Crise

Bastidores do Paraná Clube estão pegando fogo

A guerra interna, que estava restrita à sede da Kennedy, explodiu com a pressão da torcida pedindo a cabeça de dirigentes. Foto: Arquivo

O Paraná Clube vive a expectativa das consequências da conturbada reunião do Conselho Deliberativo da última terça-feira (26) . Os conselheiros pediram a renúncia do presidente do órgão, Luiz Carlos Casagrande, o Casinha, e sua mesa diretiva, em um abaixo-assinado. Além disso, o mandatário Leonardo Oliveira reflete sobre a real possibilidade de deixar o cargo mais importante do Tricolor.

No pedido dos 52 conselheiros, o texto requer uma reunião de urgência, já que outros pedidos de convocações para explicações não foram atendidos, e cobra a postura omissa da mesa do Deliberativo em relação à gestão de futebol, como saída de dirigentes e várias contratações questionáveis, além de situações de penhora ou possível perda de patrimônios.

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O principal ponto, entretanto, é a exigência da saída de Casinha e de seus três companheiros de mesa: Délcio Adolfo Fiedler (1º vice-presidente), Alessandro Kishino (1º secretário) e Humberto Osvaldo Schwartz (2º secretário). Os membros, após o requerimento, ainda analisarão se vão sair até o final de semana. A tendência é de não se opor ao pedido, mas o discurso é de “ver a melhor maneira em favor do clube”.

O nome mais importante e criticado é de Casagrande, que ouviu o coro “Fora, Casinha” e reclamações direcionadas de torcedores, que ficaram cara a cara com ele na reunião. O bate-boca só terminou quando seguranças cercaram os integrantes da mesa diretora para saírem do salão social.

Luiz Carlos Casagrande (esq.) e Leonardo Oliveira após a eleição do ano passado. Foto: Albari Rosa
Luiz Carlos Casagrande (esq.) e Leonardo Oliveira após a eleição do ano passado. Foto: Albari Rosa

Personagem

Esse é o momento mais crítico de Casinha desde quando era funcionário nos anos 80 do Esporte Clube Pinheiros, um dos clubes de origem do Tricolor. A trajetória de décadas passa por organizador de bailes, diretor de departamento social e marketing, locutor da Vila Capanema em dias de jogos, 1º e 2º vice-presidente e, por fim, presidente após a renúncia de Rubens Bohlen, em 2015.

Apesar de conviver com reclamações e leves pressões internas, o dirigente nunca passou por uma revolta tão grande, principalmente vinda do pessoal da arquibancada. O torcedor que antes só via a política paranista de longe está cada vez mais presente dentro do Conselho e, longe de vícios do passado, passa a tentar mudar o rumo de algumas decisões.

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Casagrande ainda é forte nos bastidores por conhecer como nenhuma outra pessoa todas as sede do clube, além de ser peça-chave para qualquer chapa que queira vencer uma eleição. Por outro lado, como tem grande influência, ele acumula inimigos e desafetos por vetar projetos e atrasar as demandas que não estejam de acordo com sua posição.

Como tem uma trajetória grande no Paraná, os conselheiros pediram que ele saia apenas do Conselho e siga como funcionário. Todo presidente que passa pelo clube sabe que demiti-lo é uma conta altíssima a ser paga. Em compensação, com o Ato Trabalhista, intervenção judicial que destina 20% da receita para pagamento de dívidas trabalhistas, o caminho pode estar mais visível mesmo com um preço caro a ser desembolsado no futuro.

E Leonardo Oliveira?

O presidente tricolor abandonou a reunião do Conselho e deixou os presentes e a torcida em geral com dúvidas sobre seu futuro. Pressionado, o mandatário já vem avaliando “abandonar o barco” há semanas e foi convencido a continuar. No encontro desta semana, em que ouviu ofensas e mais cobranças, o diretor segue pensativo se dá ou não continuidade ao cargo no clube.

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Existe uma possibilidade de Oliveira renunciar após o clássico contra o Coritiba no próximo domingo (31), em São José dos Pinhais, por conta do desgaste e da pressão sofrida recentemente. Ele, inclusive, chegou a ventilar esse caminho a pessoas próximas e com quem tem contato com a vida ativa do Paraná.

Caso tome essa atitude, entretanto, novas consequências podem ser geradas. Jeferson Klippel, 1º vice-presidente, assumiria a presidência, mas não tem essa ambição e tende a renunciar junto, assim como Jamil Afonso Thomas, 2º vice presidente, outro sucessor na linha. O conselho gestor ainda é formado por Fernando Geraldi, diretor financeiro, e Oliveiros Machado Neto, superintendente geral.

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Já sobre o Ato Trabalhista, no qual é o administrador, Oliveira pode continuar mesmo com uma eventual renúncia. Caso queira sair do cargo, que tem salário mensal de R$ 25 mil, ele precisa requerer seu afastamento para a Justiça, que definirá se aceita uma nova indicação do Tricolor, como foi feito com o atual presidente, ou determina outra pessoa.

Todo esse imbróglio pode ficar mais claro no sábado (30), às 15h, no ginásio da Kennedy, quando acontece uma reunião apenas com sócios do Paraná, limitada a mil pessoas, se cadastrando de forma online. Se a adesão não for batida, os torcedores não associados poderão comparecer também.

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