ONG ganha espaço no atletismo nacional

A sigla Symap passou a figurar nas listas de resultados das principais provas de fundo do atletismo brasileiro nos últimos meses, no lugar da tradicional indicação dos clubes dos corredores. Symap é a sigla para o nome Sylvio de Magalhães Padilha, uma organização não-governamental criada para apoiar o atletismo de alto rendimento e desenvolver projetos sociais e culturais. Na última Corrida de São Silvestre, Alan Wendel Bonfim da Silva, de 24 anos, que não era apontado entre os favoritos, surpreendeu ao chegar em quinto, o segundo melhor brasileiro, e ocupar um lugar no pódio – perdeu um duelo com o etíope Sileshi Sihen pela quarta colocação por apenas um segundo.

Alan é um dos cinco atletas da Symap, que colocou mais dois fundistas entre os melhores da São Silvestre: Clodoaldo Gomes da Silva (14.º) e Gilson Rodrigues de Miranda (15.º). A ONG ainda foi terceira na Maratona Pão de Açúcar de revezamento e ganhou duas medalhas de prata, nos 5.000 e 10.000 metros do Troféu Brasil, ambas com Clodoaldo Gomes da Silva, em setembro.

A Symap tem mais dois atletas – Alecssandro Neri e Gilialdo Kobal – no grupo que deve chegar a dez corredores de fundo.

Do técnico Adauto Domingues, de 41 anos, vem a explicação sobre a ONG, criada em agosto de 2002, por um grupo de empresários, profissionais liberais e ex-atletas. “A idéia é atuar na transformação da sociedade, a partir de valores do olimpismo”, afirmou. Ele contou que os atletas têm o apoio de uma equipe multidisciplinar com fisioterapeuta, nutricionista, médicos, psicólogo e uma técnica em deep runing (trabalho em piscina), além dele, que orienta treinos no Ibirapuera.

Adauto Domingues, que competiu nos Jogos Olímpicos de Seul, em 1988, é bicampeão pan-americano (1987 e 1991), nos 3.000 metros com obstáculos, e medalha de prata, nos 5.000 metros (1987). “A idéia é oferecer infra-estrutura para formar atletas olímpicos”, ressaltou.

Além do alto rendimento, a Symap prepara um trabalho de formação para ser desenvolvido na comunidade de Paraisópolis, próxima ao Morumbi, em São Paulo, com garotos carentes. “Com treinos periódicos – aulas teóricas e práticas – queremos incutir o ideal olímpico nas crianças, mostrar que existem alternativas”, explicou Pedro Chiamulera, de 38 anos, ex-atleta que também integra a ONG – especialista nos 110m e nos 400m com barreiras, disputou a Olimpíada de Barcelona (1992) e de Atlanta (1996).

A ONG também deseja atuar na área cultural. Um dos projetos é juntar o acervo olímpico do major Sylvio de Magalhães Padilha em um memorial. Magalhães Padilha disputou a Olimpíada de 1932 e de 1936 – foi quinto colocado nos 400 metros com barreiras. Ele ainda foi o primeiro brasileiro a chegar a uma final olímpica no atletismo. Dirigiu o Comitê Olímpico Brasileiro entre 1963 e 1990 e foi membro honorário do Comitê Olímpico Internacional (COI).

A ONG tem o patrocínio da Nike – a equipe compete como Symap/Nike -, o apoio da Medial Saúde e da Dentalcorp, e as mensalidades pagas pelos associados. Dentre eles, estão dois netos de Sylvio de Magalhães Padilha, o presidente da ONG, Paulo de Magalhães Padilha Murray, e Alberto Murray Neto, além de Simon Franco, Renato Soriano e Joe Yaqub Khzouz.

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