Honrou a camisa

Paraná Clube perde pro Galo, mas recupera o orgulho do torcedor

Robson acertou o travessão e o Paraná Clube pressionou o Galo na maior parte do tempo. Time mostrou em campo que o torcedor pode acreditar. Foto: Daniel Teobaldo/Estadão Conteúdo

Belo Horizonte – Em conversa com a Tribuna na manhã de quarta-feira (31), cerca de dez horas antes de a partida contra o Atlético-MG começar, o técnico do Paraná Clube, Cristian de Souza, disse que um dos grandes objetivos embutidos no duelo do Independência não era técnico nem financeiro – e olha que era muito importante a classificação para as quartas de final da Copa do Brasil e mais ainda a grana que entraria na conquista da vaga. “Nós precisamos resgatar o orgulho do torcedor”, disse o treinador. E no momento em que as luzes no Horto se apagam, é possível dizer que, mesmo eliminado após o 2×0 imposto pelo Galo, o Tricolor não decepcionou. Cumpriu seu papel, honrou a camisa, fez seu torcedor acreditar que melhores tempos virão.

Era difícil mesmo segurar uma equipe com potencial de investimento tremendamente maior. Um time que se dá ao luxo de ter Robinho, em recuperação de uma virose, no banco – e entrando apenas para dar descanso a Cazares, um dos melhores da partida, que sentiu um desconforto muscular. E esse time saiu ‘aliviado‘, nas palavras do seu jogador mais importante, o atacante Fred, ao final do confronto. Isto porque teve no Paraná um adversário raçudo, que lutou até o último instante, mesmo quando já era nítido que não haveria como se classificar.

O Tricolor entrou em campo para primeiro se defender. Era a proposta para tentar conter um Atlético-MG que se lançou todo ao ataque – e ainda mais sem Renatinho, lesionado, e com Cristian de Souza optando por Jhony em seu lugar. Faltava qualidade para encaixar o contra-ataque, porque Guilherme Biteco estava também ajudando na marcação, e fechava o setor esquerdo para impedir os avanços do Galo por ali. Deu certo até os 40 minutos, o Paraná teve até chance de marcar com Robson, mas Otero acabou fazendo um gol olímpico, aproveitando-se de um descuido de Léo.

Na volta do intervalo, era necessário atacar. E havia espaço, porque o Galo é quase obrigado a jogar pra frente por conta da pressão da torcida. Mas Felipe Alves se machucou, e Pedro entrou em seu lugar. E logo depois Cazares ganhou de Eduardo Brock e lançou Fred, que fez o gol da classificação. Fez e nem comemorou, pois viu que no choque com Léo o goleiro levou a pior. Pareceu um daqueles caras do UFC que apanharam. Com um corte no rosto e o olho inchado, o camisa 1 foi levado para um hospital para ser melhor avaliado.

Apesar de abatido, o Tricolor não desistiu de lutar, chegou com perigo, obrigou Victor a fazer duas ótimas defesas (com Alex Santana e Pedro) e atacou até o apito final. Fez o ‘Galo Doido‘, que apenas com o salário de Fred bancaria a folha de todo o elenco paranista, ficar na defesa em pleno Horto. Era difícil mesmo se classificar. Mas o Paraná fez bonito. E sonhar com o acesso para a primeira divisão não é loucura, e sim uma realidade cada vez mais clara.