Paraná recebe Cruzeiro ao natural

O Paraná Clube não recorrerá a marcações individuais no jogo de amanhã – às 16 horas, no Pinheirão – frente ao Cruzeiro. O esquema de jogo não será alterado, apesar da qualidade do adversário. Líder isolado do Brasileirão, o time mineiro conta com seis jogadores que estavam nas seleções principal e sub-23. O Tricolor vai tentar não dar espaços para o adversário, mas sem abdicar do ataque, que é também uma marca registrada do clube paranaense, dono da terceira maior artilharia da competição.

“Não adianta, diante de um time com tanta qualidade, se preocupar apenas com um ou dois jogadores”, lembrou o volante Fernando Miguel. Marcador implacável e responsável direto pelo bom índice de “bolas roubadas” pelo Tricolor, ele descarta a possibilidade de uma marcação homem-a-homem sobre o meia Alex, o principal articulador do Cruzeiro. “Ele, além disso, é muito inteligente e sabe levar seu marcador para os lados do campo, abrindo espaços para outros jogadores”, avisou Fernando Miguel.

O Paraná utilizará a mesma estratégia dos últimos jogos, com dois volantes atentos à proteção da zaga. Os meias de criação, Marquinhos e Fernandinho, também auxiliarão na marcação. “Nós temos um time coeso, onde todos têm sua função de marcação. Essa postura deu ao Paraná maior equilíbrio e o resultado é a boa campanha nesta reta final do Brasileiro”, comentou o artilheiro Renaldo. O jogador sabe que terá pela frente uma zaga bem postada. O Cruzeiro tem a segunda melhor defesa da competição, atrás somente do São Caetano.

“O jogo vai ser de alto nível. A qualidade do Cruzeiro é indiscutível e nós vivemos um grande momento também”, analisou Renaldo. No primeiro turno, Renaldo não conseguiu passar por Cris e Edu Dracena e o Paraná foi goleado (5×1). Saulo de Freitas assumia ali o comando interino do time e utilizou um esquema diferenciado (3-5-2). “Eram tempos diferentes. Hoje, o time está estabilizado e não há porque mudar. O time vai jogar com personalidade e com qualidade, disso não tenho dúvida”, disse Saulo de Freitas.

O técnico do Tricolor – um dos mais jovens deste Brasileiro da Série A – já trabalhou com Vanderlei Luxemburgo no próprio Paraná. Em 1995, Saulo não estava nos planos do Tricolor para o campeonato nacional, mas o titular Sílvio se machucou e ele acabou reintegrado. “Foi um rápido convívio, porque logo depois o Vanderlei foi para o Palmeiras e o Paquito conduziu o time até o final da competição”, lembrou. “Taticamente, ele é um dos melhores treinadores do Brasil”, disse. “É um jogo para a superação. Só assim atingiremos nosso objetivo.”

Saulo sabe o que representaria para seu time uma vitória sobre o líder e virtual campeão brasileiro. “Nossa moral iria lá em cima e ficaríamos muito próximos do objetivo, que é a Copa Sul-Americana”, comentou. Pelas contas do Paraná, faltam duas vitórias, nas quatro rodadas restantes, para a confirmação de uma vaga à competição internacional. De quebra, o Tricolor “incendiaria” o campeonato, adiando a conquista dos mineiros. Com duas vitórias, o Cruzeiro garante o título inédito, mas se vencer amanhã e o Santos perder para o Fluminense, o time de Luxemburgo já pode dar a volta olímpica.

Valentim promete show

De volta à sua “casa”, o Paraná aposta no apoio de sua galera para derrotar o líder Cruzeiro. O lateral Valentim garante que o Tricolor não vai mudar sua postura, na busca por mais uma vitória na competição. “Tem uma classificação à Sul-Americana em jogo. Temos que dar tudo”, comentou o jogador, que vive grande momento e é responsável pelo volume ofensivo do time pelo lado direito do gramado.

“O Pinheirão ficou aconchegante para o nosso torcedor e pudemos sentir isso nos treinos. O gramado está muito melhor”, afirmou o jogador. Mesmo sabendo que frente a um adversário deste porte, a possibilidade de apoiar não é tão freqüente, Valentim não pretende se limitar à marcação. “Hoje, nosso time está bem ajustado e, quando vou à frente, há sempre uma cobertura armada”, lembrou.

