Como esquecer a entrada sempre barulhenta e cheia de alegria na redação. Aquele vozeirão ecoando e anunciando que estava chegando o jornalista mais antigo, inclusive mais antigo que a própria Tribuna, pois ele já estava na empresa antes mesmo da fundação do jornal.

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A redação parava pra cumprimentar e se divertir com as histórias, e não eram poucas, mesmo aquelas que ele já havia contado inúmeras vezes. Mas ninguém se importava em largar o que estava fazendo, pelo menos por alguns minutos, para dar ouvidos ao Nelson Domingos Comel.

Uma figura carismática, cheia de vida e energia, um cara que brigava todos os dias por mais espaço no jornal e que com seus 80 e poucos anos fazia questão de “bater ponto” todo dia na redação e fechar suas páginas.

A sua paixão pelo esporte amador sempre foi gigantesca. Não é à toa que ele largou o curso de medicina no terceiro ano pra se dedicar ao jornalismo. Atleta por natureza, Comel foi da seleção paranaense de vôlei e de basquete. Por muitos anos esteve à frente da Federação Paranaense de Desportos Universitários, quando levou o nome do Paraná a todos os lugares através do esporte.

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Criou em 1969 o Peladão da Tribuna, o maior campeonato de futebol amador do País e que movimentava inúmeros atletas e amantes do futebol nos campos de Curitiba e Região Metropolitana. Diversos jogadores profissionais, antes de brilharem nos gramados, suaram a camisa nas canchas de areia do Peladão. Campeonato que era como um filho para Comel, que cuidava de tudo, desde o regulamento, até a confecção das carteiras de atletas, arbitragem, policiamento, arbitral, premiação e festa de encerramento. Não por acaso que o campeonato era mais conhecido por Peladão do Comel.

Quantas vezes ele reuniu os representantes das equipes participantes na sala de reuniões da redação para fazer o arbitral e quantas vezes não se ouviram gritos e discussões acaloradas, causando até sustos na turma da redação.

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E a festa que o Comel fazia todo dia 30 de março, data do seu aniversário. A redação inteira era convidada para saborear as pizzas que ele mandava entregar. Um momento de descontração e muita alegria por mais um ano que ele nos emprestava sua presença marcante e sua experiência.

Sem falar ainda nos famosos carneiros, ou melhor, os borregos, que ele assava em sua casa e convidava a turma da editoria de esportes para comer. Era um bálsamo ver aquele senhor, com mais de 80 anos, recepcionando todos na sua churrasqueira, contando alguma história das inúmeras pescarias que fazia todo sábado na represa do Capivari, sempre acompanhado do seu inseparável parceiro, o Marcos Lourenço, o Marquinhos.

E a tristeza é enorme, do tamanho do coração deste ícone do jornalismo paranaense. Nelson Comel ou como a gente costumava chamá-lo, nosso Véio Loco, vai fazer muita falta. Perdemos nossa referência. Ficam as lembranças de tantas coisas boas e engraçadas, as discussões, as brigas por espaço, o vozeirão que ecoava por toda redação e o carinho que ele tinha com todos. Se hoje a gente ouvir trovões, pode ter certeza que é o Nelson Comel anunciando sua chegada aos céus. Que Deus te receba de braços abertos.

Sem vaidade

Comel sempre foi simples e nunca quis os holofotes para si. “O meu pai nunca foi ganancioso, ambicioso e nem vaidoso, mesmo tendo trabalhado na televisão, onde existe muita vaidade e ego”, disse Cecília Comel.

Marcelo Dias Lopes, gerente de eventos da RPCTV

“Perdemos Nelson Comel! Um jornalista esportivo que era realmente apaixonado pelo esporte paranaense e suas causas!”

Reconhecimento

Assim como o esporte era importante ,para Comel, a recíproca também é verdadeira. Tanto que em 2003 foi criado o Torneio Nelson Comel de basquete veterano, em homenagem ao jornalista.