Novela Dagoberto ainda não está encerrada

Dagoberto já não faz mais parte do elenco do Atlético, mas o clube ainda vai ter que esperar para ter algum retorno financeiro com o jogador. Os R$ 5,46 milhões depositados em juízo pelo atacante ficam sob guarda da Justiça até o julgamento final do caso, que deve ocorrer apenas em meados de maio. E o Furacão ainda terá que dividir o valor pela metade com o PSTC, clube de Londrina que é sócio do time da Baixada nos direitos econômicos sobre Dago.

A guerra travada nos tribunais ainda pode trazer mudanças significativas no valor que cabe ao Atlético, que pode até mesmo ficar de mãos abanando. No recurso impetrado contra a decisão judicial que prorrogou o contrato do jogador com o Rubro-Negro por 250 dias, os advogados de Dagoberto pedem a anulação da multa rescisória.

A defesa de Dago alega que a cláusula penal para transferência entre clubes do Brasil, fixada inicialmente no contrato em R$ 27,3 milhões, é ilegal. Quando renovou com o Furacão, em julho de 2002, o jogador recebia um salário mensal de R$ 10 mil. Como a Lei Pelé limita a multa em cem vezes a remuneração anual do atleta, seus advogados entendem que ela não poderia ser superior a R$ 13 milhões.

O Atlético diz que o valor de R$ 27,3 milhões foi baseado na projeção de reajustes salariais registrada no contrato. Uma das cláusulas do documento determina que Dagoberto receberia um aumento a cada ano de vínculo com o Furacão. No ano passado, seu salário chegou a R$ 35 mil.

De acordo com o artigo 28 da Lei Pelé, a multa rescisória sofre uma redução progressiva à medida que o período contratual vai se encerrando. No quarto ano de vigência, ela cai para apenas 20% do valor original. Ou seja, os R$ 5,43 milhões pagos em juízo por Dago.

Porém, o Furacão ainda tem esperança de lucrar muito mais que isso com a saída do jogador. Enquanto Dago tenta deixar o Atlético sem ter que pagar nada, o Furacão quer a prorrogação do contrato por mais 98 dias.

O clube também recorreu da decisão inicial e busca estender o vínculo com o jogador por mais 98 dias, tempo que Dagoberto ficou parado devido a uma segunda contusão, que seria decorrente da negligência do jogador na recuperação da cirurgia no joelho. Se os advogados rubro-negros tiverem sucesso, o valor da multa volta para o previsto para o terceiro ano de contrato: R$ 16,2 milhões.

Nesse caso, uma nova polêmica já está desenhada.

A defesa de Dago quer garantir ao jogador o direito de optar entre pagar os R$ 10,77 milhões de diferença ou voltar ao clube para cumprir mais 98 dias de contrato. O pedido já foi feito à Justiça, mas foi indeferido pela juíza Rosemarie Diedrichs Pimpão, na mesma medida cautelar que garantiu ao jogador o direito de depositar a multa rescisória em juízo.

O Atlético considera absurda a possibilidade de Dagoberto voltar ao clube. No entender do clube, ao romper unilateralmente o contrato, o atacante encerrou definitivamente essa possibilidade. Se for vencedor no julgamento do recurso, o Furacão vai exigir o pagamento da milionária diferença.

Falta pouco pra fechar com o São Paulo

Dagoberto está contando as horas para se apresentar como novo reforço do São Paulo. O jogador já está na capital paulista, onde ontem realizou exames médicos no Hospital do Coração. Ele aguarda apenas que a Justiça do Trabalho comunique à CBF a rescisão de seu contrato com o Atlético para assinar com o clube do Morumbi.

Dago espera que seu rompimento com o Furacão seja oficializado hoje. ?Demos entrada à tarde (de ontem) com a documentação. Esperamos que no máximo até a tarde de amanhã (hoje) seja expedido o ofício pedindo a liberação do vínculo federativo à CBF. Daí ele estará livre para assinar com outro clube?, explica Fernando Barrionuevo, advogado do atacante.

Para rescindir unilateralmente com o Atlético, Dagoberto diz ter depositado em juízo os R$ 5,56 milhões referentes à cláusula penal prevista em seu contrato com o clube. O dinheiro teria sido obtido com um aval bancário junto ao Bradesco, banco que o São Paulo usa em toda sua movimentação financeira.

Dago já está em São Paulo, acompanhado de seu procurador, Naor Malaquias, aguardando pela liberação. Na manhã de ontem, ele fez exames no Hospital do Coração, onde foi atendido pela equipe do médico Nabil Ghorayeb. O hospital é usado regularmente pelo tricolor paulista para avaliar seus atletas.

Com tantas evidências, o clube do Morumbi resolveu abrir o jogo. ?Está na hora dessa novela chegar ao fim. Entre o São Paulo e o jogador já está tudo certo e assim que a CBF liberá-lo do Atlético fecharemos o negócio?, declarou o vice-presidente de futebol do São Paulo, Carlos Augusto de Barros e Silva, em entrevista à Agência Estado.

O Atlético já prepara o contra-ataque. O Furacão já avisou que vai acionar o São Paulo por aliciamento do jogador, mas ainda não deixou claro como vai fundamentar a denúncia.

O Paraná-Online tentou ontem o contato com o advogado do Atlético, Marcos Malucelli, mas ele não retornou as ligações da reportagem. Em São Paulo, Naor Malaquias também não atendeu seu telefone celular.

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