Pior campanha de todas. E outra derrota no Ceará

Apesar da insistência, nada deu certo. Em três jogos, três derrotas. A última ontem, no Estádio Castelão, em Fortaleza, contra o Goiás. O placar de 3 a 2 confirmou a má fase do Atlético, única equipe da Copa dos Campeões que não conseguiu pontuar. Mas a esperança de conseguir uma vaga nas quartas-de-final ainda existia.

Com a vitória do Flamengo sobre o São Caetano por 1 a 0, a chance de permanecer no Nordeste aumentou para os atleticanos. Precisando de uma vitória por dois de diferença, o rubro-negro partiu para cima. Para o alviverde goiano, um empate já bastava para garantir a vaga. A primeira chance atleticana surgiu com Luizinho Neto cobrando falta, aos 10 minutos. Mas o Goiás também se arriscava. Flávio teve trabalho aos 13. Araújo recebeu a bola, tirou dos zagueiros e chutou, para a defesa do goleiro. Logo depois Flávio salvou novamente o Atlético. Só aos 25, o Atlético criou mais uma oportunidade de gol. Depois de uma boa jogada de Fabiano, Kléber chutou para fora, desperdiçando o ataque.

Aproveitando a desatenção dos atleticanos, o Goiás conseguiu o que queria aos 31 minutos. Após um lançamento, Araújo dominou e bateu de perna esquerda, na saída de Flávio. Com o gol sofrido, a situação do Atlético se complicou. Agora, o rubro-negro precisava marcar três gols para conseguir a vaga.

O segundo tempo começou com o Goiás pressionando. Milton do Ó de frente para a meta atleticana, chutou para fora. E, para piorar a situação, o alviverde ampliou aos 11. O zagueiro Rogério Correia tentou cortar um cruzamento, mas acabou cabeceando para dentro do gol. Aos 18, a pressão atleticana começou na base do desespero. Valeu a pena: Kléber foi derrubado por Milton do Ó. Contudo, na cobrança, Alex Mineiro errou, mandando por cima do travessão. Com o gol perdido, o Atlético praticamente confirmou a sua saída da competição. E isso ficou confirmado aos 23. O zagueiro Fábio aproveitou a cobrança de escanteio, para marcar o terceiro, cabeceando. O Atlético conseguiu diminuir a vantagem, com dois gols. Kléber marcou aos 31, depois de um escanteio cobrado por Luizinho Neto. No segundo, Kléber novamente marcou, chutando sem chance de defesa para o goleiro, finalizando a partida, e a participação do time na Copa dos Campeões.

Atlético:

Flávio; Sílvio Criciúma, Gustavo, Rogério Correia (Donizete Amorim), Luizinho Neto; Cocito, Rodrigo, Dagoberto e Fabiano; Alex Mineiro (Fabrício) e Kléber. Técnico: Riva de Carli. Goiás: Harley; Neném, Fábio, Milton do Ó; Marquinhos, Josué, Marabá e Danilo (Finazzi); Zé Carlos (Luciano), Evair (Luiz Fernando) e Araújo. Técnico: Edinho. Arbitragem: Edílson Pereira de Carvalho.

Um novo Atlético no segundo semestre

Cristian Toledo

Fortaleza, Ceará – Não adianta esconder. Com o passar dos dias, vai chegando a hora do Atlético começar a se planejar para o campeonato brasileiro, que começa no dia 11 de agosto. Mesmo sem ter encerrado a sua passagem pela Copa dos Campeões, a diretoria rubro-negra se viu forçada a negociar alguns contratos que estão prestes a expirar – além de receber propostas sobre jogadores que fazem parte do atual elenco. É o ônus de ser campeão no futebol brasileiro -as obrigações aparecem no decorrer de uma competição.

