O senador Gim Argello (PTB-DF) e o governo federal promoveram um jogo de empurra, nesta terça-feira, em torno de uma proposta de alteração na Lei Pelé que estabeleceria regras como a limitação de mandatos de dirigentes para que clubes e entidades estejam aptos a receber recursos públicos e benefícios tributários. Alvo de forte mobilização de ex-atletas, o próprio Argello tinha anunciado a inclusão do tema no âmbito de uma Medida Provisória em que é o relator. Nesta terça, porém, o senador retirou a proposta de seu parecer e afirmou ter tomado a medida por não receber aval do governo. A ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, negou que tenha partido do Executivo a ordem para a exclusão, mas reconheceu que o debate ainda não está concluído.

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A retirada frustrou ex-atletas como Ana Moser (vôlei) e Pipoca (basquete), que tinham se reunido com Argello na semana passada e recebido dele a promessa de inclusão da proposta. “É uma proposta importante para garantir o legado dos grandes eventos”, argumentou Ana Moser.

A emenda é de autoria do deputado Jerônimo Goergen (PP-RS) e prevê que os clubes, para receberem isenção do Imposto de Renda e terem acesso prioritário a recursos públicos, adotem uma série de medidas. Entre elas está a limitação de mandato de quatro anos com direito a uma reeleição, a transparência na gestão, a existência e autonomia de conselhos fiscais e a adoção de gestão democrática. Segundo ele, a proposta tem sido alvo de forte oposição da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). “Sabemos que houve atuação muito pesada da CBF, através de lobistas, e desaguou nesse jogo de empurra entre governo e Congresso”, disse Goergen.

Argello sustentou que estaria disposto a apresentar um novo projeto de lei nos termos da emenda, mas que preferia deixar o tema de fora por não ter aval do governo. Após a declaração, a ministra Ideli foi ao Congresso e afirmou que a proposta já tem apoio de sua pasta e do Ministério da Fazenda, além de simpatia da Casa Civil. Resta apenas a posição do Ministério do Esporte, apesar de Aldo Rebelo, titular da pasta, já ter manifestado opinião nesta direção.

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No texto final proposto pelo senador, permaneceu apenas uma flexibilização das regras da Timemania facilitando a situação de clubes inadimplentes, que só perderão o direito ao parcelamento dos débitos após receber intimação sobre o não pagamento e não atender ao aviso de cobrança. Clubes excluídos pelas regras atuais poderão pedir reinclusão no programa.