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‘Não somos atletas olímpicos’, diz Anderson Silva sobre rigor do doping no UFC

Anderson Silva está de volta ao octógono após dois anos. Nesse período, o ex-campeão peso médio cumpriu suspensão de um ano imposta pela Agência Antidoping dos Estados Unidos (Usada, na sigla em inglês). Agora, o “Spider” encara o nigeriano Israel Adesanya, em Melbourne, na Austrália, pelo UFC 243, neste sábado. A luta do brasileiro é a segunda principal da noite, antecedendo a disputa do cinturão entre Robert Whittaker contra Kelvin Gastelum.

Em entrevista ao Estado, Anderson Silva aborda as principais dificuldades dos lutadores em relação às exigências da Usada e soluções para diminuir os casos de doping entre atletas do UFC. Além disso, o peso médio comenta sobre o período de preparações na Austrália e a estratégia para sair com a vitória sobre Adesanya.

Qual a sua opinião sobre o papel da Usada com os atletas do UFC? Acredita que deveria haver alguma mudança para facilitar a vida dos lutadores?

A Usada faz muito bem o trabalho dela. Mas a gente não pode esquecer que não é um esporte olímpico. De repente você toma uma aspirina e cai no doping. Não somos atletas olímpicos. É nessa questão que acaba pegando um pouco. Alguns podem até ser ex-atletas olímpicos. Mas a gente não tem um ciclo olímpico. Acho que muita coisa que acaba sendo feita atrapalha um pouco. Mas a Usada faz o trabalho dela e a gente tem que respeitar.

Qual seria a solução para ter menos atletas caindo nos exames antidoping?

Quando o lutador tem algum problema e precisa de substâncias ou remédios, tem que chegar e conversar com a Usada. A primeira coisa que o atleta precisa fazer é falar com os médicos e explicar a situação. A Usada não é um bicho de sete cabeças. Claro que cada situação é diferente e eles vão entender. As pessoas criam um monstro por trás da Usada que não é bem assim. Eles estão ali para proteger os atletas. Eles estão sempre dispostos a colaborar e a gente tem que colaborar também. Fazer cada um a sua parte.

Por conta de punições por doping, você ficou mais um ano longe do octógono. Depois de viver por muito tempo o auge da carreira, qual a sensação de retornar agora?

Não tem muita diferença, não. Estou feliz da vida.

Como foi o seu período longe das lutas?

Continuei vivendo a minha vida e fazendo trabalhos paralelos à luta. Estudei bastante, trabalhei na minha companhia, realizei meus projetos no cinema, trabalhos com a Netflix. Trabalhei.

Com o retorno às lutas profissionais, pretende continuar com os trabalhos paralelos?

Pretendo continuar com esses projetos. Isso é certeza.

Está feliz por ter marcado o seu retorno na Austrália?

Estou muito feliz por estar lutando na Austrália. Tenho uma sorte muito grande de poder conhecer um país como esse.

Você chegou na Austrália com pouco mais de duas semanas de antecedência. O que mais te chamou atenção no país?

Acho que o carinho das pessoas. A recepção que eu tive foi fantástica. Eu fiquei admirado com o respeito que eles têm pelo meu trabalho e pela minha história.

Como foi a sua preparação para encarar o Israel Adesanya?

Posso descrever como incrível. Foi muito bom. O time todo está de parabéns.

O que mais as pessoas comentam sobre a luta é que ele é a sua “versão mais nova” ou “uma versão melhorada” do seu estilo de luta. Vê semelhança entre vocês?

Não. Somos dois atletas diferentes. Não tem como você comparar o Neymar e o Messi, o Cristiano Ronaldo com Ronaldinho (Gaúcho). Cada um tem as suas habilidades naturais. Cada um tem o seu talento. Não existe comparação.

Qual a estratégia para sair com a vitória?

Treino, foco e fazer o que eu sei fazer bem: lutar.

Está ansioso?

Não estou ansioso. Estou feliz. Muito feliz.

Tem algum lutador que você gostaria de enfrentar depois do Adesanya?

O foco agora é essa luta. Depois estamos vendo de lutar no Brasil com o Nick Diaz. Mas estamos aguardando. Espero que essa luta com o Nick Diaz aconteça no Brasil.

Como está seu pensamento em relação a uma possível chance de disputar o cinturão?

Primeiro, eu preciso manter o foco no Adesanya. Depois, com certeza, a gente vai treinar para disputar o cinturão.

Como você vê o atual momento dos brasileiros no UFC?

Tudo é fase, momento. Nós temos grandes talentos no Brasil. É tudo uma questão de tempo para conquistar os resultados positivos em cada categoria e fazer um trabalho melhor. Acredito que cada um tem a sua credibilidade dentro do esporte. As pessoas que estão com o cinturão mereceram conquistá-lo. E a gente tem que trabalhar. Cada um fazer a sua parte e se preocupar em dar o seu melhor.

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