Parreira compara jogo com duelo Jacaré x Urso

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Técnico orienta Kaká no último treino brasileiro. O treinador quer atenção total no jogo de hoje.

Munique (AE) – O técnico Carlos Alberto Parreira utilizou uma metáfora para explicar como ele acredita que será a partida Brasil x Austrália, hoje, em Munique, na Alemanha. Será um duelo como o da história entre um jacaré e um urso.

"Quem ganha a luta entre os dois? Isso depende de onde for a luta. Se for na água, é claro que será o jacaré. Se for na terra, será o urso. Para nós é a mesma coisa, vai ganhar o jogo quem conseguir se impor. Os dois times (Brasil e Austrália) têm estilo de jogo diferentes."

Para conseguir superar o adversário, Parreira acredita que os jogadores terão que jogar "cada vez mais como o futebol brasileiro". "Tem que ter iniciativa, paciência e velocidade, buscando escapar da marcação adversária, fugindo do contato físico."

A vitória hoje, no Allianz Arena é considerada fundamental para o técnico brasileiro. "É importante garantir a classificação, para isso precisamos vencer. Temos que jogar melhor do que a outra vez". E reforçou que o atacante Ronaldo segue no time pela sua história. "Minha insistência pelo Ronaldo é pelo que ele representa para o Brasil e o Mundo, é um jogador que tem passado.?

Argentina não é surpresa

Neste sábado o técnico comentou o desempenho da Argentina, que na sexta goleou por 6 a 0 a Sérvia e Montenegro. Para ele, está tudo dentro do previsto. "Não foi surpresa, já esperava isso (da Argentina). Teve um jogo de alta qualidade e se impôs. E fez gols belíssimos, sendo que o segundo foi o mais bonito da Copa (o da tabelinha) e não acredito que tenha outro que vá superá-lo."

Sobre a força do adversário e se o arquirrival pode ter problemas no futuro na Copa do Mundo, Parreira fica no muro. "A Argentina chegou quietinha e agora as atenções estão voltadas para ela, talvez sintam a pressão."

Cafu parte para mais um recorde na seleção brasileira

Antero Greco, Eduardo Maluf e Jamil Chade

Munique (AE) – No jogo de hoje, contra a Austrália, Cafu estará batendo mais um recorde.

Ele igualará a marca de Taffarel e de Dunga como o jogador brasileiro que mais participou de jogos em mundiais. A partida em Munique será a 18.ª do capitão, que alerta: essa deve ser sua última Copa do Mundo. "Vocês não terão de me agüentar mais?", disse. O alemão Lotthar Matthaus tem a maior marca mundial, com 25 presenças nas Copas de 1982, 86, 90, 94 e 98.

Com 36 anos, Cafu participa de seu quarto mundial e, se vencer, pode ser o primeiro jogador a levantar a taça por duas vezes seguidas. Capitão, sorridente e experiente, o lateral garante que tem seu próprio modelo para mostrar liderança e que não repetiria o comportamento do ex-capitão Dunga de gritar em campo e gesticular.

"Não preciso abrir os braços, xingar companheiros e mostrar para todo o mundo que o jogador de minha equipe errou. Cada um tem seu jeito de passar energia, mas eu prefiro que seja de uma forma que não seja esta. Quando alguém erra, já ficamos todos em uma situação desconfortável. Não há necessidade de ter alguém ainda mostrando às TVs de todo mundo os erros", disse o capitão. Questionado se estava criticando a forma de liderança de Dunga, Cafu nega. "Esse era o estilo dele. Mas eu não sou assim, o modelo que uso funcionou até agora e não vou mudar", afirmou.

Na recente crise envolvendo Ronaldo e seu fraco desempenho no primeiro jogo do mundial, contra a Croácia, Cafu mostrou sua liderança fora de campo ao chamar Ronaldo para uma conversa após a partida. "Estou sempre à disposição. Disse a todos no elenco que estou disposto a conversar a qualquer horário", revelou Cafu que admitiu que, com o tempo, já consegue perceber quem está com problema. "Eu sempre digo aos meninos (jogadores) que não se preocupem com as críticas e que dêem a resposta em campo. Mais criticado que eu ninguém foi. Primeiro diziam que eu não sabia marcar, depois que não sabia cruzar, que não sabia passar e hoje estou velho", disse.

Para Cafu, a relação entre os jogadores na seleção é uma de "amigo e de irmão". "Parece que estou em um ambiente de clube aqui. Promovemos muitas brincadeiras entre nós", explicou.

