Paraná e Atlético fazem clássico dos extremos

Quase todo clássico é assim: enquanto um está lá em cima, o outro está lá embaixo. Aconteceu no campeonato brasileiro do ano passado e volta a acontecer este ano. Desta vez, em posições trocadas, Paraná Clube e Atlético se enfrentam buscando a vitória, mas por razões diferentes.

Se o tricolor luta para deixar os últimos lugares e se afirmar na competição com o novo treinador, Gílson Kleina, o rubro-negro sonha com o bicampeonato e o primeiro objetivo é chegar à ponta da tabela já no final deste mês. Pelo retrospecto, o favorito é o Furacão, mas a superação poderá ser a grande arma do time da Vila. O encontro dos rivais, dirigidos por dois treinadores curitibanos (fato inédito em campeonato brasileiro) está programado para as 20h30, no Pinheirão.

Até aqui, em 12 rodadas de brasileirão, é o Atlético que exibe números para orgulhar sua torcida. O clube da Baixada tem um dos melhores ataques (o 5.º), uma das melhores defesas (a 6.ª) e tem um aproveitamento fora de casa extraordinário. Nos seis jogos disputados como visitante alcançou três vitórias, um empate e duas derrotas. Isso dá uma média de 1,7 ponto por jogo longe da Arena. A mesma média que o Paraná Clube tem jogando, justamente, em casa. Para piorar a situação do tricolor, o ataque não tem correspondido (é apenas o 20.º) e a defesa é uma das mais vazadas (é a 4.ª a levar mais gols).

Apesar dos números pouco animadores, a superação será a principal arma a ser utilizada por Gílson Kleina. Sem vencer há dois meses e só a ver o time despencar na tabela ao longo das rodadas, o comando técnico foi alterado. Se a primeira partida do novo comandante o time não se saiu bem, pelo menos, deixou a impressão de que a segunda etapa diante do Palmeiras (quando perdeu por 2 a 1) foi melhor e aponta uma perspectiva de dias melhores para o time da Vila. Kleina mudou a equipe e as esperanças paranistas ficam para boas apresentações de Marcel e Chokito.

Do outro lado da Avenida Engenheiros Rebouças, a situação não poderia ser melhor. A felicidade paira sobre as cabeças rubro-negras. O time do técnico Levir Culpi está na quarta posição (o que garante, no momento, a possibilidade de participar do pré-qualificatório da Copa Libertadores), vem de uma ótima vitória sobre o Juventude (4 a 1, sábado passado), tem o retorno do atacante Dagoberto e do lateral-direito Raulen e só não pode contar com o zagueiro Rogério Correia, contundido. Somam-se a isso o fato de o time ter mostrado padrão de jogo, Washington marcar como sempre e Ilan se reconciliar com a torcida.

Kleina pode ter que mudar o ataque

Irapitan Costa

O clássico de hoje à noite será “emblemático” para o Paraná Clube. Se vencer, afasta a crise técnica que tomou conta do time há sete rodadas e ganha moral para os dois jogos fora de casa que fará na seqüência. O outro lado da moeda é verdadeiro em caso de derrota, resultado que pode colocar o tricolor na indesejável zona de rebaixamento. O técnico Gílson Kleina sabe que os riscos são reais e, para piorar, pode ficar sem sua referência ofensiva, pois Wellington Paulista voltou a sentir uma lesão muscular e sua escalação é improvável.

A ausência do jogador fez o treinador ficar reticente quanto à escalação da equipe. Kleina já havia se preparado para armar o time com duas mudanças no meio-de-campo. Goiano entra na vaga de Beto, suspenso, e Marcel é o novo titular da equipe e responsável pela articulação ofensiva do tricolor. A dupla foi confirmada pelo técnico, que testou duas variações ontem pela manhã, diante da possível ausência de Wellington Paulista. O atacante voltou a se queixar de dores nas pernas, lesão que já o tirou dos gramados por um longo período.

Os médicos não deram qualquer esperança de utilização do atleta, mas o próprio Wellington pediu ao técnico Gílson Kleina que aguarde até hoje à tarde. “Essas dores vêm e vão. Se elas sumirem até a hora do jogo, fico à disposição do treinador”, disse o jogador. Sabendo da importância do atacante – que fez um bom jogo frente ao Palmeiras, buscando espaço pelas laterais do campo e finalizando com competência – Kleina concordou em aguardar uma reavaliação. Testou, porém, duas opções distintas.

Numa simples substituição, Chokito seria a alternativa para este clássico. O atacante, após começar os jogos contra Flamengo e Juventude, não mais foi utilizado. “Estou trabalhando e esperando nova oportunidade. Espero que seja neste clássico”, disse Chokito. A outra alternativa alteraria significativamente a distribuição tática do tricolor. Se o meia Wiliam for escalado, o Paraná irá “povoar” o meio-de-campo, numa tentativa de inibir a velocidade do adversário.

Culpi ainda mantém duas dúvidas

O técnico Levir Culpi vai levar a escalação do Atlético para os vestiários do Estádio Pinheirão. Mesmo com a boa fase e podendo contar com quase todos os jogadores, o treinador resolveu manter o mistério e não informa nem qual o esquema tático a ser utilizado. As grandes dúvidas do comandante rubro-negro são as possibilidades de utilização do ala-direito Raulen e do atacante Dagoberto, que voltam de suspensão automática. Além dele, o zagueiro Ígor também pode retornar à equipe, no lugar de Rogério Correia, contundido.

