O último capítulo na série B

Rio – O técnico Levir Culpi teve mais um dia intenso e festivo. Por toda parte, recebeu cumprimentos de populares, torcedores do Botafogo e mesmo de outras equipes cariocas, pela classificação do alvinegro à primeira divisão do futebol brasileiro, conquista assegurada com a vitória sobre o Marília por 3 a 1, na noite de sábado. Foi saudado até na travessia da Ponte Rio-Niterói por motoristas de táxi e carros de passeio, quando se dirigia a Niterói, no início da tarde, para comandar o treino no Caio Martins.

Nesta entrevista para a Agência Estado, ele falou sobre o próximo jogo, o de encerramento da série B, contra o Palmeiras, da alegria de ver saldada a dívida com o clube paulista, e destacou a grandeza do time do Botafogo. Encerrou a conversa com um discurso que soou mais como desabafo. “Por tudo que passei, por tudo que esses dois clubes passaram, espero que o jogo de sábado seja o último para mim e também para Palmeiras e Botafogo na história da segunda divisão.”

AE – Qual a sensação 48 horas depois de conseguir levar o Botafogo de volta à primeira divisão? Já deu para descansar, retomar o rotina?

Levir

– O sentimento é de alívio. Uma alegria que se faz presente a todo instante, com o carinho do público, em geral.

AE

– Embora a festa continue, o Botafogo vai entrar em campo novamente para enfrentar o Palmeiras, no sábado. Como será o confronto?

Levir

– Vamos ter de preservar a tradição desse clássico. Mas não vai ter pressão, vai ser sem aquela carga toda, a pontuação não vale mais. Para mim, esse jogo servirá para comemorarmos juntos o acesso à primeira divisão. Nada mais do que isso.

AE

– Como espera ser recebido pelos palmeirenses?

Levir

– O Botafogo jogou com o Palmeiras na primeira fase no Parque Antártica. Naquele empate (0 a 0), ninguém jogou nem papel no gramado, não houve vaia, nenhum corinho contra mim ou o Botafogo. Isso demonstra a minha relação com a torcida do Palmeiras. Vai ser absolutamente tranqüilo o nosso reencontro. Até porque nos três meses por que passei no clube, em 2002, só recebi manifestações de apoio dos palmeirenses.

AE

– Magrão disse que havia do outro lado quem duvidasse da capacidade técnica do Palmeiras. Entende que ele estava se dirigindo a você?

Levir

– Não existe isso. Ele nem trabalhou comigo e eu jamais questionei algo parecido. Aliás, a crítica que fiz assim que cheguei ao Palmeiras, em 2002, foi a do clube ter se desfeito do Magrão. Eu queria ele no time, assim como fui contra a saída do Claudecir, do Fernando e do Galeano.

AE

– Em algum momento sentiu a classificação do Botafogo ameaçada? Após a derrota por 3 a 1 para o Sport, pensou no pior?

Levir

– Ali a pressão aumentou. Mas havia uma convicção muito grande de todo elenco do Botafogo, desde o início da competição, de que poderíamos chegar à classificação. Mas sei também que qualquer um dos quatro clubes finalistas apresentava condições de subir para a série A. O Marília e o Sport poderiam tranquilamente estar ocupando a vaga de Palmeiras e Botafogo.

AE

– O Botafogo comemorou a volta à elite do futebol como se houvesse conquistado um título. Não ficou faltando erguer o troféu de campeão da série B para completar a festa?

Levir

– O objetivo desde o início era chegar entre os dois primeiros. E foi alcançado. Os dois times foram premiados, mas é claro que um título é importante para a carreira de qualquer um, coroa um trabalho.

AE

– Espera se despedir de vez da série B no sábado?

Levir

– A dívida que eu tinha com o Palmeiras, por ter caído com o clube em 2002, era a mesma de alguns atletas do Botafogo com o clube carioca. Cito o Sandro, o Gilmar. Eles, assim como eu, estavam travando uma briga pessoal. Então, todos nós vencemos. O Botafogo e o Palmeiras venceram. Por tudo que passei, por tudo que esses dois clubes passaram, espero que o jogo de sábado seja o último para mim e também para Palmeiras e Botafogo na história da segunda divisão.

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