Da última quinta para cá (talvez desde o 7×1 para cá) o torcedor brasileiro se pergunta: afinal, o que é que está errado com a seleção? Os problemas do futebol são conhecidos: erros de organização, corrupção em quase todos os níveis, falta de interesse em fortalecer o esporte, política perigosamente misturada. Mas e em campo? É culpa de uma pessoa, é problema de uma geração, tem esquema como acusa o ex-craque e senador Romário? Por que acreditamos cada vez menos na seleção?

continua após a publicidade

Sim, porque seja qual for o motivo que eu, você e qualquer outra pessoa tenha para justificar uma das piores crises técnicas – ou a pior – da história da nossa seleção, o fato é que ninguém acredita mais no time, que hoje entra em campo contra a Venezuela, às 22h, no Castelão, em Fortaleza, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo. E essa é a pior sensação possível, tanto que a empolgação do público cearense (e do Nordeste como um todo) com o grupo de Dunga é bem menor do que o normal. Aliada e arma da seleção em outros momentos, a torcida nordestina não vive a eterna lua de mel com o escrete.

E fica a pergunta

Qual é o problema? Após a derrota para o Chile na quinta passada, as opiniões se dividiram. Aqui mesmo no Paraná Online a recebemos mensagens de torcedores crucificando Dunga, ao mesmo tempo que vieram recados (alguns até grosseiros) dizendo que o problema não está no treinador, e sim nos jogadores. E aqui vamos aproximar a análise, vamos esquecer por um momento todas as trapalhadas que a CBF cometeu e comete. Vamos olhar pro campo.

O diretor

continua após a publicidade

Claro que a estrutura não é de excelência. Gilmar Rinaldi não é um diretor de seleções como se vê em outras federações pelo mundo. Não se sabe ao certo qual é a função dele, tanto que ele aparece de terno em um dia e de agasalho de treino no outro. A adoção do “assistente eventual” parece mais marketing que qualquer coisa. Além de tudo, ele é alvo de profunda desconfiança pela antiga função de empresário de futebol – gerou uma crise séria entre ele, Dunga e Romário, os três campeões do mundo em 1994.

O técnico

continua após a publicidade

O treinador também não é unanimidade. Dunga não tem um repertório tático de fazer inveja. O Brasil hoje joga na tática “TVN”, também conhecida como “te vira, Neymar”. Quando o craque não joga, a seleção sofre. Ele também não teve a esperteza de apostar em uma base nesse início de trabalho – algumas seleções fazem isso. Poderia usar o estilo de jogo do Corinthians, por exemplo. O grande mérito do técnico é ter a “cara da seleção”, que por sinal anda cada vez mais fechada.

O time

E os jogadores? Definitivamente não é uma geração fora de série. Se tem jogadores atuando nos grandes mercados (Neymar, Oscar, Willian, Fernandinho, Douglas Costa), não tem protagonistas à exceção do atacante do Barcelona – clube onde é, na verdade, o escudeiro de Messi. Ainda são jovens, e por isso receberam o “auxílio” nessa última convocação de atletas mais experientes. Falta perfil vencedor a esse time.

Concluindo

Quer dizer que no final das contas o problema não é apenas um. Mas se fosse ser resumido, teria que sair do campo e cair na sede da CBF. É lá que os cartolas esquecem que o mais importante é o jogo, e não os negócios (quando não são negociatas). Sem preocupação com o esporte, o torcedor só faz perder dia após dia a crença naquele futebol brasi,leiro que encantou o mundo.