Pilotos da F1 reclamam da pista de Cingapura

Pilotos de F1 estão habituados a dormir, em fins de semana de corrida, por volta das 22h. Ontem, perto da meia-noite, estavam ainda de macacão conversando com seus engenheiros, em reuniões que invadiriam a madrugada.

O horário de balada do GP de Cingapura é a maior novidade para todos eles. A categoria entrou na era das provas noturnas sem grandes sustos, mas com algumas reclamações, depois do primeiro dia de treinos para a 15.ª etapa do mundial.

A maior delas, em relação ao asfalto do circuito de Marina Bay, uma pista urbana de 5.067 m com 23 curvas e de baixa média de velocidade – o melhor tempo do dia, de Lewis Hamilton (1min45s518), foi obtido a 172,872 km/h, pouco mais do que se consegue em Mônaco. “Tem muitas ondulações, e chega a te a machucar. Bati meus joelhos no cockpit várias vezes”, queixou-se Adrian Sutil, da Force India.

São aquelas ondulações que não são sentidas quando o carro é uma Mercedes ou uma BMW de rua, figurinhas fáceis no centro financeiro de Cingapura, um tigre asiático que, como alguns de seus vizinhos, vive fase longeva de prosperidade graças a uma indústria forte de tecnologia, um dos maiores portos do mundo e um capitalismo agressivo baseado em atividades internacionais do mercado de capitais.

Mas, com um carro de F1, a quase 300 km/h, qualquer irregularidade no piso é sentida. “É até perigoso, porque a gente pode perder o controle de repente”, falou Fernando Alonso, da Renault, o mais rápido no segundo treino, que terminou por volta das 23h locais. O espanhol também reclamou da iluminação. “Quando andei a pé, achei o máximo. Mas, num carro de corrida, notei que há alguns pontos bem escuros”.

A entrada dos boxes e a curva 10, uma minúscula chicane que foi “batizada” por Mark Webber, da Red Bull, também receberam críticas dos pilotos. “Tem muita coisa que precisa ser mudada, mas não vai dar até domingo”, lamentou Jarno Trulli, da Toyota.

Hamilton, líder do campeonato, achou o traçado desgastante fisicamente. “Uma volta aqui equivale a duas em Mônaco”, disse. “É bem diferente de Valência”, acrescentou David Coulthard, da Red Bull, comparando o circuito com a pista espanhola que também estreou neste ano.

 “Lá o asfalto é liso e regular. Aqui, parece que estamos correndo nos paralelepípedos das ruas de Paris”, exagerou. Hoje será definido o grid de largada para a prova, a partir das 22h locais, 11h de Brasília. “Aqui ninguém vai conseguir passar ninguém, por isso é melhor conseguir uma posição boa”, previu Kimi Raikkonen, da Ferrari.