Mais uma mancha

PM de SC atuava fora do estádio na hora da briga

O futebol paranaense voltou a escrever um capítulo negro na história do futebol brasileiro. A exemplo do que aconteceu na última rodada do Campeonato Brasileiro de 2009, quando o Coritiba foi rebaixado para a Segunda Divisão e diversos incidentes foram registrados no Couto Pereira, ontem à tarde, na Arena Joinville, torcedores de Atlético e Vasco entraram em confronto e, por mais de uma hora, a violência nas arquibancadas extrapolou a importância da partida, que estava valendo uma vaga na Libertadores para o Furacão, e a fuga do rebaixamento para o time carioca. No final, sobraram cenas de pânico e de medo, diversas pessoas feridas e quatro torcedores levados em estado grave para os hospitais de Joinville, mas não correm risco de morrer.

Quando Atlético e Vasco já tinham jogado 16 minutos, torcedores do time carioca furaram a barreira que separava as duas torcidas e iniciaram um confronto. Porém, a torcida vascaína estava em menor número e a reação dos atleticanos foi imediata. Boa parte da facção organizada do Furacão partiu para o local, iniciando um confronto que parecia não ter fim. ‘A gente falava para parar, mas eles não pararam. Não tinha segurança. Foi complicado’, disse o meio-campo Everton, que viu espantado os feridos deixarem a Arena Joinville em ambulâncias e até em um helicóptero.

Reincidente, o Atlético deverá ser denunciado pelo STJD nos próximos dias e dificilmente escapará de uma severa punição. ‘Pode haver perda de mandos e multa. O Atlético já estava jogando cumprindo perda de mando. Ainda é prematuro, mas a pena máxima é de perda de dez mandos de jogo. Precisamos de medidas mais eficazes. Não é possível conviver com esse nível de violência num país que tem o futebol como símbolo’, disse o procurador do STJD, Paulo Schimit, em entrevista à Rádio 98.

Pouca segurança

Mesmo com a importância da partida, dentro da Arena Joinville, somente profissionais particulares do Atlético estavam trabalhando na segurança da partida. A Polícia Militar de Santa Catarina, até o momento da confusão, estava atuando somente fora do estádio. De acordo com o comandante da PM-SC, Adilson Moreira, os policiais não estavam autorizados a trabalhar nas dependências do palco do jogo por causa de uma decisão com o Ministério Público de Santa Catarina. ‘O evento é privado e foi feito por empresa privada, contratada pelo Atlético. É uma decisão da Polícia Militar com o Ministério Público. Fizemos o nosso trabalho apenas na área externa’, ressaltou Moreira.

Ontem à noite, o MP-SC informou em nota que não fez nenhuma recomendação para que a Polícia Militar não atuasse dentro da Arena Joinville, diferentemente do que foi informado pelos policiais presentes no estádio. Quando os ânimos se acalmaram e diversas viaturas de locais próximos a Joinville foram chamados, cerca de 160 policiais militares passaram a trabalhar na segurança do local para que o jogo pudesse acabar. Ao todo, o Atlético contou com aproximadamente 100 seguranças particulares para trabalhar no interior do estádio.

A facção organizada Os Fanáticos, durante a semana, já havia avisado de um possível confronto com torcedores do Vasco. Antes de a bola rolar, fora do estádio, houve o primeiro confronto entre as duas torcidas. ‘Devido ao alto risco de confrontos na estrada, em consequência do grande número de torcedores de clubes rivais que estarão se deslocando para os jogos da última rodada, não serão vendidas passagens para mulheres e menores’, disse a nota no site da organizada.

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