Rolo sem fim

STJD nega liminar da FPF e do Paraná Clube. Segue o campeonato como está

Parte do ofício do Paraná Clube enviado ao STJD nesta quarta-feira (12). Confira abaixo o ofício na íntegra. Foto: Reprodução

O novo capítulo da pior crise da história do futebol paranaense se desenhou durante a semana passada. Foram momentos de pressão, discussão, ameaças. E no centro da confusão, a disputa de poder já conhecida – de um lado, a Federação Paranaense de Futebol, e do outro Atlético e Coritiba. É na briga destes personagens, que já teve outros momentos tensos, que está envolvida a carta de esclarecimentos da FPF para o Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), que pede o julgamento urgente do pedido do Paraná Clube e do Cascavel, que pleiteiam que as quartas de final sejam refeitas com novo chaveamento. No entanto, a competição não corre mais riscos de ter partidas canceladas e novos confrontos realizados.

Segundo o repórter Wellington Campos, da Banda B, o Tribunal ainda analisará os pedidos, mas não irá interferir mais no Estadual. Nem mesmo um novo julgamento acontecerá. A justificativa é que as partidas já foram homologados e que, portanto, não podem ser alteradas, mesmo que a decisão da semana passada, quando o J. Malucelli foi punido, tenha ido de encontro com o regulamento do Campeonato Paranaense.

Só que, mais que pedir o julgamento, a Federação, através do ofício, apoiou a iniciativa de dois de seus filiados, que queriam – e ainda querem – novamente parar o Campeonato Paranaense, ao contrário da dupla Atletiba.

É só ler com atenção a carta da FPF ao STJD, enviada na noite desta terça-feira (11). “Diante do exposto, a Federação Paranaense de Futebol requer que seja incluído o presente com urgência e apreciado o pedido formulado pelos clubes (Paraná Clube e Futebol Clube Cascavel), na presente medida inominada, para que seja observado o Regulamento Específico do Campeonato Paranaense da 1ª Divisão – Temporada 2017, em especial o artigo 8º, de maneira que seja realizado o correto chaveamento das equipes classificadas para a Segunda Fase”.

O trecho que está em negrito acima não foi colocado assim pela Tribuna, e sim pela carta assinada pelo presidente da FPF, Hélio Cury. Essa carta – ou pelo menos boa parte dela – estava na mesa do cartola desde a sexta-feira da semana passada (7), quando um movimento de clubes liderado por Paraná Clube e Londrina queria a suspensão da rodada do final de semana. Na verdade, a pressão já se iniciara na quinta (6), quando o STJD cometeu uma barbeiragem histórica, ao enviar a Curitiba um resultado diferente do proclamado após o julgamento do Caso Getterson. Naquele momento, o que se queria era que a Federação zerasse a lousa e começasse tudo de novo.

Cercado por advogados, dirigentes e presidentes de clubes, Hélio Cury ficou acuado e resolveu não resolver nada naquela quinta. Tanto que cancelou até o jogo Coritiba x Cascavel, que estava marcado para o sábado (8) e acabou passando para esta quarta (12). Os clubes continuaram se articulando, e na manhã da sexta chegou-se a uma posição de maioria para que a rodada não se realizasse.

Com o acórdão do STJD em mãos, Hélio Cury aceitou enviar ao STJD um pedido de urgência no julgamento do pedido de Cascavel e Paraná, e informar que suspenderia a rodada. Mas avisou que só faria isso com a unanimidade dos clubes. Como era de se esperar, Atlético e Coritiba foram contrários e Cury recuou, para indignação dos outros clubes.

Entenda toda a confusão do Campeonato Paranaense!

A dupla Atletiba continua rompida com a FPF. Ganhou um trunfo e tanto durante a semana passada. Ficou meio escondido no noticiário, por conta da zona no Paranaense, mas uma perícia judicial comprovou que alguns artigos comprados pela entidade diretamente da loja do presidente estavam acima do preço de mercado. Ao todo, foram feitas 54 compras, no valor de R$ 87.200,00, dinheiro que foi pago para a Hélio Cury Comércio de Artigos Esportivos.

Um dia depois do vazamento da perícia, aconteceu a Assembleia Geral da Federação Paranaense de Futebol. Justamente para tratar das contas da entidade. Que foram aprovadas pela maioria, com apenas quatro votos contrários – Operário Pilarzinho, Nacional de Rolândia e, claro, Atlético e Coritiba.

A reunião foi tensa, houve bate-boca e uma grande surpresa: ex-aliado e hoje grande desafeto de Hélio Cury, o ex-diretor jurídico da Federação, Juliano Tetto, esteve na Assembleia como novo advogado do Atlético (substituindo Domingos Moro, falecido em fevereiro) e representando o Furacão nas discussões. Após tantos fatos, na terça-feira a FPF se posicionou de maneira clara a favor do recomeço das quartas de final, que atinge Atlético e Coritiba.

Mas a FPF também está no alvo da Justiça Desportiva. O Toledo quer que a entidade resolva de uma vez quem será rebaixado. Na semana passada, ao tirar os pontos e eliminar o J. Malucelli, o STJD avisou que ficaria à cargo da Federação decidir se o Caçula cairia ou não. Mas quase uma semana se passou e nada foi tratado disso até agora. O presidente de honra do Jotinha, Joel Malucelli, já avisou que se o clube for rebaixado, fecha as portas. Ele acusa também o advogado Paulo Schmitt de liderar um “complô” que teria mudado o resultado do Caso Getterson no tribunal. Políticos também ameaçam entrar na parada, defendendo tanto um lado quanto o outro.

E ainda havia quem achasse que a história tinha terminado.

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