Prisão de Moura pode agilizar o processo do caso ?Bruxos 2?

Não bastassem os processos em diferentes esferas judiciais e a prisão preventiva decretada pela Justiça Federal de Ponta Grossa, Onaireves Moura ainda enfrenta um inquérito administrativo na entidade que preside. Embora o Tribunal de Justiça Desportiva (TJD) negue, a prisão do presidente da Federação Paranaense de Futebol pode agilizar o ?caso Bruxo 2?, do qual o cartola é um dos indiciados.

Moura é um dos quatro citados no relatório final entregue pelo auditor Paulo César Gradella Filho em 25 de novembro do ano passado. O presidente da FPF está incurso nos artigos 222, 237 e 239 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (quadro ao lado). Os demais indiciados são os ex-presidentes da Comissão de Arbitragem da FPF, Fernando Luiz Homann e José Carlos Marcondes e o atual diretor da escola de árbitros da Federação, Nelson Orlando Lehmkhul. A demora em se apontar os denunciados no ?Bruxo 2? gerou especulações sobre o engavetamento do processo, supostamente por incluir o chefão da FPF. Em fevereiro, o presidente do TJD, Bôrtolo Escorsim, e o procurador-geral do órgão, Adão Laslowski, convocaram a imprensa para refutar a hipótese de que tudo acabaria em ?pizza?. Eles afirmaram que no dia seguinte entregariam à PIC uma cópia da gravação de uma conversa entre Homann e o presidente do Sindicato dos Árbitros do Paraná, Amorety Carlos da Cruz, durante a qual são feitas várias denúncias de manipulação de resultados no futebol paranaense.

Ontem, Escorsim disse que em 21 de fevereiro entregou a fita e todo o segundo inquérito que apura a corrupção no futebol paranaense ao procurador-geral de Justiça do Paraná então em exercício, Luiz Eduardo Trigo Roncaglio. O caso deveria ser remetido à Promotoria de Investigação Criminal (PIC), que já recebeu o primeiro inquérito, já julgado pela Justiça desportiva. A reportagem da Tribuna tentou contato direto com a PIC ou através da assessoria de imprensa do Ministério Público do Paraná, mas ninguém se habilitou a comentar o andamento das investigações. O presidente da Procuradoria, Dartagnan Abilhoa, está de licença.

Segundo o presidente do tribunal paranaense, o inquérito só prosseguirá quando a PIC entregar o laudo de perícia da fita. ?A gravação é parte fundamental do processo, já que os indiciados não disseram nada sobre este fato?, falou Escorsim.

De acordo com Escorsim, a prisão de Moura não interferirá no andamento do processo. ?Os negócios do presidente da FPF são distintos à investigação desportiva?, falou Escorsim. É certo, porém, que o fato aumentará o interesse da opinião pública numa solução rápida do caso.

Escorsim disse ainda que os poderes executivo e judiciário não têm autonomia para intervir na FPF, que é uma entidade privada. ?Isso só poderia acontecer por decisão dos associados?, disse o chefe do TJD. Mas os principais clubes do Estado, até agora, não parecem incomodados com os problemas policiais do eterno presidente da FPF.

Juíza responde 6.ª se solta Onaireves

O presidente da Federação Paranaense de Futebol, Onaireves Moura, deve continuar preso em Curitiba enquanto responde a processo na Justiça com relação a crimes de sonegação fiscal, falsidade ideológica e formação de quadrilha. Moura foi preso anteontem pela Polícia Federal, acusado de manter empresas de bingo em Ponta Grossa em nome de laranjas para se beneficiar das explorações sem recolher impostos à Receita Federal.

De acordo com a Polícia Federal, o presidente da FPF não deve ser transferido – ele apenas pode ser deslocado a Ponta Grossa, onde corre o processo na 1.ª Vara Federal, para ser ouvido em audiência, caso seja solicitado. Uma carta precatória (espécie de pedido oficial para que a Justiça local ouça o réu) já foi expedida pela juíza Silvia Brollo, da 1.ª Vara Federal de Ponta Grossa, solicitando à 3.ª Vara Federal Criminal de Curitiba a audiência com Moura. Serão ainda ouvidos na capital três dos seis sócios do presidente da FPF também indiciados na ocasião de sua prisão, em data ainda não marcada. São eles Marcos Antônio da Silva, Renato Assis Rolim de Moura e Jair Leite. Já Elilton Dias Coradassi, Airton José Dias Coradassi e Bento de Oliveira Bueno têm audiência marcada para a semana que vem em Ponta Grossa, cidade onde residem.

No fim da tarde de ontem, o advogado de Onaireves Moura, Vinícius Gasparini, protocolou pedido de revogação de prisão preventiva para o réu na Justiça Federal de Ponta Grossa. O defensor argumentou que a prisão é desnecessária, já que Onaireves Moura tem residência e trabalho fixos e não pretenderia fugir, podendo assim responder ao processo em liberdade. Em seu despacho, a juíza classifica Moura de ?contumaz transgressor de normas que protegem o patrimônio público e os interesses da coletividade?.

Silvia Brollo deve responder ao pedido de reconsideração até sexta-feira. Se este for negado, o advogado pretende ingressar com habeas corpus. Gasparini acredita que o cliente esteja sendo injustiçado. ?Porque os demais indiciados podem responder em liberdade? Talvez a decisão da juíza esteja relacionada aos antecedentes de Moura, mas todos eles foram em decorrência do exercício do cargo (na FPF)?, argumentou o advogado.

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