Responsável pela primeira grande frustração dos paranistas no ano passado, o Paranavaí está novamente no caminho do Tricolor. Só que desta vez, em uma situação muito diferente. O Paraná Clube encara o ?Vermelhinho do Fim da Linha?, às 21h45, no Durival Britto, precisando da vitória para afastar as nuvens negras que pairam sobre o clube nesse início de temporada. Ainda sem vitória neste Paranaense, o time de Saulo de Freitas precisa despachar o adversário para escapar da incômoda zona de rebaixamento da competição.
Há oito meses e meio, Paraná e Paranavaí estiveram frente a frente, também na Vila Capanema, mas na briga pelo título estadual. O time do interior -com um empate sem gols – levou a melhor e comemorou a conquista inédita diante de incrédulos 17.214 torcedores, a grande maioria de tricolores. Era apenas o primeiro grande tropeço do Paraná num ano que acabaria marcado pelo descenso à Série B do Brasileirão. Fato passado que não traz para o duelo desta noite um clima de revanche.
Pelo menos não para jogadores e integrantes da comissão técnica. ?É outro momento. São outros personagens e hoje há outros objetivos em jogo?, frisou o técnico Saulo de Freitas. Sem esconder o desconforto com o jejum de vitórias, o treinador preferiu não antecipar a escalação que colocará em campo. Deixou algumas dúvidas no ar, inclusive quanto ao sistema tático. Adepto confesso do 4-4-2, Saulo deve se render – ao que tudo indica – à segurança do 3-5-2, formação com a qual o Paraná teve um bom desempenho em Cianorte.
?Temos jogadores que se adaptam bem a esse sistema?, analisou o treinador, fazendo referências ao equilíbrio de uma zaga formada por Leonardo Dagostini, Nem e Luís Henrique. Nesse caso, para não perder ?poder de fogo?, Saulo lançaria mais uma vez o meia Vandinho na ala direita, esperando muito volume de jogo da equipe pelos flancos, dando liberdade também ao garoto Wellington.
Meio e ataque
Dúvida, a rigor, o treinador só deixou uma: Goiano ou Jumar na cabeça-de-área. Uma mudança justificada diante da produção de Jumar nos dois primeiros jogos, aquém do que vinha jogando no ano passado.
Indefinições à parte, Saulo confirmou a entrada de um atacante de ofício. O garoto Jéfferson é o novo titular da camisa 9. Reflexo do que ocorreu nas duas últimas rodadas, onde o Paraná criou, segundo as contas de Saulo, em torno de 30 boas ações ofensivas, mas marcou apenas dois gols (um deles, contra). ?Temos que mudar o rumo dessa história. contra o Paranavaí, quero o time fazendo um jogo de resultado. Só a vitória interessa?, sentenciou o Tigre da Vila.
CAMPEONATO PARANAENSE
1.ª FASE – 5.ª RODADA
PARANÁ CLUBE x PARANAVAÍ
PARANÁ
Luís Carlos; Leonardo Dagostini, Nem e Luís Henrique (Giuliano); Vandinho, Goiano (Jumar), Léo, Cristian e Wellington; Massaro e Jefferson.
Técnico: Saulo de Freitas.
PARANAVAÍ
Alexandre (André); Augusto, Ronaldo Marconatto e Ferreira; Deivi, Nivaldo, Rilber, Natan, Ivan e Maurício; Clênio.
Técnico: Itamar Bernardes.
Local: Durival Britto, em Curitiba.
Horário: 21h45.
Árbitro: Antônio Valdir dos Santos.
Assistentes: Rodrigo Oliveira Ferri Silva e Marco Aurélio dos Santos.
Diretor desmente possível demissão de trainador em caso de derrota
| Foto: Valquir Aureliano |
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| A saída de Saulo não foi cogitada pela diretoria, garante Fernando Moreno. |
O diretor-técnico Fernando Moreno rotulou de ?infundadas? e ?absurdas? as insinuações de que o Paraná Clube poderia sofrer alterações no seu comando técnico. Mesmo admitindo que há uma preocupação com a colocação do clube na tabela de classificação do estadual, assegurou que o trabalho desenvolvido por Saulo de Freitas e companhia é de muita qualidade e que o grupo está pronto para ?decolar? na competição.
