Ao optar pela Justiça comum para tentar se manter na divisão de elite do Campeonato Brasileiro, após ter sido condenada na segunda-feira pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) e não ter muita esperança de reverter a punição no julgamento do recurso na semana que vem, a Portuguesa corre risco de ser punida pela Fifa e, consequentemente, fazer com que a CBF também seja penalizada. É o que prevê o estatuto da entidade.

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No artigo 68, o documento diz que “recurso aos tribunais ordinários da lei é proibido, a menos que esteja especificamente previsto nos regulamentos da Fifa. O recurso aos tribunais comuns de Direito para todos os tipos de medidas provisórias também é proibido”. No artigo seguinte, o estatuto diz que cabe às confederações “tomar todas as precauções necessárias para garantir que os seus membros, jogadores e oficiais cumpram essas decisões”.

De acordo com o Breno Tanuri, advogado especialista em direito esportivo, tanto Portuguesa como CBF podem sofrer os mesmo tipos de sanções. “A pena começa com uma advertência e depois evolui para multa, rebaixamento e desfiliação. Por motivos óbvios, a CBF só não está sujeita a rebaixamento”, explicou.

Mesmo se a ação foi impetrada pela torcida, e não diretamente pela Lusa, a Fifa pode aplicar uma punição ao clube e à CBF. “Esse tipo de atitude pode ser encarado como um subterfúgio e não elimina o risco de sanção”, avisou Breno Tanuri.

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A possibilidade de ser penalizada pela Fifa justamente no ano em que organizará a Copa do Mundo colocou a CBF sob pressão. No Marrocos, onde acompanha o Mundial de Clubes, o presidente da entidade, José Maria Marin, mostrou descontentamento com a decisão do STJD de tirar quatro pontos da Portuguesa pela escalação irregular do meia Héverton, o que provocou seu rebaixamento no Brasileirão, salvando o Fluminense. “Sempre pensei e continuo pensando que deve prevalecer a decisão de campo. Tudo isso poderia ter sido evitado. Lamento profundamente”, disse o dirigente.

O ministro do Esporte, Aldo Rebelo, também criticou o rebaixamento da Lusa. “O futebol brasileiro tem suas virtudes e é admirado no mundo inteiro pelo talento e a arte e funciona como plataforma de inclusão social. Mas também há fenômenos indesejáveis. Um deles vimos ontem (segunda-feira). Nenhum torcedor deseja que seu clube participe de uma série por conta de tribunal”, afirmou.

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Mas há advogados especialistas em direito esportivo que entendem que nem CBF nem Portuguesa correm riscos se o processo na Justiça comum for aberto depois do dia 27 de dezembro, data do julgamento do recurso no STJD. “Não acredito que a Fifa venha punir a CBF se alguém, após esgotar a Justiça Desportiva, ir à Justiça do Estado. A Fifa só tomaria uma decisão se a Portuguesa não esperar concluir o processo desportivo”, defendeu Heraldo Panhoca.

É com base nesse tipo de argumento que a Portuguesa estuda a estratégia que será adotada para buscar a Justiça comum, já que não tem muita esperança de reverter no Pleno do STJD a punição que sofreu na última segunda-feira. “Para entrar na Justiça comum, que é o que vai acabar acontecendo, precisa correr antes todas as instâncias da Justiça desportiva. Vamos atrás dos nossos direitos. A Portuguesa conquistou o direito de ficar na Série A, o Fluminense não”, disse o presidente do clube, Manuel Da Lupa, em entrevista coletiva na última terça-feira.