Gilson Kleina (ao centro)
recebeu apoio da direção.

“Nosso problema, agora, é o rebaixamento”. A afirmação do presidente José Carlos de Miranda deixa evidente a mudança de rota do Paraná Clube, após a seqüência de derrotas no brasileirão. Antes da competição, a proposta era uma campanha superior à do ano passado. Passadas vinte rodadas, o tricolor encara a dura realidade de uma competição equilibrada (mesmo que por baixo), onde equipes que não conseguiram encontrar conjunto seguem “caindo pelas tabelas”.

O tricolor, que reclama da sorte em alguns lances – em Goiânia, a bola bateu na trave e voltou nas mãos do goleiro adversário -, segue “iluminado” em relação às combinações de resultados. Mesmo fora da zona do descenso (pois tem uma vitória a mais que o Botafogo), o Paraná Clube tem somente três pontos de vantagem sobre o “lanterna” Flamengo e vê, a cada rodada, a distância que o separa do bloco intermediário aumentar. Exemplificando: mesmo que vença dois jogos seguidos, o representante paranaense chegaria, na melhor das hipóteses, à 16.ª colocação.

Estatisticamente, o Paraná é o pior time do campeonato brasileiro. Tem a 2.ª pior defesa (34 gols sofridos) e o 2.º pior ataque (17 gols marcados), totalizando o vexatório saldo negativo de 17 gols. É o resultado prático das cinco goleadas sofridas dentre as dez derrotas que o clube já amargou. A maré fez o técnico Gilson Kleina colocar o cargo à disposição, o que foi prontamente rechaçado pelo presidente José Carlos de Miranda. “Seria uma covardia”, disparou, reafirmando sua posição contrária à saída de Paulo Campos, há pouco mais de um mês.

“Fizemos a troca em um momento impróprio. Foram nove jogos em trinta dias e tínhamos um grupo muito grande”, analisou Miranda. “O Kleina tem feito bom trabalho e suas preleções são de altíssimo nível. Só que os resultados estão muito aquém do esperado.” Para o dirigente, o quadro é preocupante, mas não desesperador. “Temos 26 jogos e podemos sair dessa, com cabeça fria e coerência”, avisou.

O dirigente também demonstra preocupação com as equipes que disputam diretamente a permanência na Série A. “Dos clubes que estão numa faixa financeira compatível com a nossa, apenas o Paysandu está numa posição delicada. Nossa briga, hoje, é com equipes que têm bala para investimentos”, disse, numa referência a Flamengo, Guarani, Botafogo, Grêmio, Coritiba e Atlético Mineiro, todos integrantes do Clube dos 13.

Kleina ainda pensa em reforços

A comissão técnica reuniu-se ontem à tarde com dirigentes do clube. O objetivo: uma análise detalhada das deficiências existentes do grupo paranista. O clube já admite buscar novos reforços, pois as últimas contratações não surtiram o efeito desejado. Gilson Kleina fará as indicações, mas sem “sonhar” muito alto. O presidente Miranda já sentenciou que o Paraná trabalha com um orçamento e não poderá trazer atletas não compatíveis com a sua realidade.

Kleina, na semana passada, já havia pedido um lateral-direito e um atacante de velocidade. É certo que o treinador deve pedir mais um meia de criação e um zagueiro. “Nós só não podemos mais errar. Não adianta trazer por trazer. Precisamos de soluções”, disse Miranda. O dirigente não está satisfeito com a produção de jogadores como Cristian, Canindé e Sinval, os últimos a estrearem com a camisa tricolor. Reconhece, porém, que a falta de tempo para treinar é um fator a ser considerado nessa instabilidade de alguns atletas.

A diretoria quer ver os jogadores mais “comprometidos” com o clube e, apesar dos maus resultados fora de casa, o presidente diz que alguns dos profissionais, mesmo há poucos meses no tricolor, já têm demonstrado essa identidade com as cores do clube. Miranda preferiu não confirmar se eventuais contratações estariam ligadas a dispensas.

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