Perigo está na cara

O clima quente da partida entre Paraná Clube e Internacional, na quarta-feira à noite, no Pinheirão, foi quebrado por uma ação que vem se tornando comum no futebol. O árbitro Paulo César de Oliveira interrompeu o primeiro tempo em duas oportunidades pelo mesmo motivo: pedir aos jogadores João Paulo e Marcelo, do Tricolor, e Rogério Gaúcho, do Inter, que tirassem os brincos das orelhas. O primeiro a ser alertado foi João, que deixou a jóia no banco de reservas. Marcelo optou por “guardá-la” no meião. Em recente partida entre Flamengo e Inter, em Volta Redonda, o árbitro Fabrício Neves Corrêa teve de fazer o mesmo.

E não é apenas no Brasileirão que o fato vem se tornando habitual. Na Europa, durante a Eurocopa, o árbitro sueco Urs Meyer pediu a um jogador da República Checa que retirasse uma correntinha durante a partida contra a Grécia, a fim de evitar um possível puxão que ferisse a garganta do atleta.

Apesar do rigor dos árbitros só estar acontecendo agora, a determinação de impedir o uso de “penduricalhos” durante os jogos vem de longa data. Em 1970, pouco antes da Copa do México, a Fifa emitiu uma circular reforçando a Regra 4 da International Board, que diz respeito ao uso de brincos, anéis, pulseiras ou correntes pelos atletas. No entendimento das entidades, os penduricalhos podem machucar os jogadores, uma vez que no futebol o contato físico é uma constante.

Mais perigo

Além desses casos, os jogadores podem se machucar sozinhos. Quem não se recorda do zagueiro Ronaldo, do Atlético Mineiro, que em meados dos anos 90s quase perdeu o dedo durante um jogo, ao prender a aliança de noivado na trave? Em outra ocasião, na Arena da Baixada, o atacante Kléber não teve danos corporais ao utilizar uma correntinha no pescoço, mas perdeu um gol incrível quando deixou de visar a bola para se abaixar em busca da sua corrente de ouro, que havia se soltado de seu pescoço.

Alguns atletas até estão utilizando esparadrapo para cobrir brincos e anéis. Mas isso não ameniza o não-cumprimento da regra. “O uso de esparadrapo só disfarça o problema. É dever da arbitragem fazer a regra ser cumprida, mas infelizmente poucos cumprem esse papel”, diz o comentarista de arbitragens da Tribuna, Valdir de Córdova Bicudo. Ele afirma que é dever dos assistentes e do 4.º árbitro, nos vestiários, checar se os atletas estão utilizando algum penduricalho e obrigá-los a tirar. “Eles não devem só conferir as chuteiras e calções térmicos. Mas, talvez, por comodismo, não se prendem a esse detalhe tão importante.”

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