Paraná vence o Flamengo e mantém escrita

O clima era estranho. Apesar de não estar frio, a névoa e aquele vento típico do Pinheirão davam um aspecto misterioso ao jogo entre Paraná Clube e Flamengo. A noite de ontem parecia típica para eventos sobrenaturais. E o Mengão tinha saído na frente com o “gol Saci”, marcado por Rafael Gaúcho. Saci? Não faltava mais nada. Mas uniram-se os caçadores de lendas, saídos sabe-se lá de onde, para acabar a festa carioca. E aconteceu o que se esperava: de virada, o Tricolor passou pelo Rubro-negro por 2×1.

Parecia que o Paraná estava ‘enfeitiçado’. No primeiro tempo, nem mesmo o passe mais prosaico era acertado. Os jogadores exageravam nas faltas, tentavam lances estranhos, e perdiam terreno para o Flamengo. Jogadores que foram heróis contra o Santos, como Jean Carlo, Fernando e Chokito, não rendiam nada. Outros, como Fernando Lombardi, não conseguiam sequer acertar o lado para onde chutar a bola.

Tranqüilo, o time carioca aproveitava da ‘magia rubro-negra’. Vestindo a mítica camisa 10, que foi de Dida nos anos 50 e de Zico por tanto tempo, o atacante Rafael Gaúcho era o jogador mais perigoso do Mengão. Por mais que o time mostrasse fraqueza técnica, dominava o jogo e tinha a vida facilitada com a péssima atuação coletiva do Paraná. O gol acabaria vindo, e aconteceu com o canhoto Rafael, de pé direito. “O direito só serve para subir no ônibus. Por isso dá para chamar o gol de Saci”, afirmou o centroavante.

Alguns esperaram a Mula Sem-Cabeça, o Negrinho do Pastoreio e afins no segundo tempo. Mas quem voltou no intervalo foi o Paraná Clube. “É só ter calma, é só jogar futebol que a gente empata e vira o jogo”, disse, com ares de vidente, o técnico tricolor Paulo Campos.

Boca santa a do treinador. Mas não foi assim tão fácil. Nos primeiros instantes, o Paraná não conseguia sair com qualidade da defesa, e Chokito continuava errando na frente. Chegava a dar raiva. Wiliam e Adriano entraram, e como se fosse magia, o jogo mudou de figura. Travestido de caçador de sacis, o lateral Cláudio comandou a virada.

Primeiro, ele colocou a bola na cabeça do próprio Adriano, que venceu Júlio César pela primeira vez. Depois, foi Galvão o agraciado com um preciso passe do lateral. Dois passes, dois gols em três minutos. Vitória do Paraná, que sobe para a quarta posição, e mantém a escrita contra o Flamengo. Por sinal, vitória do Mengo sobre os paranaenses virou lenda – todo mundo diz que existe, mas faz tempo que ninguém vê uma.

CAMPEONATO BRASILEIRO
Súmula
Local: Pinheirão
Árbitro: Carlos Eugênio Simon (FIFA-RS)
Assistentes: Paulo Ricardo Silva Conceição (RS) e Marcos Viana Ibañez (RS)
Gols: Rafael Gaúcho 38 do 1º; Adriano 25 e Galvão 28 do 2º
Cartões amarelos: Axel, Carlinhos, Fernando Lombardi (PR); Róbson, Rafael, Rafael Gaúcho (FLA)
Cartão vermelho: Róbson
Renda: R$ 72.992,50
Público: 6.088 (5.368 pagantes)

PARANÁ CLUBE
2×1
FLAMENGO

Paraná
Flávio; Cláudio, Fernando Lombardi, Carlinhos e Wesley; Axel, Beto, Fernando (Wiliam) e Jean Carlo (Nelinho); Galvão e Chokito (Adriano). Técnico: Paulo Campos.

Flamengo
Júlio César; Rafael (João Alex), Henrique, Fabiano Eller e Roger; Da Silva, Douglas Silva, Ibson (Róbson) e Zinho (Diogo); Rafael Gaúcho e Jean. Técnico: Abel Braga.

Voltar ao topo