Mesmo reconhecendo a qualidade do meia Alex em cobranças de faltas e escanteios, Valentim lembra que hoje praticamente todos os clubes têm jogadas fortes em lances de bola parada. “O principal é ter atenção e um bom posicionamento. Se pudermos evitar muitas faltas próximas à área, melhor.” Esse tipo de situação foi muito trabalhada no apronto de ontem, onde Saulo lembrou dos muitos gols marcados pelos zagueiros do Cruzeiro, em bolas alçadas por Alex.

Os jogadores estão confiantes em “casa cheia”. A vibração do torcedor é um ingrediente importante neste duelo com a Raposa. “Não tem coisa melhor que jogar num estádio cheio. Essa energia contagia a todos”, disse o meia Marquinhos. Recentemente, o Paraná viveu situação oposta jogando em Londrina para menos de 300 espectadores. “Não é fácil, não há clima de jogo. Neste domingo será diferente, pois a torcida vai lotar o estádio”, acredita o meia.

Os ingressos estarão à venda até domingo, ao meio-dia, em todas as sedes do clube (Capanema, Kennedy, Tarumã e Boqueirão) e na loja Tricolor (Big/Torres). Os preços são R$ 15,00 e R$ 7,50 (sócios, mulheres, menores e estudantes), com acesso a qualquer setor do estádio, inclusive cadeiras superiores.

Cruzeiro mantém seriedade

O Cruzeiro pode sagrar-se campeão brasileiro amanhã à tarde, caso vença o Paraná Clube e o Santos perca para o Fluminense. Entretanto, o discurso de jogadores e comissão técnica da Raposa é o mesmo: o jogo contra o Tricolor tem a mesma importância de cada uma das partidas que fez o time chegar onde está.

“Em campeonato de ponto corrido, todo o jogo é uma decisão. Os 42 jogos disputados até agora foram encarados com a mesma seriedade desta partida”, diz Vanderlei Luxemburgo. O fato de ser um jogo contra o Paraná Clube, que cresceu de produção nas últimas rodadas e briga por uma vaga na Copa Sul-Americana, faz o treinador manter os pés do time no chão. “Não será fácil. As duas equipes têm ataques fortes e a tendência é que seja um jogo aberto. Não podemos descuidar da marcação”, alerta.

Para a partida contra o Tricolor, Luxemburgo terá de volta quatro jogadores que estavam defendendo a seleção brasileira: Alex e Leandro, na principal, e Edu Dracena e Wendell na Sub-23. “Eles já estão novamente adaptados porque sabem que agora o Cruzeiro é a prioridade. Afinal, se não fosse o clube, eles não teriam vestido a amarelinha.” O meia Wendel concorda com o treinador e diz que chegou a hora de dar tudo pelo clube. “Estamos perto de concretizar um sonho. Por isso, toda concentração será necessária.”

Ansiedade

Como para confirmar o título neste final de semana a Raposa não depende apenas dos próprios esforços, no planejamento consta a conquista de duas vitórias para carimbar a faixa. “Se fizermos isso, seremos campeões por nossos próprios méritos”, diz Aristizábal, artilheiro da equipe. Mas o lateral-direito Maurinho, apesar de concordar que o jogo é importante como outro qualquer, não acha tão ruim assim comemorar o título já amanhã. “Mesmo que seja fora de Belo Horizonte, se vier será muito bem-vindo”, diz.

Outro jogador que não esconde a ansiedade para a conquista inédita do Cruzeiro é o curitibano Alex. “O título brasileiro é o único nacional que falta no meu currículo. Isso me emociona”, diz.

Para o atacante Márcio Nobre, que foi revelado pelo Paraná Clube, a emoção consistirá no caso do título chegar em uma partida contra o Tricolor. “Há uma possibilidade real disso acontecer. Mas estamos concentrados no que temos que fazer. O que posso assegurar, entretanto, é que é muito bom voltar a Curitiba e rever meus amigos do Paraná.”

O time cruzeirense treinou ontem no CT do Caju e está confirmado com Gomes; Maurinho, Cris, Edu Dracena e Leandro; Maldonado, Felipe Mello, Wendel e Alex; Aristizábal e Márcio Nobre.

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