Peixe paga por produtividade

O Santos está inovando outra vez para driblar a crise financeira e não perder importantes titulares, como Fábio Costa, Maurinho e Léo, para a temporada de 2003. Depois de ter desmanchado o time do primeiro semestre para reduzir em dois terços a folha do futebol, montado uma equipe basicamente de garotos formados na Vila Belmiro e se tornado campeão nacional, além de modelo de renovação, o clube agora substitui os reajustes salariais por premiações especiais, de acordo com objetivos alcançados nas competições.

Essa nova relação trabalhista aumenta o interesse de todos envolvidos no sucesso da equipe e pode se transformar não apenas num exemplo criativo a ser seguido mas apontar para a solução para a eterna falta de dinheiro nos grandes clubes. O pontapé inicial foi dado por Leão, ao renovar por um ano, aceitando salário mensal igual ao do contrato que termina no dia 31, apostando na capacidade do time para se dar bem no Campeonato Paulista, Copa Libertadores da América, Copa do Brasil e Campeonato Brasileiro para ter a retribuição dos sete meses de trabalho vitorioso.

E se a aposta for vencedora, o técnico vai receber a recompensa financeira pela valorização profissional por ter ganho o Brasileiro, revelado Robinho, Diego e Alex e recuperado jogadores que estavam encostados na Vila Belmiro. No dia seguinte ao acerto com Leão, surgiu o primeiro sintoma de que esse tipo de contrato de risco pode ser produtivo.

O técnico, que havia prometido entrar em férias, resolveu começar a conversar com Léo, que estava disposto a aceitar uma proposta que recebeu da Turquia, para que ele aceitasse investir no grupo para obter a recompensa que reclama, em forma de prêmios por resultados obtidos. Logo em seguida, Leão telefonou para os dirigentes para informar que Léo gostou da idéia e entre se aventurar no exterior e permanecer onde está, com perspectivas de ganhos adicionais, está propenso a permanecer na Vila Belmiro.

“Esse sistema é interessante porque um jogador passa a cobrar o outro, não permitindo deslizes profissionais, e todos acabam ganhando, inclusive o clube, que pode obter melhores cotas de televisão e contratos publicitários mais vantajosos”, analisa o diretor de futebol Francisco Lopes.

No dia seguinte à conquista do brasileiro, a tendência era de saída da maioria dos titulares em razão das dificuldades financeiras para dar aumento aos jogadores valorizados. Agora, o gerente de futebol, Ilton José da Costa, acredita que vai renovar até os contratos mais complicados. “Quando começar a pré-temporada, dia 10, em Jarinu, acredito que 85% dos problemas já estarão resolvidos.” Com a adoção da premiação por produtividade pelo Santos, Leão também não terá tantas dificuldades para encontrar no mercado os jogadores certos, baratos e que aceitem as condições salariais do clube para completar o grupo para 2003. Além de um substituto para Alberto, que deve mesmo ir para a Rússia, o técnico procura mais um atacante – pode ser o experiente Evair, um lateral-esquerdo para a reserva de Léo, um volante experiente e um meia-armador.

Com a saída quase certa de Robert (ganha R$ 125 mil mensais), haverá uma redução na folha, o que permitirá pequenos ajustes para alguns jogadores que estão com salários muito abaixo ao da maioria. Além da renovação da maioria dos contratos e de alguns reforços que devem ser adquiridos, Leão vai acompanhar, a pedido da diretoria, os jogos da chave do Santos, em Leme, da Copa São Paulo de Futebol Júnior, com objetivo de descobrir novas promessas na equipe dirigida por Sérgio Faria e também nos times adversários.

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