Ontem, Levir não quis forçar a equipe e comandou apenas um treinamento recreativo no CT do Caju. Existia a possibilidade da realização de um coletivo, mas o técnico não quis abrir o jogo, nem mostrar o possível time para Gílson Kleina, comandante do rival Paraná Clube. Assim, ele leva para o Tarumã a possibilidade de atuar com Raulen ou Pingo na ala direita, Dagoberto ou Ilan no ataque, bem como Ígor na zaga.

Tudo isso por se tratar de um clássico regional e de resultado imprevisível, pelo menos na visão do treinador. “Pela minha experiência, o que se observa é que é um jogo de muita disputa de bola, bolas espirradas, número de faltas e contato físico”, aponta. Além disso, ele prega ao time muita atenção aos detalhes. “Uma jogada individual, uma equipe bem estruturada, uma bola individual pode decidir tudo. Os detalhes são muito importantes porque no geral existe o equilíbrio”, analisa.

Apesar de não saber se irá jogar, quem está confiante em poder atuar novamente como titular é o zagueiro Ígor. “Estou sempre pronto e lutando pelas oportunidades e sempre que aparece estou pronto e disposto a mostrar o meu futebol mais uma vez”, diz. A possibilidade de ele voltar ao time se dá em função de o titular Rogério Correia ter sofrido uma luxação no cotovelo esquerdo. “O Levir ainda não definiu, mas para quem jogou bem, como eu e o Pingo, a expectativa é de entrar no time”, confia Ígor.

Pendurados

Do time titular, o meia Jádson e o ala-esquerdo Marcão estão com dois.

Federação garante que gramado está bom

A Federação Paranaense de Futebol (FPF), dona do Pinheirão, não gostou das críticas às condições do estádio, divulgadas pela imprensa ontem. O técnico do Atlético Paranaense, Levir Culpi, não poupou adjetivos para classificar as condições do gramado do estádio onde o Paraná manda seus jogos.

“É um absurdo tanta crítica. É certo que não temos condições de ter um gramado de nível europeu, mas estamos fazendo o possível”, dispara o superintendente da FPF, Joehlson Pissaia. O dirigente é responsável pela manutenção do gramado do estádio desde que a federação dispensou os serviços de uma empresa especializada, por questões financeiras. “Tem gente que não vai lá há 15 anos e fica descendo a lenha”.

Pissaia garante que toda a semana a grama é adubada e diariamente o sistema de irrigação é acionado. “O gramado está verdinho, com grama nas traves. No inverno, isso é difícil de fazer e estamos conseguindo”, diz.

Entanto, não são exatamente as condições da grama que têm gerado tantas reclamações. O que vem realmente atrapalhando a prática do bom futebol é o piso irregular. O meia Pedrinho, do Palmeiras, que esteve em campo contra o Paraná no último domingo, confirmou que o gramado está cheio de buracos. “Não há um nivelamento e isso complica para qualquer equipe, especialmente àquelas que têm como arma o toque de bola”, disse. Para Pedrinho, um gramado nessas condições pode ser perigoso para os jogadores. “O risco de contusão é maior, já que o terreno é irregular”. As críticas de Pedrinho, porém, não param nos limites do estádio da federação. Segundo o palmeirense, as condições dos gramados dos principais estádios brasileiros não são boas. “As exceções são os gramados do Morumbi e do Beira-Rio, que são como tapetes e permitem que a bola role fácil”.

Mudança?

O Paraná Clube, que utiliza as instalações do Pinheirão, garante que não pretende mudar o local de jogos. Para o vice-presidente José Domingos, tudo não passa de tempestade em copo d?água. “É certo que o gramado do Pinheirão não esteja 100%, mas não está pior que os outros do Brasil. Os jogadores não reclamam”, garante Domingos.

Quanto à possível mudança de estádio para mando de jogos do tricolor, o dirigente é enfático. “O Pinheirão atende às determinações do estatuto e tem capacidade condizente com o regulamento do campeonato brasileiro”, justifica. Vale lembrar que a Vila Capanema, o maior estádio paranista, comporta 14 mil torcedores e a capacidade exigida pela CBF para o Brasileirão é de estádios com a capacidade mínima para 15 mil torcedores, sentados.

CAMPEONATO BRASILEIRO
Local: Pinheirão
Horário: 20h30
Árbitro: Carlos Jack Rodrigues Magno (PR)
Assistentes: Roberto Braatz (PR) e Faustino Lopes (PR)

Paraná Clube x Atlético

Paraná Clube
Flávio; Cláudio, Gélson Baresi, Fernando Lombardi e Edinho; Axel, Goiano, Fernando e Marcel; Galvão e Wellington Paulista (Willian ou Chokito). Técnico: Gílson Kleina

Atlético
Diego; Marinho, Fabiano e Ígor; Raulen (Pingo), Bruno Lança, Fernandinho, Jádson e Marcão; Dagoberto (Ilan) e Washington. Técnico: Levir Culpi

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