Parreira ataca leitura labial da Globo e diz que teve privacidade invadida

Bergisch Gladbach – Carlos Alberto Parreira iniciou a entrevista coletiva de ontem com o semblante carregado, humor abalado e respostas curtas. Não parecia o mesmo Parreira dos últimos dias, sereno e tranqüilo. Passados alguns minutos do bate-papo com a imprensa, veio à tona o motivo de sua irritação: um trabalho de leitura labial feito pela TV Globo.

A emissora captou o treinador fazendo confidências a Zagallo durante jogo contra o Japão e as colocou no Fantástico do último domingo. ?Considero que minha privacidade foi invadida?, esbravejou.

?Achei que essa prática estivesse superada, fiquei triste, desapontado.?

A Globo utilizou profissionais especializados em ler os lábios para que fizessem a análise de comentários de Parreira na quinta-feira passada, no último jogo da primeira fase. De acordo com a equipe, o treinador elogiou a atuação do volante Gilberto Silva, considerado reserva, e mostrou certa preocupação com a possibilidade de colocar Emerson, titular da posição, no banco. ?Pena, se nós tirarmos o Emerson vai ser f…?

Os especialistas ainda captaram o técnico brasileiro fazendo desabafo contra os críticos a Ronaldo, assim que ele marcou seu segundo gol diante do Japão, o quarto da seleção na goleada por 4 a 1.

O atacante foi muito criticado pela imprensa do Brasil e da Europa nas primeiras rodadas da competição. ?Agora vamos ver, filhos da p…?, teria dito. ?Ainda pedem para o Ronaldo ir embora.? Parreira afirmou que a análise mostrada pela emissora não é a correta.

E lembrou que, em 1994, durante a Copa dos Estados Unidos, ocorreu fato parecido. ?Erraram agora, como erraram em 1994, num conversa entre o Müller (atacante) e eu.

O pior é que erram sempre, por incompetência.? Após a concorrida entrevista do treinador, o apresentador Pedro Bial o procurou para dizer que em nenhum momento a Globo quis prejudicá-lo. Contrariado, Parreira disse não aceitar esse tipo de ação.

A emissora e a seleção sempre tiveram bastante proximidade. A mais poderosa tevê do Brasil foi, por exemplo, a única a entrar no hotel da equipe em Weggis – em dias fechados para a imprensa – durante a fase de preparação para o Mundial.

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