Para o jogo contra a Austrália, Cafu tem um objetivo: conquistar uma vitória convincente e que dê nova energia ao Brasil na Copa. Mas ele alerta que o adversário pode complicar, especialmente porque conta com jogadas aéreas e tem jogadores são rápidos e fortes. "Poderemos nos posicionar no campo de uma maneira diferente", revelou.

Mas seus objetivos são também de longo prazo. "Ser lateral não é fácil. Quero depois jogar na zaga", concluiu, sem saber quando irá parar de jogar e quebrar recordes.

Descontração marca o treino da seleção em Munique

Munique (AE) – Ontem a seleção fez o treino de reconhecimento do gramado do Estádio Allianz-Arena, em Munique, palco da partida desta tarde, contra a Austrália. O treinamento foi marcado por muita descontração por parte dos jogadores, que demonstram estar com o astral elevado, mesmo após a discutida atuação contra a Croácia, na estréia do Brasil na Copa do Mundo.

Antes da bola rolar, os atletas ficaram um tempo admirando as modernas instalações do novo estádio de Munique, que chamou atenção pela beleza e tecnologia envolvida no aparato do local.

Já em campo os jogadores fizeram um leve aquecimento seguido de um rachão utilizando só metade da extensão do gramado. As brincadeiras foram constantes no treino (que durou uma hora), com alguns atletas jogando em posições diferentes, com o goleiro Dida na linha e o atacante Fred na zaga, por exemplo.

Após o bate-bola, alguns atletas treinaram finalizações ao gol: Roberto Carlos, Adriano, Juninho Pernambucano, Kaká, Ronaldinho, Ricardinho, Zé Roberto e Cicinho. Ronaldinho e Kaká ainda treinaram cobranças de pênalti. Ambos tiveram bom aproveitamento. (AC)

Zé Roberto nunca perdeu na Allianz Arena

Wander Roberto/ CBF News
Zé Roberto ainda não sabe onde vai jogar.

Munique (AE) – Parreira revelou seu lado supersticioso, místico, na semana passada. Se quiser colocá-lo em prática, tem motivos de sobra para acreditar em bom resultado contra a Austrália, hoje, em Munique. Um de seus jogadores, Zé Roberto, já atuou 19 vezes no Allianz Arena, palco do confronto desta tarde, e não perdeu nenhuma. Foram 16 vitórias e três empates. O histórico positivo do volante não é apenas sinal de coincidência ou sorte. Em todas as partidas, defendeu o forte time do Bayern de Munique, o qual deixou no fim da temporada após quatro anos de sucesso. Hoje, o cenário é parecido. Vai usar a camisa da forte equipe brasileira, favorita diante dos australianos.

Zé Roberto, de 31 anos, jogará em casa e tem tudo para manter o excelente retrospecto. Principalmente se repetir o nível da estréia. Correu bastante, marcou com eficiência e destacou-se na vitória sobre a Croácia por 1 a 0, em Berlim. Mereceu elogios da comissão técnica, da imprensa e do público. "Dá mais tranqüilidade jogar no país onde você vive e no estádio em que nunca perdeu", afirmou o atleta, confiante em grande presença de torcedores brasileiros.

O atleta já tem local para festejar em caso de vitória do Brasil: em sua própria casa. Após a partida, vai se encontrar com a mulher e os três filhos e matar saudades do lar. Lar que, após o mundial, pode mudar de cidade e país. Zé Roberto não renovou contrato com o Bayern e, agora, analisa propostas de outros clubes. Um dos mais dispostos a contratá-lo é o Olympiakos, da Grécia. A imprensa grega garante que o negócio está praticamente fechado. O jogador nega. "Só vou analisar as propostas depois da Copa."

Sua condição de titular na seleção foi muito contestada durante anos. Mas a eficiência nos jogos mudou o pensamento de boa parte do torcedor, que agora o vê como jogador importante para o time. Mesmo assim, tem consciência de que raramente vai aparecer mais do que Ronaldo, Ronaldinho e Kaká. "A crônica sempre destaca mais o setor ofensivo", observou, sem mágoa.

Espetáculo de arena

Os astros da seleção terão o privilégio de pisar no gramado de um dos estádios mais bonitos e modernos do mundo. O Allianz Arena, inaugurado em 2005, foi o mais caro dos palcos construídos para a Copa. Custou US$ 330 milhões e tem capacidade para 59 mil pessoas.

Localizado ao norte de Munique, o Allianz possui fachada translúcida, feita com 2.784 painéis. À noite, há iluminação colorida, proporcionando belíssimo espetáculo visual.

