Pelo terceira dia seguido, o tribunal que julga Oscar Pistorius, acusado de premeditar o assassinato de sua namorada, a modelo Reeva Steenkamp, morta a tiros na madrugada do último dia 14, adiou nesta quinta-feira o julgamento do pedido de fiança da defesa do astro paralímpico, que desta forma seguirá preso na delegacia em que está sob custódia em Pretória, na África do Sul.

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Reeva Steenkamp foi assassinada com quatro tiros no banheiro da suíte do casal, na casa do atleta sul-africano, que alega ter feito os disparados de forma acidental na namorada por ter supostamente achado que se tratava de um invasor que teria entrado em sua residência.

A defesa de Pistorius, porém, conseguiu nesta quinta-feira o que pôde ser considerado uma vitória sobre a promotoria. A chefe da polícia sul-africana nomeou um novo investigador chefe para o caso, depois da revelação feita nesta quinta-feira de que o primeiro detetive, Hilton Botha, está enfrentando uma acusação de tentativa de homicídio, em incidente ocorrido em outubro de 2011. Ele tem a sua presença em um tribunal agendada para maio, em razão de sete acusações de tentativa de homicídio no ocorrido, quando o investigador e outros dois policiais dispararam contra um ônibus de pequeno porte que tentavam deter naquele episódio.

Riah Phiyega, chefe da polícia sul-africana, disse que o tenente Vinesh Moonoo se tornou o novo encarregado de chefiar as investigações do caso. Ela destacou que o caso de Pistorius deve “receber a atenção de todo o país” e que o escolhido para a missão “montará uma equipe de talentosos e experimentados detetives”. E ainda destacou que Moonoo é o “melhor detetive” da África do Sul.

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Antes de ser oficialmente substituído nesta quinta-feira, Botha havia se manifestado contra o pedido de liberdade de Pistorius, em audiência na última quarta, quando disse que o atleta solto representaria um “risco à sociedade” e alegou que o mesmo poderia tentar fugir da África do Sul se fosse colocado em liberdade.

O investigador também teve a sua competência colocada em xeque depois de a Promotoria do Ministério Público da África do Sul ter afirmado, também na última quarta, que houve um erro testemunhal de Botha quando o policial informou que foram encontradas caixas com testosterona no quarto do atleta. Medupe Simasiku, porta-voz do órgão nacional, disse que é muito cedo para identificar a substância achada no local como testosterona até que a mesma seja submetida a testes de laboratório que comprovem, de fato, qual ela é.

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O advogado de Pistorius, Barry Roux, disse na audiência de quarta-feira que o conteúdo das caixas “não é um esteroide e nem uma substância proibida”, depois de a revelação da polícia ter levantado a possibilidade de o atleta biamputado ter feito uso de doping para melhorar o seu rendimento esportivo.

Botha ainda foi acusado por Roux de “contaminar a cena do crime” ao caminhar com sapatos sem proteção sobre o chão da casa de Pistorius. E o próprio investigador admitiu que deveria ter tomado este cuidado. E esta série de deslizes, somada principalmente ao fato de que o policial enfrenta acusações de homicídio, acabaram resultando em sua substituição no caso envolvendo o astro paralímpico.

Pistorius, que enfrentará nesta sexta-feira o quarto dia seguido de audiência no tribunal de Pretória, é considerado um ícone do esporte e fez história ao se tornar o primeiro biamputado a disputar uma edição da Olimpíada, no ano passado. Correndo com protestes nas duas pernas, ele representou o seu país nas provas dos 400 metros e do revezamento 4×400 metros dos Jogos de Londres. E, em três participações em Jogos Paralímpicos, conquistou oito medalhas, sendo seis delas de ouro.