O novo time do Paraná Clube terá um toque japonês. A influência virá do comandante Wagner Lopes, que viveu mais de 20 anos do outro lado do planeta e é um nipo-brasileiro de cidadania e de coração. A última passagem por lá durou menos de um ano, mas a bagagem veio cheia de experiência e novidades para tentar implantar e ensinar no futebol brasileiro, especialmente no Tricolor. Aos poucos, sem promessa de títulos e com típica paciência oriental, o treinador quer passar seus novos conhecimentos ao elenco paranista.

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Do Japão, Lopes traz ensinamentos que vão além do futebol. Ele, que se considerava uma pessoa organizada, descobriu na convivência de outra cultura que tinha muito a aprender.

“Eu falo para os nossos atletas desde o primeiro dia, a sua máquina é o seu corpo, e a sua empresa é a sua imagem. Se você não cuidar dessa imagem bem, você não vai conseguir jogar bem. Então agora vamos pagar o preço, chorar no treino para sorrir nos jogos”, disse.

É comum, no Brasil, ouvirmos falar em incentivo financeiro aos jogadores de futebol, principalmente quando estão em reta final de competição e almejam algum título ou classificação importante, o chamado ‘bicho’. Na terra do sol nascente, o dinheiro não é o mais importante e Wagner Lopes acredita que um dia chegaremos a este patamar por aqui.

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“É muito difícil na cultura japonesa você motivar alguém. Dinheiro não é a questão principal. A honra é a coisa mais importante para o japonês. Ele saber que a honra da família vai estar sendo exposta em todos os jogos, porque o sobrenome dele representa a família dele, é uma coisa muito grande. Isso traz ensinamentos para nós” refletiu ele, que cita um exemplo.

“O jogador vai se apresentar para a pré-temporada dia 10, ele sabe que no dia 10 vai estar imprensa, vai estar todo mundo e ele sabe que não vai dar para todo mundo se reunir e ir para o hospital fazer os exames, então ele vai sozinho. Tipo assim, dia 7 está marcado os testes ele vai, faz e chega no dia (da apresentação) e os exames estão aqui, chega no dia já está tudo certo. Ele abre mão de um dia de folga para poder cumprir uma exigência profissional. E aqui no Brasil a gente não consegue isso ainda. Um dia nós vamos conseguir, mas ainda não. Então é muita organização”, completou o treinador.

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Quando Wagner Lopes deixou o Paraná Clube, em 2017, o time estava longe de conquistar o acesso para a primeira divisão, inclusive essa não era a pretensão planejada no começo da temporada. Como resultado do bom trabalho feito no Tricolor durante 2017, o time hoje está de volta à Série A. Para esse ano, o discurso segue cauteloso.

“Temos que tomar muito cuidado quando falamos em metas porque é uma coisa muito importante e ao mesmo tempo você não pode prometer uma coisa que você não vai entregar. Porque todo mundo quer conquistar, ser vitorioso, conquistar título, mas nós temos que tem em mente que é uma reformulação”, disse Wagner Lopes.

Ele lembra que o elenco passou por mudanças e poucos jogadores dos 25 que agora compõem o elenco são remanescentes da temporada passada. Todo o restante ainda está em adaptação. O Tricolor já anunciou sete reforços até o momento.

A fórmula com qualidades brasileiras e japonesas será testada durante o ano de 2018. Do Japão vêm as lições da organização. Por outro lado, as fortes relações emocionais dos brasileiros podem fazer a diferença para o sucesso.

“Jogo a jogo vamos fazer o nosso melhor, para buscar vencer, buscar dar alegria ao nosso torcedor, para que nosso torcedor sinta orgulho do nosso time”.