Preparador físico empolgado com a seleção sub-23

O terceiro lugar conquistado pela seleção brasileira sub-23 no torneio do Catar pode ter ficado aquém das expectativas da maioria dos torcedores, que assistiram ao Egito ser campeão. No entanto, para o preparador físico da equipe, o paranaense Carlinhos Neves, a campanha foi perfeitamente normal para o início do projeto “ouro olímpico”. “Foi o primeiro encontro do grupo e quase não treinamos antes da estréia.”

Em entrevista exclusiva à Tribuna, Carlinhos contou detalhes da competição e dos planos da seleção até o pré-olímpico, que acontece em janeiro de 2004, no Chile. “Estamos dando um passo de cada vez. Antes das Olimpíadas de Atenas temos o pré, que vai ser uma batalha difícil. Afinal, apenas duas seleções sul-americanas irão aos jogos”, alertou.

No entanto, Carlinhos não disfarça a empolgação com o grupo de trabalho que a comissão técnica tem em mãos.”Quando o Ricardo Gomes me chamou para fazer parte do grupo, fiquei muito animado. A nova geração está muito rica e é bom trabalhar com perspectivas de retorno”, diz.

Sobre o torneio disputado no Oriente, Carlinhos chegou a surpreender-se com toda a repercussão negativa no Brasil, especialmente em relação às críticas ao técnico Ricardo Gomes. “Nós viajamos muito próximo da estréia e tivemos pouco tempo para treinar. E esse foi o primeiro encontro do grupo. A maioria dos jogadores nem se conhecia”, afirma Carlinhos, lembrando que ele mesmo só havia trabalhado com cinco atletas da nova seleção – os são-paulinos Júlio Santos, Júlio Baptista e Kaká e Michel e Paulinho, do Galo. Com o técnico Ricardo Gomes, apenas o Fernando já havia trabalhado. “Como primeiro trabalho, sairmos invictos da competição já foi uma conquista.”

Por isso mesmo, Carlinhos acredita que esse torneio serviu para “quebrar o gelo”. “Foi um primeiro contato ótimo. No início, todos estavam um pouco retraídos, mas ao longo do torneio foram se entrosando fora e dentro de campo.” Uma prova disso, segundo o preparador, foi o bom futebol apresentado pela equipe na disputa do terceiro lugar, quando o Brasil chegou a estar perdendo por 2 a 0 e virou o jogo para 4 a 2. “Os atletas provaram que estão entrando em sintonia e assumindo o espírito de equipe. Tenho certeza que para o próximo encontro o futebol vai fluir ainda mais solto.” Vale ressaltar que, nesse torneio, revelações como Diego e Robinho, do Santos, ficaram fora por contusão.

No que se refere à sua especialidade, Carlinhos elogiou a condição física da garotada. “Eles são muito fortes e correram bem.” Mas pretende fazer um trabalho aprofundado de preparação física, com a análise individual de cada atleta. “Quero ter acesso a todo o trabalho físico desenvolvido com nossos atletas em seus respectivos clubes. Criar uma rede de informação para poder desenvolver um planejamento que traga evolução para todo o grupo”, diz.

Quando o assunto é uma futura convocação, Carlinhos prefere passar a bola para o treinador. Mas não deixa de dar suas pistas, em relação ao futebol paranaense. “O Fabinho teve pouco tempo para jogar, mas sabemos de seu potencial. O Adriano do Coritiba é outro jogador que o Ricardo deve observar melhor. E o Dagoberto e o Jean, que disputaram a sub-20, já encheram os olhos”, entrega.

Oposto

Com o fim do torneio do Catar, a única competição pré-programada é a Copa Ouro, que acontece em julho, nos Estados Unidos. Enquanto aguarda o planejamento dos próximos passos da seleção, Carlinhos fica a serviço do Botafogo, que vive uma situação oposta à da seleção. “É uma realidade diferente. Na seleção é o início de tudo. No Botafogo, um recomeço difícil”, diz, referindo-se à queda do alvinegro carioca para a segunda divisão do futebol brasileiro.

No entanto, apesar da dificuldade em reerguer o time, Carlinhos também está empolgado em fazer parte do “novo” Botafogo, comandado por Bebeto de Freitas. “O Bebeto está com ótimos projetos para resgatar o clube e um deles é dar tranquilidade para a comissão técnica (que tem Levir Culpi no comando). Há um planejamento e essa política pés no chão é empolgante. A médio prazo, o projeto do Bebeto tem tudo para dar certo.”

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