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Reino Unido compara Copa da Rússia a Olimpíada de Hitler, em 1936

O governo do Reino Unido deixa claro que considera que a Copa do Mundo na Rússia, em junho, servirá ao presidente Vladimir Putin como um instrumento de propaganda, da mesma forma que Adolf Hitler usou em 1936 os Jogos Olímpicos de Berlim. As declarações foram feitas pelo secretário de Relações Exteriores britânico, Boris Johnson, respondendo em um debate com o parlamentar Ian Austin, que sugeriu que o Mundial seria uma forma de abafar um “regime corrupto”.

Austin, no debate numa das comissões do Parlamento, indicou que “a ideia do presidente Vladimir Putin dar a taça ao capitão do time vencedor me enche de horror” e que o Mundial seria um exercício de relações públicas de um regime “brutal”. “O que vai ocorrer em Moscou na Copa, acho que a comparação com 1936 está certamente correta”, reforçou Johnson.

Três anos antes da Segunda Guerra Mundial, o Comitê Olímpico Internacional (COI) aceitou as condições apresentadas por Hitler para que os Jogos ocorressem em Berlim, ainda que muitos dos atletas judeus não tenham sido autorizados a participar nas equipes alemãs. Mas o líder do movimento nazista usou a ocasião para tentar demonstrar ao mundo o poder de seu país e, num teatro coordenado, desfazer ideias de que se tratava de um regime que caminhava para promover um genocídio. O evento de 1936 é até hoje lamentado nos corredores do COI, que permitiu que Hitler o transformasse em sua Olimpíada.

O chefe da diplomacia britânica indicou, nesta quarta-feira, que precisará manter conversas com o governo russo e com a Fifa sobre a segurança dos torcedores ingleses durante a Copa. Isso depois que a polêmica foi instalada nas relações entre os dois países por conta do envenenamento do ex-espião Sergei Skripal e a subsequente expulsão de 23 diplomatas russos de Londres.

Apesar da comparação de Johnson, ele insiste que discorda do apelo de parte dos parlamentares para que o time da Inglaterra boicote o evento. Sua justificativa é de que isso puniria “torcedores e jogadores”.

Se o time inglês não pensa em faltar ao evento, o governo britânico já deixo claro que não enviará um representante para o jogo de abertura e as festas que Putin promete organizar para a abertura. Nenhum representante da realeza britânica estará em Moscou para o primeiro jogo, no dia 14 de junho.

Parte de um projeto de política externa, a Copa na Rússia será a mais cara da história. O Kremlin já acenou que quer transformar ainda o evento num gesto de força, demonstrando a popularidade de seu líder recém reeleito no mundo. O Estado apurou que convites foram formulados para todos o governos dos 31 times presentes no Mundial, mas também para aliados de todo o mundo.

Os ingleses, porém, não estarão sozinhos no boicote. O governo polonês de Andrzej Duda confirmou que ele não pensa em viajar para Rússia em junho. “O presidente decidiu não participar como representante da Polônia na Copa”, afirmou Varsóvia.

Outro que pode evitar Moscou é o governo da Islândia, sensação da Eliminatória e pela primeira vez num Mundial. Durante a Eurocopa de 2016, ministros islandeses se misturaram aos torcedores nos estádios franceses. Agora, consideram um boicote, ao lado de outros governos como o da Suécia. Estocolmo indicou que, de fato, essa é “uma das ideias que sendo considerada”.

Na Dinamarca, a chancelaria também indicou que a possibilidade de não viajar até Moscou estava sendo considerada, ainda que não houvesse uma decisão final.

Pela Europa, governos têm trocado impressões durante reuniões sobre como poderiam usar a Copa do Mundo de 2018 como uma forma de punir Putin. O problema é que não querem causar eventuais incidentes para os torcedores de seus países que estarão nas cidades russas em junho.

Em Moscou, as indicações de um boicote por parte dos governo foi ironizada por russos. “Só podemos lamentar pelos membros do governo da Islândia, que teriam adorado torcer por seu time”, disse o deputado Mikhail Degtyarev, chefe da comissão de Esportes do Parlamento russo. Alexei Sorokin, CEO da Copa, indicou que a ausência de políticos britânicos em “nada importaria a qualidade do torneio”.

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