Nove quilos mais pesado, Tiago Camilo estreia nesta quarta-feira

Em 2008, Tiago Camilo era o melhor judoca do mundo eleito pela federação internacional, líder do ranking em sua categoria e havia sido campeão mundial um ano antes, ou seja, era favorito ao ouro olímpico que tinha perdido na final em Sydney-2000. Mas foi bronze em Pequim.

Este ano, aos 30, o judoca paulista chega a Londres com nove quilos a mais do que na última Olimpíada e em um patamar diferente. Por opção própria, diz à Folha, não está entre os melhores do mundo antes dos Jogos. Camilo faz sua primeira luta às 6h05 de amanhã contra o ucraniano Roman Gontiuk.

“Quando subi de categoria, mudei meu foco. Queria me classificar sem ser o melhor, não queria ser “o cara”. Queria ficar entre sexto e oitavo. E vou ser o cabeça de chave número 6 da Olimpíada. O objetivo foi cumprido. Quando eu era número 1, os judocas lutavam para me bloquear. Era o cara a ser batido”, afirmou Camilo antes do embarque para Londres.

Nestes Jogos, o campeão mundial de 2007 pode ser o primeiro judoca a conseguir medalhas em três categorias diferentes. Ele foi prata em 2000 (até 73 kg), bronze em 2008 (até 81 kg) e, amanhã, luta na até 90 kg. Ele mede 1,80 m.

“É inevitável [não pensar em medalha]. Todo mundo espera o ouro. Cobram porque sabem que tenho potencial. Não vejo como cobrança, mas como possibilidade, pela capacidade que tenho. Olho para trás e vejo os resultados que tive, sei da capacidade que tenho para realizar o sonho maior que é ser campeão olímpico”.

A mudança de categoria e na forma de classificação para Londres, porém, fizeram deste ciclo olímpico o mais desgastante da carreira de Tiago Camilo. Em quatro anos, foram diversas e sérias contusões. A última quase o tirou dos Jogos.

Em fevereiro, no Grand Slam de Paris, o judoca sofreu uma lesão ligamentar conjunta próxima ao ombro, o que ocasionou um problema cervical.

Na época, ele ainda brigava pela vaga olímpica com Hugo Pessanha. Se classificaria o judoca com mais pontos no ranking mundial. Essa nova forma que a Confederação Brasileira de Judô estabeleceu para definir o representante em Londres fez com que todos lutassem mais em busca de pontos, o que desgastou os atletas.

Para superar essa fase, dois meses antes de embarcar para Londres o medalhista olímpico adotou uma nova forma de terapia: a flutuação.

A técnica consiste em entrar em um tanque com 650 litros de água e 350 kg de sal (sem iodo) a uma altura de 25 cm, ficar fechado por uma escotilha e boiar por cerca de uma hora como se estivesse no vácuo -sem força da gravidade, som ou luz.

Outra mudança foi na dieta do atleta. Hoje ele consome cerca de 6 mil calorias por dia. “Mudar de categoria é muito difícil. E ganhar nove quilos de massa magra demora. Daí você se machuca, perde condicionamento, e afina. Nesse ciclo [de quatro anos] eu lutei pesando 88 ou 89 kg, em Londres vou pesar 90. Esses dois quilos vão fazer a diferença. Estou mais forte. A ideia é surpreender”.

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