No Rali Dacar, o preparo físico dos pilotos é tão importante quanto o combustível nos veículos. O calor intenso e os percursos longos e acidentados da corrida exigem o máximo da concentração dos competidores, que precisam estar bem fisicamente para suportar o desgaste: se o corpo não agüenta o esforço, o risco de acidentes aumenta e podem ser fatais, especialmente entre os concorrentes da categoria motos.
O piloto de caminhão André Azevedo, da equipe Petrobrás/Lubrax, ressalta que não dá para relaxar na preparação física para o Dacar, que será a partir deste sábado.
E, 2008, foi cancelado em cima da hora por falta de segurança diante de ameaça de ataques terroristas no Senegal, e os organizadores decidiram transportar o nome além do Oceano Atlântico.
“Os ombros e o pescoço sofrem por causa das chacoalhadas (no terreno irregular), assim como a região lombar e o abdome”, ressalta André, que começou correndo de motos, há mais de 20 anos.
Ele lembra que algumas das etapas terão percurso de 800 quilômetros em um dia, e a parte aeróbica também não pode ser negligenciada. “Na largada, por exemplo, a média de batimentos cardíacos é de 140 por minuto, com picos de 170.”
Irmão e companheiro de equipe de André, Jean Azevedo conhece a necessidade de uma boa preparação física. Este ano, fará estréia na categoria carros, depois de disputar o Dacar sobre motos por mais de uma década.
“Na moto, você trabalha mais a condição aeróbica e de força do que nos carros. Em compensação, o carro pode ser mais quente e você pode perder mais líquido.” Para a corrida, que começa no dia 3 de janeiro, a preparação mudou. “Diminuí a musculação e aperfeiçoei a preparação aeróbica, correndo e nadando.”
O rali trará dificuldades extras para todos os concorrentes. Uma delas será a altitude de até 4 mil metros. O Dacar prevê a travessia da Cordilheira dos Andes, onde o organismo costuma sentir as conseqüências do ar rarefeito.
Marcelo Vívolo, da equipe Mitsubishi Brasil, teve dificuldades nos Andes. “Fiz um treino físico, sem o carro, e senti um pouco as conseqüências da altitude. Tive dor de cabeça.”
Mas, sem dúvida, um dos adversários mais temidos do Dacar 2009 será o calor. Até 2007, o evento sempre foi disputado em janeiro, inverno no norte da África. A passagem pelo Deserto do Saara era marcada por dias quentes mesclados com noites frias.
O mesmo não deve acontecer agora. Como janeiro é verão na Argentina e no Chile, os competidores atravessarão o Deserto do Atacama durante alguns dos dias mais quentes do ano na região. A temperatura – que dentro dos carros pode chegar a 60ºC -deve cair durante a noite, mas a amplitude térmica não deve ser tão grande.
Segundo André Azevedo, os organizadores do rali sabem que os pilotos perderão muito líquido. “Sob efeito da desidratação um piloto perde rendimento, a concentração não é a mesma e os riscos de acidentes aumentam”, alerta.
Vistoria hoje
A vistoria técnica dos veículos do Rali Dacar será realizada nesta quarta-feira em Buenos Aires, local de partida da prova, na próxima sexta. Os procedimentos serão realizados no “La Rural”, local do centro de operações da competição na capital argentina.
No local, o público poderá conferir a exposição dos veículos e participar de sessões de autógrafos com os pilotos. O brasileiro José Hélio, campeão da categoria motos no Rali dos Sertões, já está na Argentina.
Devido a problemas de segurança na África, o Rali Dacar deste ano será realizado na América do Sul, percorrendo Argentina e Chile. Os 530 competidores, divididos nas categorias carros, motos e caminhões, disputarão 14 etapas em 5.650 km, entre os dias 2 e 17.