A arena é utilizada pelos dois times da cidade, o Bayern e o Munique 1860. "O Allianz é um estádio maravilhoso, a gente se sente realmente dentro de uma arena", comentou Zé Roberto, que não é o único da casa. O zagueiro Lúcio, da seleção e do Bayern, já está acostumado aos encantos do Allianz, tão charmoso quanto a cidade que o abriga.

Pelé usa mundial para virar marca

Munique (AE) – Uma Copa do Mundo é o momento de revelar novos craques e consagrar os ídolos do futebol. No Mundial da Alemanha, um deles quer mais: deixar de ser um mero garoto-propaganda para se tornar uma marca e um produto. Trata-se de Pelé, um dos nomes mais conhecidos do planeta e uma unanimidade no mundo do futebol.

Mesmo sendo o jogador que mais títulos mundiais conquistou e dos mais de 1,2 mil gols marcados, Pelé (65 anos) só agora se tornará uma marca. A empresa que adquiriu o direito de explorar o nome é a Prime, que comprou o direito por 40 anos, ou seja, até o fim da vida do Atleta do Século.

"O único produto que existia era Café Pelé, de 1971. Depois disso, Pelé apenas foi garoto-propaganda para vários produtos. Agora, está na hora de ele mesmo ser uma marca. Por isso, não podemos dizer que estamos relançando a marca Pelé, mas criando-a pela primeira vez", explicou Marco Parizotto, empresário da Prime.

Para conseguir isso, porém, o ídolo mundial precisa redefinir seu nome no mercado, ainda que seja conhecido por políticos, jogadores, artistas e até torcedores que nunca o viram jogando. O plano é relativamente simples: mostrar que Pelé não é alguém do passado, mas sim um jogador que até hoje não foi superado em seus recordes.

Ronaldo será o centro das atenções

Munique (AE) – Ronaldo vai entrar em campo, hoje, observado por milhões de pessoas. Ninguém tem dúvidas, na Europa, de que o atacante será o centro das atenções. A imprensa européia só fala no jogador. Jornalistas alemães, italianos, franceses e espanhóis, entre inúmeros outros, querem saber do "Fenômeno". Ligam para repórteres brasileiros, vão ao treino da seleção, tentam conversar com os assessores.

Ronaldo foi o protagonista na televisão e nos jornais alemães nos últimos dias. Sua imagem seguramente apareceu mais vezes que os gols da Copa, deixou Angela Merkel para trás e rivalizou com Franz Beckenbauer, presente em praticamente todos os jogos do mundial.

A atuação apática contra a Croácia, a tontura, as dores de cabeça e as polêmicas com a imprensa têm grande repercussão no país-sede. Todos -torcedores, repórteres, curiosos – estão interessados em saber como o atleta vai reagir na segunda rodada.

Mais interessado ainda está Carlos Alberto Parreira. O técnico ficou extremamente preocupado com seu desempenho na estréia. E, em conversas reservadas com colegas da seleção, deixou claro que vai colocar Ronaldo no banco já contra o Japão, na quinta-feira, se seu nível seguir baixo.

As notícias sobre a má condição física e o fiasco da estréia causam pessimismo no continente da Copa. A cotação de Ronaldo despencou na maior casa de apostas do mundo, a Ladbrokes de Londres. Há uma semana, era o líder com folga na briga pela artilharia. No fim da sexta-feira ocupava o modesto nono lugar. Quem colocar mil euros no craque do Real Madrid ganhará 16 mil euros. Em boa fase, Ronaldo não renderia quase nada aos apostadores.

Nem o mais confiante torcedor deve esperar grandes arrancadas do atleta diante da Austrália. O preparador físico Moraci Sant’Anna foi claro ao dizer que sua condição física é, atualmente, inferior à dos colegas. Também tem tomado remédios contra tontura e dor de cabeça, que podem diminuir levemente a resistência, de acordo com os médicos.

Apesar da experiência de ter participado de três Copas, de ter defendido grandes clubes, como Cruzeiro, Inter de Milão e Real Madrid, e de ter superado adversidades, como lesões sérias, o atacante sente-se pressionado e não está à vontade na Alemanha.

Hoje, em Munique, será submetido a uma prova de fogo. Se não tiver sucesso, vai experimentar algo novo na carreira desde que se tornou o "Fenômeno": o banco de reservas. Robinho aguarda a vez e está perto de conseguir a vaga de titular. Mas, como Ronaldo é Ronaldo, o ex-santista deve esperar um pouco mais antes de comemorar.

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