Campeonato Brasileiro

Os adversários: Ponte e Sport querem surpreender, e o São Paulo é a incógnita do Brasileirão

Rogério Ceni, de projeto de Guardiola a apenas projeto de treinador? Foto: Alan Morici/Estadão Conteúdo

Era o time a ser acompanhado no início do ano. Com um elenco reforçado, jogadores promissores e um mito no banco de reservas. Esse mesmo time foi eliminado no Campeonato Paulista, eliminado na Copa do Brasil e eliminado vergonhosamente na Copa Sul-Americana. O time que deveria chegar no Campeonato Brasileiro como sensação chega como a maior interrogação entre os vinte participantes. Afinal, qual será o São Paulo a ser visto até dezembro?

Definitivamente, Rogério Ceni não criou um padrão para o time. Suas ideias são interessantes e arrojadas, mas não encontraram eco no elenco. E claramente ele está ainda cru para tomar algumas decisões, o que leva o tricolor paulista a se perder em momentos decisivos. Foi o que fez o São Paulo ser presa fácil para o Corinthians na semifinal do Paulistão, não ter força para superar o Cruzeiro na Copa do Brasil e passar vexame diante do microscópico Defensa y Justicia na Sul-Americana.

E isso com um elenco que conta com o selecionável Rodrigo Caio, com os ótimos estrangeiros Cueva e Lucas Pratto, que logo terá o retorno de Wellington Nem, com Jucilei em ascensão, com o sempre eficiente Cícero… Mas que não tem um goleiro confiável, que sofre com a instabilidade de Bruno e Buffarini nas laterais e principalmente com a inconstância do seu treinador. Assim, o São Paulo que pode ser um candidato fortíssimo a uma vaga na Libertadores, entra no Brasileirão também podendo ser a grande decepção do campeonato.

Time base: Renan Ribeiro; Bruno, Maicon, Rodrigo Caio e Júnior Tavares; Jucilei, Thiago Mendes, Cícero e Cueva; Pratto e Wellington Nem.

Avaí

Apesar de já ter treinado Paraná Clube e Atlético, é no Avaí que Claudinei Oliveira terá o maior desafio da carreira. No Leão catarinense, o treinador está desde o ano passado, subiu da Série B e teve tempo de montar um elenco e uma estrutura tática. Perdeu o título estadual para a Chapecoense e foi eliminado por Tricolor e Londrina na Primeira Liga. Chega para o Brasileirão com mais dúvidas que certezas. E aposta na experiência do interminável Marquinhos e na velocidade de Diego Tavares.

Time base: Kozlinski; Diego Tavares, Alemão, Betão e Capa; Luan, Judson e Marquinhos; Romulo, Denilson e Júnior Dutra.
Técnico: Claudinei Oliveira

Atlético-GO

Walter pelo menos foi pra academia. Foto: Divulgação/Atlético CG
Walter pelo menos foi pra academia. Foto: Divulgação/Atlético CG

Walter. A possibilidade do Dragão no Campeonato Brasileiro passa muito pelo que o centroavante tiver vontade de fazer. Desde março sem atuar, Walter estreia contra o Coritiba nesta segunda (15), mas pairam sobre ele todas as dúvidas possíveis. Ele está a fim de jogar? Ele estará em forma? Ele resistirá às provocações da torcida? Ele vai se controlar? Se pensar apenas em futebol, o atacante é uma contratação e tanto. Se não for, o técnico Marcelo Cabo (aquele que sumiu e que não explicou por que sumiu) terá que esperar de outros jogadores para escapar do rebaixamento.

Time base: Klever; Eduardo, Roger Carvalho, Ricardo Silva e Bruno Pacheco; André Castro, Marcão Silva, Andrigo e Jorginho; Everaldo e Walter.
Técnico: Marcelo Cabo

Bahia

A estratégia de montar um elenco de Série A na Segundona do ano passado quase deu errado, mas no final acabou dando certo. Para este ano, o Bahia, adversário do Atlético neste domingo (14) manteve a ousadia no investimento, mesmo que tenha perdido jogadores como Renato Cajá (que voltou para a Ponte Preta). Guto Ferreira esteve a pique de ser demitido após a eliminação na Copa do Brasil para o Paraná Clube, mas continua. E no Fazendão se fala em Libertadores. “Tem que sonhar, enquanto há vida há esperança. A gente tem meta de fazer uma boa competição”, disse o bom lateral-direito Eduardo.

Time base: Jean; Eduardo, Tiago, Jackson e Armero; Edson, Juninho, Régis e Allione; Edigar Júnio e Hernane.

