O céu é rubro-negro

NO CÉU / Atlético entra para o seleto clube dos campeões brasileiros em 30 anos

São Caetano – Parafraseando uma recente manchete da Tribuna, o presidente Marcus Coelho definiu bem a conquista de campeão brasileiro pelo Atlético: “O céu é o limite. E o Atlético chegou no céu”. Depois de 77 anos de muita história, acompanhado por uma legião de torcedores que arregimentou com o passar dos anos, o Rubro-Negro comemorou ontem o título mais importante de sua existência. Uma conquista valorizada, frente a um adversário brioso. Pois o São Caetano provou, durante os 180 minutos da decisão, porque foi o time que mais somou pontos na primeira fase do campeonato.

Mas o Atlético teve algo mais. Jogou, na Arena e na casa do adversário, com pinta de campeão. Os jogadores foram aguerridos, doaram o melhor de si para que hoje a torcida pudesse acordar com uma certa estrela, tão desejada, grudada no peito.

E o sucesso nacional não poderia aparecer de melhor forma. Ao contrário das quartas e semifinais, na decisão o Rubro-Negro não jogou com o regulamento ao seu favor. Nem precisou. Venceu os dois jogos, marcando cinco gols e sofrendo apenas dois.

Construiu a vantagem que precisava vencendo por 4 a 2 a primeira partida, na Arena da Baixada. Ontem pensava-se que o técnico Geninho armaria um esquema diferente, para segurar a vantagem e garantir o título. Mas, para buscar a taça, o treinador não precisou inventar moda. Manteve o mesmo estilo agressivo de jogo, a partir de uma marcação forte e eficiente, e venceu novamente.

Definir a conquista atleticana é tarefa para mágico, psicólogo ou algum paranormal. As vertentes de emoção são muitas. Antes mesmo do apito final, lágrimas vertiam dos olhos de dirigentes, jogadores, familiares e torcedores.

A torcida, que fez a festa e se comportou bem durante toda a sua estada em São Caetano do Sul, soltou o grito, que estava ensaiado há muitos anos. Para a diretoria, trata-se do coroação de um trabalho iniciado há seis anos. Para o atual elenco, a certeza do dever cumprido. E para a imprensa nacional, que desprezou a decisão deste ano, a resposta na medida certa. A certeza de que o futebol não se faz mais calcado em fantasias de cartolas. Que sem organização e planejamento, não se chega a lugar nenhum.

O Atlético tem justamente isso na sua retaguarda e hoje, com os méritos e louvores da vitória, borda no escudo da sua história a primeira estrela dourada, como o primeiro campeão brasileiro do terceiro milênio, para onde, aliás, já olha há muito tempo.

Clube promete manter a base

São Caetano ? E agora José? Mesmo na euforia da comemoração do primeiro campeonato brasileiro da história do clube, o futuro do Atlético, para o ano que vem, começou a ser planejado. A Tribuna conversou com o meia-esquerdo Fabrício, do América Mineiro, que admitiu estar prestes a vestir a camisa rubro-negra. Quanto ao destino de Alex Mineiro, Nem, Souza e do técnico Geninho, a intenção da diretoria é que todos continuem no clube.

“Agora eu só quero curtir o momento”, respondeu o coordenador de marketing do Atlético, Mário Celso Petraglia, assim que o jogo com o Azulão terminou. Mesmo assim a diretoria atleticana já deu a linha do Atlético para 2002: “O clube vai manter a filosofia que adotou, procurar jogadores jovens manter a base do time”, afirmou o presidente Marcus Coelho.

Para isso o Atlético terá que entrar em acordo salarial com Alex Mineiro e o técnico Geninho. Para que os dois fiquem no Rubro-Negro esse é o principal fator a ser resolvido. O clube tem os R$ 2 milhões para pagar o Cruzeiro, mas o maior empecilho para que o atacante fique no Paraná é o acerto de seu salário, que seria próximo de R$ 110 mil mensais.

O mesmo se aplica a Geninho. “Entre o que ele quer e o que nós oferecemos, a diferença é pequena”, revelou Coelho. Em comparação com o que ele recebia e o que vai passar a ganhar, aí sim a diferença é grande”, completou. O maior assédio ao técnico foi do Palmeiras, que na semana passada ofereceu mais de R$ 100 mil de salário para que se transferisse para lá ano que vem.

O zagueiro Nem disse que sua vontade é ficar no Furacão e “vencer a Libertadores”. Para tanto o Atlético tem que depositar R$ 700 mil para o São Paulo. “É só a diretoria querer que eu fico”, afirmou. Já a permanência do meia Souza vai depender muito de quem assumirá a presidência do Atlético. Marcus Coelho, quem trouxe o jogador para o clube, afirmou que não vai tentar a reeleição. Para que o meia viesse, Coelho, teve que bater no peito e enfrentar a desconfiança de grande parte da cúpula rubro-negra. Muita gente da diretoria pensava que Souza era um medalhão e não valia o investimento. Os candidatos a presidentes para o ano que vem são Mário Celso Petraglia, Valmor Zimermann e Ênio Fornéa.

Quem também pode vir para o Furacão é o meia Adrianinho, da Ponte Preta. Mas o jogador está sendo disputado com duas equipes de São Paulo. Enquanto isso o nome de Preto, do Bahia, ainda permanece na lista dos pretendidos pelo Atlético.

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