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Precavido com instabilidade no cargo de técnico, Aguirre se vira longe da família

Em setembro de 2011, o uruguaio Diego Aguirre se despediu da esposa, Laura, e dos três filhos – Mateo, Josefina e Maria de la Paz, hoje com 11, 18, e 21 anos, respectivamente – para embarcar rumo ao Catar em seu primeiro trabalho mais distante de casa, no Al-Rayyan. Preferiu não tirar a família de Montevidéu, o que ele repetiu ao ser convidado pelo São Paulo, em março deste ano. O contrato acaba agora em dezembro. As partes ainda não acertaram a renovação. Mas, mesmo que fique, o treinador seguirá uma rotina solitária com a qual já se habituou.

“Não moramos juntos, mas somos muito unidos. Minhas filhas estudam no Uruguai, toda a vida delas funciona lá. Quando você vai como treinador a lugares que, às vezes, são difíceis de saber quanto tempo vai ficar… Falo especificamente do Brasil. Eu assino contrato, mas você não sabe se depois de dois meses, vai embora. E trazer toda a sua família, com tudo que isso implica. Tem também a carga emocional que eles sentem por mim, o peso quando o time não ganha. Você está com as preocupações e sua família sofrendo junto. Prefiro como estamos fazendo, à distância, mas sempre em contato. Eles vêm, eu vou”, explicou Aguirre.

As idas ao Uruguai normalmente acontecem quando o time joga em um sábado, por exemplo, e só se reapresenta na segunda à tarde, no CT. É quando o treinador de 53 anos viaja e mata a saudade da esposa, com quem está casado há 25, desde os tempos em que era atacante – seu melhor momento foi pelo Peñarol, onde conquistou a Copa Libertadores de 1987.

A precaução não é à toa. Pelo futebol brasileiro, por exemplo, ele já havia passado outras duas vezes: o Internacional, em 2015, ele dirigiu por apenas 48 jogos. No Atlético-MG, no ano seguinte, a estadia foi ainda mais curta: 31 partidas. O São Paulo, ele comandará pela 42.ª vez, neste domingo, contra o Flamengo.

TRABALHO – Na capital paulista, o tempo é quase todo dedicado ao clube. Costuma chegar duas horas antes dos treinos ao CT e por lá fica mais algum tempo depois, quando, além de ver vídeos e traçar estratégias, aproveita para se exercitar. Encerrado o treinamento, começa a correr em volta dos campos, às vezes acompanhado por membros do seu estafe, como o auxiliar Juan Verzeri e o preparador físico Fernando Piñatares.

Um pouco religioso (reza sempre com os jogadores antes das partidas), mas nada supersticioso (“você começa a ficar preso a coisas, então prefiro não fazer”), Aguirre mora sozinho em um apartamento nos Jardins, bairro nobre da capital paulista. Nas raras horas vagas, gosta de sair para jantar e frequenta uma academia perto de casa “para mudar um pouco o ambiente”.

Relata estar gostando da experiência na terceira capital do Brasil em que trabalha, depois de passar por Porto Alegre e Belo Horizonte: “Vejo São Paulo como uma cidade incrível, tem de tudo. Tem possibilidades culturais, restaurantes, chance de visitar coisas. Tem sido uma experiência muito boa”.

Das referências na profissão, cita Abel Braga, Óscar Tabárez (técnico da seleção uruguaia) e o argentino Diego Simeone, treinador do Atlético de Madrid. A Europa, aliás, é uma meta. Mas, outra vez recorrendo à prudência, evita traçar planos. “No futebol é difícil porque às vezes você fica sem time, não é algo que dê para planejar. Tento viver o hoje”.

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