Divulgação/WTCC
Curitibano e único brasileiro no mundial de Turismo, Augusto Farfus Júnior sofre
a pressão de correr – e vencer – em casa.

Começa hoje, em Curitiba, a temporada internacional do automobilismo. Não é a primeira vez que isso acontece, ano passado foi a mesma coisa. Mas é um feito para uma cidade ?periférica?, de um país de ?Terceiro Mundo?. Se o Campeonato Mundial de Turismo da FIA (WTCC) não tem o mesmo charme e a mesma força da Fórmula 1 ou do mundial de rali (as outras grandes competições internacionais), é um campeonato mundial. E a honraria da primeira largada é de Curitiba.

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O WTCC manteve suas regras (ver quadro) neste ano, e por isso a etapa paranaense abre uma temporada de onze provas, com 22 corridas no total. Hoje, as largadas estão marcadas para as 13h20 e 16h20, no Autódromo Internacional de Curitiba, em Pinhais. O período de ?espera? segue sendo um acerto entre os organizadores locais e a emissora de TV detentora dos direitos de transmissão para a Europa.

Há riscos por causa do horário do início da segunda corrida – um deles é a saída do público, para fugir de possíveis engarrafamentos (a previsão é de cerca de 25 mil pessoas no AIC) ou mesmo para assistir futebol, já que tem jogo do Atlético às 15h30 na Arena. Além disso, o tempo pode atrapalhar, já que a previsão do Simepar é de céu nublado e chuva à tarde. A favor, o tempo curto da prova, que pode evitar maior ?escuridão? na pista – serão apenas 14 voltas em cada corrida.

E os riscos são menores que a motivação. A etapa de Curitiba se consolidou no WTCC, é uma das mais agitadas e até por isso se tornou a que abre o Mundial. Com o conhecimento da categoria pelo público, pelo acompanhamento da imprensa (o canal Sportv e a rádio Transamérica Pop anunciam a transmissão das corridas) e pelo apoio incondicional da Prefeitura Municipal, a cidade ?adotou? o campeonato, e entrou no espírito da corrida.

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E, claro, apoiando Augusto Farfus Júnior, o curitibano que é o representante brasileiro na competição. Mais maduro, em ótimo momento dentro e fora das pistas (casou-se na semana passada), Farfus entra como favorito, até porque foi quem mais liderou em Curitiba nas quatro corridas – duas etapas – já realizadas no AIC. Ele confia muito no rendimento do carro da BMW, que sempre se adaptou bem ao circuito paranaense. E sabe que, assim como no ano passado, ele corre pressionado a vencer, o que conseguiu em 2007. ?Todo mundo quer que eu vença, eu também pretendo, mas não será fácil?, adverte.

Ele inicia o ano como um dos candidatos ao título, como seus companheiros de BMW (o tricampeão Andy Priaulx e o alemão Jörg Müller), o suíço Alain Menu, da Chevrolet, e o espanhol Jordi Genè, da Seat. Como a temporada é longa, é difícil fazer previsões. Mas o público ficaria bem satisfeito com uma vitória em casa. ?Com o autódromo lotado, com a galera vibrando junto, é tudo ótimo. Correr aqui é diferente?, finaliza Farfus.

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Campanha pelo meio ambiente

Os participantes do WTCC passarão a apoiar uma iniciativa da FIA em favor do meio ambiente a partir da etapa de abertura do calendário. Durante a prova brasileira, e por toda a temporada, todos os carros estamparão o logo da campanha ?Make Cars Green?.

Com abrangência internacional, a campanha tem como principal objetivo reduzir o impacto do automóvel no meio ambiente. O propósito pode ser alcançado de diversas maneiras, como por meio de combustíveis menos agressivos e redução de consumo via eficiência do piloto, a introdução de novas tecnologias que ajudem o motorista a monitorar seu impacto ambiental, a evolução no desenho dos pneus para reduzir o consumo de energia, além do apoio à utilização de combustíveis sem chumbo.

Com pneus melhores, categoria fica mais rápida

A grande diferença do WTCC com a Fórmula 1, pelo menos até o ano passado, era a velocidade dos avanços tecnológicos. Enquanto o Mundial de Turismo mantinha a maior proximidade com os carros de rua, a F1 evolui de forma impressionante. Mas 2008 promete ser diferente. Com melhorias técnicas e uma ?ajudinha? dos autódromos, o campeonato deve ser bem mais rápido e atrativo para o público.

Nem foi preciso esperar muito para se perceber isso. Augusto Farfus Júnior pulverizou o recorde do autódromo Raul Boesel na sexta-feira. Ontem, no treino livre da manhã, outra quebra de recorde, desta vez de Jörg Müller, que reduziu o tempo do piloto curitibano em dois décimos (fechando sua melhor volta em 1min24s566).

Para tanta melhora, houve uma evolução no composto de borracha usado nos pneus – há apenas uma fornecedora, a japonesa Yokohama. Só esta alteração fez efeito, pela possibilidade maior dos carros ?explorarem? os pneus. E, com isso, os acertos aerodinâmicos ficam mais evidentes.

E o autódromo paranaense também está colaborando. A pista foi recapeada, e o novo asfalto recebeu elogios dos pilotos. ?Acho que 60% da melhora dos tempos é resultado do piso, que está bem melhor do que na corrida de 2007?, disse Augusto Farfus. (CT)

COMO É O CAMPEONATO MUNDIAL DE TURISMO

– A idéia dos organizadores é deixar sempre os carros o mais parecido possível com os automóveis de rua.

Por isso, motores e chassi são praticamente os mesmos dos BMW 320si, Seat León e Chevrolet Lacetti à venda na Europa.

– A corrida tem duração média de meia hora. Em Curitiba, serão 14 voltas no Autódromo Raul Boesel, que tem 3.695 metros de extensão.

– A classificação final da primeira corrida define o grid da segunda. É o chamado ?grid invertido?, mas não na sua totalidade. O vencedor da prova larga em oitavo, o segundo em sétimo e assim sucessivamente, até o oitavo colocado, que será o pole-position. Do nono colocado em diante, vale a posição final na corrida recém-encerrada. A pontuação é igual à da F1. Cada prova do dia dará dez pontos para o vencedor, oito para o segundo colocado, seis para o terceiro, cinco para o quarto, quatro para o quinto, três para o sexto, dois para o sétimo e um para o oitavo.