?Lamento que tenham sugerido algo diferente disso. Nunca se falou, aqui dentro, sobre saída de treinador?, disse Moreno. ?O Saulo está seguindo um planejamento e os treinamentos são muito bons. Nosso projeto não visa o agora, mas toda uma temporada, onde a meta é voltar à Série A?, analisou o dirigente. ?E, podem escrever, esse grupo tem potencial para brigar pelo título e fazer uma grande campanha na Copa do Brasil.?
Reforço
Fernando Moreno reconhece que ?futebol é resultado? e que por isso há uma preocupação com o fato do Tricolor ter atingido a marca de quatro jogos sem vitórias. Uma situação que só acelerou a busca por pelo menos mais um reforço. A diretoria tenta acertar um ?camisa 9? com relativa urgência. ?Até para que o Saulo tenha maior tranqüilidade na hora de definir um time. Nos dois jogos, tivemos dois atacantes, mas ambos com a mesma característica?, afirmou Moreno. ?A torcida, nós sabemos, quer gols e vitórias. Nós também, mas a análise tem que ser feita de forma fria, pelo trabalho desenvolvido neste início de temporada?, disse.
Fernando Moreno lembrou ainda que apesar de cobranças por parte da imprensa e da torcida, os números de Saulo de Freitas não são ruins. Foram dois jogos e dois empates, pois nas duas rodadas iniciais o Tricolor lançou mão de seu ?expressinho?, formado por atletas sub-20. ?Há uma pressão natural por resultados. Precisamos e queremos a vitória. É esse o pensamento de todos, dirigentes, comissão técnica e atletas. E o grupo vai saber sair dessa situação incômoda, sob o comando de Saulo?, finalizou o diretor-técnico paranista.
Jefferson entra pra aproveitar ?chuveirinho?
A ausência de vitórias e a previsão de um jogo truncado fizeram o técnico Saulo de Freitas mudar de estratégia quanto ao comando do ataque. Ao invés de recorrer a dois jogadores de mobilidade e velocidade, confirmou a presença de um centroavante de ofício. Na verdade, o único jogador com essas características no atual elenco paranista: Jefferson.
O jogador – quase sempre utilizado em momentos de sufoco, onde o Paraná passa a jogar na base do ?chuveirinho? – tem a sua primeira real oportunidade com Saulo. E traz no currículo a recente artilharia do Brasileiro sub-20, disputado em Porto Alegre. ?Sei que o momento é delicado, de desconfiança. Mas, temos que ter a cabeça fria para resolver o problema ali dentro?, disse Jefferson, que completou 20 anos no início do mês. ?O jeito é fazer gols. Com uma vitória, tudo mudará?, acrescentou.
Acostumado a balançar as redes nas categorias de base, Jefferson quer seguir os passos de outros artilheiros do Paraná. A começar pelo próprio treinador. Saulo, com 104 gols, é ainda o maior goleador da história do clube. Nos últimos anos, com Renaldo, Borges, Leonardo (que voltou, mas está lesionado) e, em especial, Josiel, o Tricolor sempre teve em campo um ?homem-gol?. ?Espero começar essa nova etapa com um grande jogo. O grupo precisa disso para recuperar o carinho da torcida?, finalizou Jefferson.
Vermelhinho muda tática e aposta na marcação
Atual campeão paranaense, o Paranavaí tenta recuperar o crédito diante de sua torcida. Após quatro rodadas, somou apenas quatro pontos e o ?novo? time não emplacou. Os únicos remanescentes da equipe campeã são os pratas-da-casa e diante do início de temporada ruim, a diretoria decidiu mudar o comando técnico. Itamar Bernardes – demitido do Rio Branco – faz hoje a sua estréia. E já chegou mudando o esquema de jogo. Contra o Paraná, vai num 3-6-1, apostando na marcação para tirar proveito da instabilidade do adversário.
Nos últimos dias, Bernardes -contratado na segunda-feira -procurou colher informações sobre o grupo junto ao técnico das categorias de base, Silas Sanches. Mesmo comandando um único trabalho, ontem à tarde, na Ettisports, o treinador decidiu já ficar à margem do gramado e não como um mero espectador. Com a mudança tática, o zagueiro Ferreira recupera a condição de titular. Mesmo levando muitos gols (tem a defesa mais vazada do Paranaense 2008), o Paranavaí já mostrou ter um ataque eficaz. Tem o melhor ataque, com 9 gols – junto com Londrina e Cianorte -, e o artilheiro da competição: Clênio, com 6.