O caso do meia Adriano é o que parece mais próximo de um desfecho – que, por sinal, é ruim para o Atlético. Apesar do interesse dos dirigentes, o Olympique Marseille já enviou as passagens para o jogador seguir para a França, onde deve ficar durante a próxima temporada européia. Além disso, o Santos demonstrou interesse na contratação do meio-campista, inclusive disposto a bancar um alto salário para tê-lo na Vila Belmiro. Apesar da vontade de Adriano em ficar, a Baixada está cada vez mais longe dele.

Kléberson é outro que dificilmente emplacará o Brasileiro com a camisa atleticana. O assédio dos clubes italianos é forte, apesar das negativas da diretoria. “Só sabemos das notícias dos jornais da Itália”, desconversa o coordenador de futebol Antonio Carlos Gomes. Internazionale e Parma se engalfinham pela contratação do atleticano, mas a Lazio sai na frente nesta disputa. Segundo fontes ligadas à direção rubro-negra, a proposta oficial de U$ 20 milhões já estaria na mesa do presidente Mário Celso Petraglia.

Kléber é outro que pode dizer adeus ao clube antes mesmo do que se imaginava. Nesta semana vazou o interesse do Lille, da França, pelo atacante do Atlético. Ao seu melhor estilo, ele tentou negar e acabou confirmando. “Eu não sei de nada, mas meu procurador já está negociando com os franceses e com o Petraglia”, entrega. Os dirigentes do clube francês eram esperados ontem em Fortaleza para assistir à partida entre Atlético e Goiás – repetindo o que fizeram nas finais do supercampeonato paranaense, quando Kléber marcou cinco gols em dois jogos e encantou os emissários.

Além do trio, o Atlético terá que (mais cedo ou mais tarde) iniciar negociações com três jogadores que têm contratos terminando no final do mês. O goleiro Adriano Basso, o zagueiro Gustavo e o volante Cocito já estão cientes de que precisam conversar, mas preferiram não tratar do assunto durante esta semana. Mas como o tempo está passando, nesta semana eles deverão ser procurados para o primeiro contato. A diretoria acredita que a permanência de Basso não deverá ser problemática, mas tem consciência de que Cocito e Gustavo são jogadores de visibilidade, e que podem criar dificuldades para a renovação.

A banda passou, com as coisas de amor

Fortaleza – Tem coisas que só acontecem no Brasil, mais precisamente no Nordeste. Por isso, aqueles que estavam à toa na vida, passeando pela avenida Beira-Mar, tenham se surpreendido com aquele som que vinha chegando, chegando e de repente explodia nos ouvidos. Era uma alegre charanga, comandada por um grupo de palhaços. Naquele início de noite de quinta, muita gente foi ver a banda passar, cantando coisas de amor.

A história é exemplar para aqueles que, como Darcy Ribeiro e Sérgio Buarque de Holanda, acreditam na teoria do homem ?cordial?, tendo o brasileiro como expressão maior. Ninguém ficou indiferente à banda, que passava tocando alegres frevos de Capiba. Mesmo aqueles que jantavam no imponente Clube Náutico dispensaram por alguns instantes seus pratos para olhar, maravilhados, os que faziam Fortaleza se encher de música. Até a moça triste, que vivia calada, sorriu.

De outro lado, o velho fraco se esqueceu do cansaço e lembrou que era moço pra sair no terraço e dançou, assim como outros jovens, que passaram a acompanhar animadamente a charanga – que fazia a promoção do Encontro Estadual de Palhaços, que chega em 2002 à sua décima-primeira edição.

Mas faltava alguma coisa. Para transformar aquela passagem em algo simbiótico da união entre música, cultura popular e povo, a charanga atacou os acordes de “A Banda”, de Chico Buarque – que permeia esse texto. Por onde passavam, os músicos e os palhaços eram aplaudidos pelos turistas, que cantarolavam junto a canção, que venceu o Festival da TV Record em 1966 (defendida pelo autor e por Nara Leão). Mas para o desencanto geral, o que era doce passou. Tudo voltou ao seu lugar depois que a banda passou. Cada qual no seu canto, e em cada canto uma dor.

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