Chapecoense

Ainda sob o impacto da tragédia de Medellín, a Chapecoense foi se remontando e voltando à vida. Brilhou no Campeonato Catarinense, ganhando o título. Mas sofreu um golpe duro com a perda da Recopa Sul-Americana, sendo derrotada justamente para o Atlético Nacional na Colômbia. Vágner Mancini agora quer o foco no Brasileirão e nas chances remotas de classificação na Libertadores. Mas ainda há a Copa do Brasil, Copa Suruga, Troféu Joan Gamper e Eusébio Cup. A sequência de partidas que vai internacionalizar a Chape pode atrapalhar o desempenho no Brasil.

Time base: Artur; João Pedro, Victor Ramos, Douglas Grolli e Reinaldo; Luiz Antônio, Andrei Girotto e Moisés; Niltinho, Rossi e Túlio de Melo.

Ponte Preta

É hora do grande salto. Após boas campanhas e o vice-campeonato paulista, a Ponte Preta quer entrar no grupo dos times médios do futebol brasileiro. Quer ser um constante “intruso” entre os primeiros colocados, e beliscar uma vaga na Libertadores. Para que este plano dê certo no Brasileirão deste ano, a Macaca teve o sério desfalque de William Pottker, que foi para o Internacional, e ainda pode perder Clayson a qualquer momento. Mas há muita confiança no trabalho de Gílson Kleina, e na experiência dos recém-contratados Rodrigo e Emerson Sheik.

Time base: Aranha; Nino Paraíba, Yago, Rodrigo e Fernandinho; Fernando Bob, Elton, Renato Cajá e Lucca; Clayson e Emerson Sheik.
Técnico: Gilson Kleina

Sport

Ano após ano, o Sport vem se solidificando como um dos clubes mais organizados fora do “eixo do mal”. Inclusive, até mais organizado que alguns clubes de lá. O resultado disso está em campo, na série de conquistas e finais que vem atingindo, e na presença de Diego Souza na seleção brasileira – fato digno de registro quando a maioria dos convocados está na Europa. Ney Franco terá que dividir o time entre Copa do Nordeste, Pernambucano (as finais das duas competições ainda não aconteceram) e a Copa Sul-Americana. Mesmo assim, o sonho do Leão é chegar na Libertadores.

Time base: Magrão; Samuel Xavier, Ronaldo Alves, Durval e Mena; Fabrício, Rithely e Diego Souza; Oswaldo, Rogério e André.
Técnico: Ney Franco

Vasco

Jean, ex-Paraná Clube, hoje é um dos destaques do Vasco. Foto: Pedro Fernandes/CR Vasco da Gama
Jean, ex-Paraná Clube, hoje é um dos destaques do Vasco. Foto: Pedro Fernandes/CR Vasco da Gama

Como se sabe, apostar em Milton Mendes não é das coisas mais normais a serem feitas por um clube. Mas, nesse início de Campeonato Brasileiro, não será surpresa se o Vasco iniciar bem – mesmo estreando contra o líder Palmeiras. Como teve “tempo livre” (por causa da eliminação precoce no Campeonato Carioca), MM aplicou a receita de treinos em dois períodos para deixar o time em ponto de bala. Aí pode dar aquela – uma largada fulminante e depois uma sequência de derrotas. O certo é que o estilo do treinador já não anda agradando muito em São Januário.

Time base: Martín Silva; Gilberto, Jomar, Rafael Marques e Henrique; Jean, Douglas, Nenê e Wagner; Kelvin e Luís Fabiano.
Técnico: Milton Mendes

Vitória

Um bom elenco, uma torcida louca para apoiar, mas uma série de decisões erradas. É como se pode resumir a temporada do Vitória, que mesmo com o título baiano vive um momento de tremenda turbulência. A salvação do rebaixamento no ano passado fez com que o clube mantivesse Argel Fucks. Esse foi o primeiro erro, que demorou a ser corrigido. Ele só foi demitido após a eliminação na Copa do Nordeste, com direito a chamar Edson, do Bahia, para a porrada. Com técnico interino na conquista do Baiano, a diretoria contratou Petkovic para ser o diretor. Em uma semana aconteceu o esperado – Pet convenceu os cartolas que ele deveria ser o técnico. Essa história já é bem conhecida.

Time base: Fernando Miguel; Patric, Fred, Alan Costa e Geferson; Willian, Bruno Ramires, Cleiton Xavier e Gabriel Xavier; André Lima e David.
Técnico: Petkovic