Um relatório de 72 páginas da Policia Federal, produzido ao longo dos últimos 12 meses com investigações e escutas telefônicas autorizadas pela Justiça, revela com rigor de detalhes o submundo da parceria Corinthians/MSI. Nele, há diálogos estarrecedores de seus principais personagens, como o presidente corintiano Alberto Dualib, Kia Joorabchian, homem forte da MSI no Brasil, o líder da oposição no clube, Andrés Sanchez, e até de gente do governo tentando facilitar a entrada no Brasil do condenado magnata russo Boris Berezovski.
A Polícia Federal batizou o trabalho de ?Operação Perestroika?. Os jornalistas Bob Fernandes, de Terra Magazine, e Juca Kfouri, colunista da Folha de S. Paulo, foram os primeiros a ter acesso ao documento.
Também não escapou dos grampos da PF acertos de jogadores, como do meia Ricardinho, hoje no Besiktas, da Turquia, com Kia de quantias pagas em contas fora do País, uma conduta de evasão de riquezas e sonegação fiscal. Da Turquia, ontem, o meia negou tudo ao Jornal da Tarde: ?Mais uma vez gostaria de esclarecer que não recebi nenhum centavo da minha negociação com o Corinthians em bancos fora do País.
A PF relatou ainda que a MSI esteve à frente da contratação do técnico Emerson Leão, fato sempre negado por seus dirigentes, e que pagaria somente R$ 400 mil de salário mensal a ele. A escuta foi gravada dia 14 de agosto de 2006, às 12h16, da então noiva de Kia, a advogada Tatiana Alonso, com quem ele se casou na sexta-feira. Dualib e Paulo Angioni, da MSI, dizem a Tatiana minutos depois que o clube se comprometeria a bancar os outros R$ 100 mil, totalizando R$ 500 mil que Leão queria ganhar no Parque.
As escutas da PF também revelam crise conjugal, com veladas ameaças, entre o meia Carlos Alberto, hoje no Werder Bremen, da Alemanha, e sua ex-mulher, Gisele. Ela deixa mensagem no celular do jogador no dia 5 de setembro, às 11h10, dizendo que ?vai abrir a boca sobre o depósito do salário que é feito metade aqui (no Brasil) e metade na Suíça?. Gisele diz ter como comprovar todos esses depósitos.
Em Londres, Renato Duprat, sem cargo na parceria e no clube, mas de confiança de Dualib, convence o presidente corintiano de que falta pouco para o governo legalizar a entrada no País de Berezovski – e com ele os US$ 2 bilhões (R$ 3,8 bilhões) que prometeu investir no Corinthians e no Brasil de Lula.
As informações são do Jornal da Tarde


