Paraná não ganha nem com reza braba

O Paraná conseguiu se manter fora de perigo por vinte rodadas. Entretanto, “mergulhou” de cabeça – e de forma preocupante – na zona de rebaixamento, que determinará os quatro clubes que amargarão a segundona no ano que vem.

Nos dias que antecederam o jogo contra o Fluminense, houve de tudo. Pacto de dirigentes (que prometem “falar a mesma língua”), bênção de padres e uma nova disposição tática, com um meio-de-campo mais coeso.

O resultado prático não veio. O pior de tudo é que, nos bastidores, o Tricolor segue dando “show” de amadorismo. Antes de a bola rolar em Volta Redonda, o presidente José Carlos de Miranda comentou que o clube estava analisando o mercado na busca por reforços. Nada demais, não fosse a conclusão da frase, onde o dirigente disse estar até recebendo indicações de repórteres no Rio de Janeiro.

Talvez isso explique os motivos de o Tricolor já ter contratado 27 jogadores apenas para este Campeonato Brasileiro – e já ter dispensado nove destes. Pior: daqueles jogadores liberados por deficiência técnica, o lateral-direito Alex Silva foi reintegrado ao grupo. É a solução? Com a resposta os dirigentes, que podem ainda repatriar outro atleta colocado à margem do processo por pouco ter acrescentado ao elenco. O atacante Chokito já teria tido uma conversa para voltar aos treinos com o grupo.

Sabe-se que Gilson Kleina indicou quatro opções para o ataque e pelo menos dois jogadores devem ser contratados. Um deles seria Enílton, do Vitória. Outros nomes não foram citados. O Tricolor corre contra o tempo para corrigir equívocos na montagem de um time para o Brasileirão. A cada rodada, a distância para o bloco intermediário aumenta e a prometida reação não ultrapassa o limite das promessas.

Tarde foi toda do “Animal”

O calvário continua. O Paraná Clube “ressuscitou” mais um artilheiro neste Brasileirão. Desta vez, foi Edmundo quem fez a festa e garantiu a vitória do Fluminense (3×1), sábado à tarde, em Volta Redonda. Foi a quarta derrota consecutiva do Tricolor, agora a defesa mais vazada da competição (40 gols). Não foi uma má atuação, sob uma análise tática, do time de Gilson Kleina. Mas erros infantis – e imperdoáveis – determinaram o novo revés. O clube paranaense se mantém na zona de rebaixamento e com perspectivas pouco animadoras para o segundo turno. O que se esperar de um time que sofre 13 gols em apenas quatro jogos?

A “luz divina” não iluminou o caminho de alguns jogadores, em especial o lateral-esquerdo Vicente, responsável direto por dois gols do Fluminense. A bênção dos padres paranistas, na véspera do jogo, não foi suficiente ante a carência técnica de um grupo em constante mutação e que ainda sofrerá novas variações. A diretoria promete atender aos pedidos do técnico Gilson Kleina e busca reforços para as laterais e para o ataque. Compactando o meio-de-campo, Kleina “amarrou” o adversário e em muitos momentos o Paraná esteve perto do gol. Beto “carimbou” o travessão e na sobra Galvão desperdiçou. Era só o primeiro deslize do “matador” paranista. O castigo veio de forma implacável. Vicente, no clima das Olimpíadas, fez um “bloqueio” digno da seleção de Bernardinho. Um pênalti que caiu do céu para o Fluminense. Edmundo, que ainda não havia feito gols no Brasileiro, agradeceu e bateu no canto direito para pôr fim ao jejum. Neste momento, surgiu o “iluminado” Axel. O volante foi à frente e da entrada da área mostrou como se faz, mandando um “balaço” no canto direito, empatando o jogo um minuto depois.

Veio o segundo tempo e olha o Vicente em campo outra vez. Ele deu um “rapa” em Roger, em mais um pênalti desnecessário. Edmundo cobrou com a mesma precisão e de nada adiantou o esforço de Flávio. O Paraná, ao contrário de jogos anteriores, não sofreu um abalo emocional e partiu em busca do ataque. Só não contava com a falta de pontaria de seu único atacante. Desta vez, o Tricolor não pode sequer reclamar da sorte. Após falha de Zé Carlos, Galvão dominou e, da entrada da pequena área, conseguiu chutar para fora, num lance simplesmente ridículo.

Gilson tentou dar mais dinamismo à equipe com Edinho e Wiliam, mas o Paraná continuava sem objetividade no setor ofensivo. Foi a vez de arriscar tudo com Sinval, que entrou no lugar de Beto. Só que no duelo de artilheiros, Edmundo mais uma vez fez a diferença. Roger puxou contragolpe e tocou para o Animal, que chutou no canto direito (mais uma vez) para definir o placar. Não fosse Flávio, o desastre seria pior. No último minuto, o Pantera fez três defesas seguidas. Os paranistas estão sentindo “na carne”, que em um campeonato tão equilibrado, só um grande goleiro não basta.

CAMPEONATO BRASILEIRO
22ª Rodada
Local: Raulino de Oliveira (Volta Redonda-RJ).
Árbitro: Antônio Hora Filho (SE).
Assistentes: Renilson Nunes Freire (SE) e Almidrovando da Silva Lima (SE).
Renda: R$ 41.082,00.
Público: 3.443 pagantes.
Gols: Edmundo (pênalti) a 36? e Axel a 37? do 1º tempo. Edmundo (pênalti) a 4? e Edmundo a 36? do 2º tempo}
Cartões amarelos: Leonardo Moura e Diego (Flu). João Paulo, Vicente, Beto, Sinval e Canindé (Paraná).

Fluminense 3 x1 Paraná Clube

Fluminense
Fernando Henrique; Leonardo Moura, Zé Carlos, Antônio Carlos e Júnior César; Juca, Diego, Esquerdinha (Maicon) e Roger; Mauro (Alex) e Edmundo (Marciel). Técnico: Ricardo Gomes.

Paraná
Flávio; Cláudio, João Paulo, Nelinho e Vicente (Edinho); Axel, Beto (Sinval), Fernando (Wiliam) e Cristian; Canindé e Galvão. Técnico: Gilson Kleina.

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