Renaldo pode voltar ao time no jogo de sábado

O aproveitamento do Paraná Clube não é dos melhores (33%) após seis rodadas disputadas. Só que os números, na avaliação do técnico Lori Sandri, não condizem com a evolução apresentada pela equipe desde que o Brasileirão começou. É um sinal bastante claro de que o treinador irá fazer os ajustes necessários gradativamente, sem queimar etapas. O Tricolor, para o jogo do próximo sábado – às 16h, frente ao Fortaleza – não deve ter mudanças profundas.

A rigor, Lori Sandri vai esperar apenas um parecer do preparador físico Wilian Hauptman quanto à condição do atacante Renaldo. Titular absoluto no brasileiro de 2003, o jogador participou de apenas dois jogos na atual competição e ainda não balançou as redes. "Essa tendinite atrapalhou muito. Mas estou recuperado e pronto para treinar forte e recuperar a forma física", comentou Renaldo. "Só sei que não vejo a hora de voltar a campo e fazer gols".

Renaldo não quer "atropelar as coisas" e só vai enfrentar o Fortaleza se estiver em plena forma. "Na terceira rodada, tentei enfrentar o Juventude e fui mal". Renaldo só deixou claro que não gostaria de ficar no banco de reservas. "Se tiver condições de jogo, prefiro começar a partida e, se cansar, ser substituído", disse. O preparador físico Wilian Hauptman só pretende dar um parecer na quinta-feira. "É preciso ver seu desempenho e a sua reação aos treinos, nos próximos dois ou três dias", justificou.

Caso possa escalar Renaldo, Lori Sandri abrirá mão de um dos volantes da equipe. Nas últimas partidas, Rafael Mussamba, Beto e Mário César formaram o meio-de-campo, revezando-se na criação de jogadas, mesmo tendo características de marcação. Na semana passada, o Paraná contratou dois meias-de-criação, mas Maicosuel e Chiquinho não têm presença assegurada no próximo jogo. A intenção de Lori é contar com Chiquinho – que ainda está fora da melhor forma física – no banco de reservas. Quanto a Maicosuel, tudo vai depender de seu desempenho nos treinos táticos da semana.

"É preciso caminhar com tranqüilidade. Ao contrário do quadro que tínhamos no estadual, hoje o grupo está fortalecido e tenho opções", analisou Lori. Sob essa diretriz, é certo que o treinador vai esperar um pouco para escalar Parral. O ala-direito já está integrado aos treinos com o grupo (recuperado de uma artroscopia no joelho esquerdo), mas visivelmente sem ritmo. "Vamos dar tempo ao tempo", avisou o treinador.

Mussamba vê ?largada? contra o Fortaleza

Rafael Mussamba, Beto e Mário César encaram com naturalidade a disputa por vagas na equipe tricolor. Titulares desde que Lori Sandri decidiu avançar Thiago Neves para o ataque, sabem que mudanças poderão ocorrer diante da chegada de novos jogadores. ?Quem sair, vai ficar triste. Mas o importante é que aqui todos estão trabalhando pelo bem do clube, sem vaidades?, comentou Mussamba.

Para Lori, essa questão sobre a presença de três volantes é relativa. ?Eles são meias. Nenhum deles é jogador de ficar plantado na defesa, só desarmando?, disse o treinador. Rafael Mussamba está animado com o futuro do Tricolor na competição. ?Antes, tínhamos dificuldades até para treinar, pois o grupo era pequeno. Quem está chegando vai nos ajudar e muito. Agora, quanto à escalação, isso é com o professor?, resumiu.

Rafael Mussamba revelou que antes de acertar com o Paraná esteve muito perto de se transferir para o Fortaleza, adversário do próximo sábado. ?Pesei bem a questão e as indicações de amigos foram decisivas?. O volante recebeu boas referências de ex-jogadores do Tricolor e que atuaram ao seu lado no Caxias e no Joinville. ?Todos eles – Flávio Guilherme, Flávio Santos, Xandão e Sidnei – me deram ótimas informações e estou muito feliz por ter vindo para cá?.

O volante acredita que a tendência é o Paraná subir de produção de forma significativa a partir das próximas rodadas. ?Hoje, o grupo está melhor ajustado àquilo que o treinador deseja. Agora, é transformar tudo isso em resultados, a partir de uma vitória sobre o Fortaleza?, finalizou Mussamba.

