois lados. ?É difícil tirar esse peso, essa responsabilidade em um partida como essa. Ainda mais um encontro inédito com a Alemanha.?
Alfinetadas à parte, Rivaldo disse que, apesar do talento do goleiro da Alemanha, a preocupação dos brasileiros em relação ao adversário vai muito além disso. O grupo sabe que não vai ter uma equipe técnica pela frente. Porém, a determinação e obediência tática dos europeus preocupam. ?Precisamos atentar para a marcação?, disse o meia-atacante.
?Já na frente, o negócio é tocar rápido a bola e aproveitar das jogadas individuais.?
Um dos assuntos que desagradam o jogador do Barcelona é a artilharia ou a possibilidade de ser eleito o melhor da Copa. Para ele, o que vale mesmo é o título, pois o resto é apenas conseqüência. ?Em 1998 as pessoas vinham com esse mesmo papo de poder ser escolhido o melhor do campeonato. No fim perdemos a final por 3 a 0, ficamos sem o título e eu não fui eleito nada.?