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Curitiba se vestiu de azul, vermelho e branco no domingo (19). A volta do Paraná Clube à elite do futebol brasileiro foi marcada por uma grande festa da torcida, que começou ainda pela manhã, quando os primeiros torcedores começaram a chegar no Aeroporto Internacional Afonso Pena. A previsão da chegada da delegação tricolor era para as 13h10, mas bem antes já havia uma grande concentração no saguão.

Gente como Henrique Nascimento, que fez questão de levar a mulher, Adalgisa, e o filho Enzo, de apenas 30 dias, para saudar os jogadores. “Foi muito tempo sofrendo, tomando chuva, sol. A gente fez uma campanha brilhante e mereceu o acesso”, afirmou.

Já o professor Wolnei Pereira Júnior mal encontrava palavras para expressar a alegria com a conquista. “É indescritível. Mais ainda em ver meu filho sentir esta emoção”. O garoto em questão é Juan Gabriel Pereira, que tem 10 anos, exatamente a quantidade de anos que o Tricolor levou para voltar para a Série A. “Estou muito feliz, porque gosto muito do clube”.

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Por volta do meio-dia, chegou a informação de que o time não desembarcaria no portão convencional. A diretoria havia providenciado dois trios elétricos para a delegação deixar o aeroporto em desfile aberto.

Luiza, a torcedora pé-quente do Paraná Clube. Foto: Gisele Rech

Engana-se, porém, quem pensa que a torcida se contentou em seguir direto para a Vila Capanema, local agendado para a festa. Crescendo em progressão geométrica, a galera tricolor começou a se aglomerar no gramado em frente ao aeroporto, até que com a informação precisa de onde o time sairia da pista, formou uma verdadeira massa no portão 1 do terminal aéreo. Enquanto aguardavam, os torcedores entoavam o hino do clube e toda sorte de trilhas usadas para empurrar o time ao longo do árduo percurso pela Série B.

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Uma das mais animadas na espera era Luísa Vieira dos Santos, que com apenas nove anos nunca tinha visto uma grande conquista do clube que aprendeu a amar desde criancinha. Mais do que torcedora, ela se considera pé quente. “Quando eu não ia no jogo, perdia e quando eu ia, ganhava. Por isso, dá muita emoção porque o time estava há dez anos na Série B”, diz, mesmo que não tenha sofrido tanto quanto os torcedores da velha guarda.

Antigos sofrimentos

O procurador de justiça Sérgio Renato Signori resume o que foram estes anos de espera. “Dez anos de suor, lágrimas, frustrações e incertezas, de uma mágoa que carregamos. Descemos apequenados pelos demais, pelo nossos adversários, motivos de chacota”, relembra. Mas chegou a hora da virada. “Sobrevivemos a tudo isso e isso demonstra que o Paraná é uma nação, é um clube que tem história com raízes profundas. E quem tem raízes profundas sobrevive às maiores dificuldades”.

Torcedores mais velhos, como Guaraci Neves e Sérgio Signori, também acabaram com o sofrimento da Série B. Foto: Gisele Rech

Para o aposentado Guaraci Figueredo Neves, o retorno à Série A vem com uma forte carga emocional. “Sou torcedor desde de 1956, da época do Ferroviário. Hoje é um daqueles dias que não tem como não chorar de emoção. Nunca tinha visto uma festa dessa no aeroporto. Estou feliz da vida!”.

Quem também estava rindo à toa era a torcedora Itauana Morgensein, que sofre de um mal que a obriga a reforçar a respiração com um tanque de oxigênio, que ela leva para todos os lugares onde o Paraná está. Ontem, não foi diferente. “Eu nunca abandonei o clube neste dez anos e este ano pra mim foi muito importante porque estou nesta situação desde dezembro do ano passado e estou evoluindo junto com o time. A cada jogo é uma superação e eu nunca deixei de acreditar”.

Depois de quase ir à loucura com a passagem do elenco nos trios elétricos, a galera paranista seguiu firme pela Avenida das Torres, até chegar ao templo tricolor. A Vila Capanema se transformou em um verdadeiro salão de festas, com direito a arquibancadas sociais lotadas e uma empolgação típica de uma goleada. Quando os jogadores foram sendo chamados, um a um, para entrar no gramado, a galera foi à loucura, especialmente com nomes como Marcos e Guilherme Biteco, que apesar de não estarem em campo há algum tempo, são reconhecidos como ídolos do time. O técnico Matheus Costa, torcedor assumido do time na infância, também foi um dos que receberam o carinho mais intenso.