Entrevista

Marcos deixou o Paraná Clube para conquistar Portugal. Aos 28 anos, o ex-camisa 1 tricolor encerrou a terceira temporada no Marítimo da Ilha da Madeira conquistando um dos mais importantes prêmios do futebol local – o de melhor goleiro do Campeonato Português, oferecido pelo tradicional jornal Record. É a segunda distinção recebida por Marcos, que em 2003-04 foi considerado o melhor estrangeiro da SuperLiga (como é conhecida a competição) pela estatal RTP.

Outro feito foi ter sofrido apenas 32 gols na atual temporada – a menor marca da história do clube na Liga, quebrando o recorde dele próprio. Elogiado pela imprensa (?cultiva um estilo pouco exuberante, mas terrivelmente eficaz?, segundo o Jornal da Madeira) e adorado pela torcida, Marcos despertou a atenção do gigante Sporting, que, de acordo com jornais portugueses, cogita sua contratação. Já prevendo o assédio, o Marítimo renovou há alguns meses o contrato do goleiro até 2009.

De férias em Curitiba, após terminar o torneio na sétima colocação, o ?guarda-redes? revelou ao Paraná-Online detalhes da vida e da carreira em terras lusitanas.

Paraná-Online: O que representa em Portugal o prêmio da Record?
Marcos: É mais ou menos como a Bola de Prata da Placar, tem uma ótima repercussão. Em todos os jogos recebemos notas e no final da temporada quem tiver a melhor média em cada posição leva o troféu. Fiquei muito feliz, pois concorri com goleiros de peso como Vítor Baía (Porto), Ricardo (Sporting, titular da seleção portuguesa), Quim (Benfica, reserva da seleção) e Hélton (ex-Vasco, do União Leiria), além de africanos e argentinos. Saí do Paraná para buscar meu espaço na Europa e estou conseguindo.

Paraná-Online: Como foi a temporada para o Marítimo?
Marcos: Um pouco decepcionante, já que nosso objetivo era ficar entre os seis primeiros para irmos à Copa da Uefa. Terminamos em sétimo, um ponto atrás do Boavista (sexto). Na Copa da Uefa, fomos eliminados na primeira fase pelo Glasgow Rangers. O jogo de volta, na Escócia, foi uma loucura, 65 mil torcedores fazendo um barulho ensurdecedor, algo que eu nunca tinha visto. Acabamos perdendo nos pênaltis.

Paraná-Online: Seu bom desempenho na temporada despertou o assédio de clubes maiores, como o Sporting. Você pode mudar de ares?
Marcos: Sempre saem algumas notícias nos jornais, mas até agora não há nada de concreto. No Marítimo, consegui o respeito dos torcedores e me adaptei muito bem.

Paraná-Online: Você mora numa ilha no meio do Oceano Atlântico, isolada do resto do país. Como é a vida na Madeira?
Marcos: A ilha é maravilhosa, tem lugares muito lindos. É verdade que os passeios não variam muito, e é preciso pegar um avião para ir ao Porto ou a Lisboa. Mas a vida é tranqüila, há segurança e o clima é agradável, só um pouco mais frio que Curitiba no inverno. Minha esposa, Keli, também se adaptou bem e nossa filha, Ketlin, de um ano e três meses, nasceu em Portugal.

Paraná-Online: O assédio da torcida deve ser bem diferente.
Marcos: No Brasil, se a equipe começa a perder não dá para sair de casa. Lá o respeito é muito grande. De vez em quando chega um torcedor, mas eles não ficam assediando.

Paraná-Online: Você soube do possível interesse do Marítimo pelo técnico Cuca, do Coritiba, conforme especulou a imprensa portuguesa?
Marcos: Não, eu voltei para o Brasil antes de começarem a procurar o novo técnico.

Paraná-Online: Como anda o peruano Lobatón, ex-Atlético, seu companheiro de clube?
Marcos: Ele chegou na metade da época (temporada), e infelizmente não teve boa adaptação. Fizemos boa amizade, até por termos morado em Curitiba, mas acho que ele não vai ficar.

Paraná-Online: Você ainda acompanha o Paraná Clube?
Marcos: Sempre busco notícias pela internet e pelo canal português que passa um resumo do Brasileirão. Sofro bastante e até fico meio nervoso quando as coisas correm mal. Joguei 14 anos no Paraná e sempre vou levar o clube no meu coração.

Paraná-Online: Então a volta à Vila Capanema está em seus planos?
Marcos: Isso é uma outra questão. Penso em cumprir meus quatro anos de contrato e depois seguir na Europa. Lá temos contratos longos e mais segurança em termos profissionais.

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