Mistério, a tônica do Atletiba de hoje à tarde

Coritiba e Atlético entram em campo mais uma vez. O clássico Atletiba, marcado para as 16h, no Couto Pereira, precisa contar com o próprio carisma para se tornar mais atrativo.

Apesar das boas campanhas no campeonato brasileiro, os dois times partem para o jogo sem agitar as torcidas, tanto que a diretoria coxa só colocou metade da capacidade do Alto da Glória à disposição da galera. Mas nada que a rivalidade não transforme em mais um jogo inesquecível.

Como o Coritiba ficou até quinta envolvido com a Copa Sul-Americana, a empolgação do clássico ficou em banho-maria – mesmo que o time alviverde tenha demonstrado certo desinteresse na competição continental. “A gente sabia que tinha um Atletiba no caminho”, confessa o zagueiro Miranda. Mas, pela ?ordem? do técnico Antônio Lopes, não podia se falar no jogo até enfrentar o São Caetano.

Do outro lado, o Atlético teve toda a semana para trabalhar. Tempo ideal para Levir Culpi colocar o time em ordem, recuperar os jogadores lesionados e montar a estratégia ideal para vencer o Cori – e acabar com um tabu de cinco anos sem vitórias no Couto Pereira. “Um jogo como esse sempre vale muito”, resume o treinador rubro-negro, que não vai – para variar – definir a equipe até momentos antes do jogo.

Tática que não será exclusiva do Atlético. O Coritiba também vai esconder o jogo. Talvez superstição? Pode até ser: nas últimas oito partidas, em sete o Delegado fez mistério. Na que não fez (contra o São Caetano), o Coxa perdeu. Para Levir, o fato de guardar a definição da equipe é praxe, até pela possibilidade de criar dúvidas na cabeça do adversário.

Iguais no mistério, quase iguais na série invicta. No brasileiro, o Atlético tem a maior invencibilidade, de oito partidas. Atrás, exatamente o Coritiba, com sete. Além disso, o jogo é o segundo com mais pontos ?em disputa? – 83 (45 rubro-negros, 38 coxas), contra 85 de Palmeiras (47 pontos) e Corinthians (38), que também se enfrentam hoje.

O que faz o clássico, pela primeira vez em tempos, ser também um ?jogo de seis pontos?. Vencendo, o Coxa se aproxima de vez dos primeiros colocados; em contrapartida, o Atlético arranca para a liderança se passar pelo rival. Por mais desmotivado que possa parecer, sempre há atrativos para assistir a um Atletiba.

Antônio Lopes só tenta confundir

O mistério foi institucionalizado pelo Coritiba na véspera do clássico. Além de não anunciar o time que enfrenta o Atlético às 16h, no Couto Pereira, o técnico Antônio Lopes se reservou o direito de confundir tudo. No único treino para valer antes do Atletiba, o Delegado nem colocou coletes nos jogadores, misturou-os entre titulares e reservas e ainda poupou alguns do trabalho. Desta forma, ele pretende surpreender Levir Culpi – ou apenas segurar o que é quase certo.

Seria a formação habitual do Coritiba. Respeitando o adversário, que tem um dos melhores ataques da competição, Lopes deve descartar a hipótese que ele mesmo aventou de jogar com três atacantes. “O Atlético não está na terceira posição por sorte. Acho que isto é acessório no futebol, o que importa é trabalho, e é por trabalho que eles estão entre os primeiros”, comenta o treinador alviverde.

Tanto que os jogadores admitem (num misto de respeito e pressão) ser o Atlético o favorito. “Claro que são eles, estão na frente”, resume o volante Ataliba. “Se a gente olhar a tabela, vai ver que o Atlético está em uma posição melhor que a nossa. E se o Ataliba falou em favoritismo pensando na classificação, ele tem razão”, avaliza Lopes.

Assim, a possibilidade de um time mais marcador não pode ser descartada. Por dois motivos: o primeiro é a necessidade real de melhor marcação sobre os principais jogadores do Atlético (foi assim no primeiro turno, com Vágner em cima de Dagoberto); o segundo é a dificuldade que Lopes tem em encontrar um armador. Cléber e Alexandre Fávaro não aprovaram e Massai tem altos e baixos, sobrando apenas Ricardo – só que este pode ter que jogar na lateral-esquerda, pois Adriano, com dores na coxa, é a principal dúvida alviverde.

Na direita, não deverá haver problemas para o Delegado, pois Jucemar está praticamente recuperado. Assim, Pepo está “liberado” para jogar no meio, e possivelmente ser o carrapato – Dagoberto e Jádson são os candidatos à marcação individual. A outra opção de meio seria Reginaldo Vital, em alta após a boa atuação contra o São Caetano, pela Copa Sul-Americana. “O Vital foi a única coisa boa do jogo de quinta”, afirma Antônio Lopes.

A definição ficou mesmo para hoje, pois o técnico alviverde prefere mais uma vez esconder o jogo. “Eu já tenho o meu time, mas não vou contar para vocês”, avisa. A surpresa está programada. E qual seria? Se mantiver a formatação, talvez seja uma surpresa apenas para Levir -ou nem para ele. Se ele mudar, será uma surpresa para todos – até mesmo para o próprio Antônio Lopes.

Levir Culpi só confirma time hoje

O clima de esconde-esconde exacerbado pelo Atlético nas vésperas do clássico de hoje tem dois objetivos: quebrar o tabu de quase cinco anos sem ganhar do Coritiba no Couto Pereira e lutar pela liderança do campeonato brasileiro. Após a conquista do título em 2001, este é o melhor momento da equipe no nacional. A superação do rival no Alto da Glória pode dar a maturidade necessária para a equipe buscar a segunda estrela dourada. Para tanto, o técnico Levir Culpi terá todos os jogadores à disposição e poderá escalar o time que considerar o melhor para enfrentar o Alviverde.

Como ainda tem muito campeonato pela frente e muitos pontos a ser disputados, a cabeça dos jogadores está somente nas estatísticas. Desde 25 de novembro de 1999, o time não consegue passar pelo Coxa como visitante. Nenhum jogador do atual elenco estava em campo naquele dia, mas de lá para cá foram oito jogos e nenhuma vitória.

Isto significa que o rival está engasgado na garganta do atual elenco, principalmente pela perda do título estadual deste ano na própria Arena. O atacante Dagoberto que o diga. “Me fala uma coisa, tabu é para quê? Para ser quebrado, então, quem sabe. Estamos bem no campeonato e o time está fazendo belos jogos”, aposta o artilheiro. Mesmo assim, ele sabe que a rivalidade é muito grande e o Coritiba é muito difícil de ser batido no Couto. “Sabemos também que vamos enfrentar uma grande equipe e temos que ter cautela para não sermos surpreendidos”, avisa.

O ala-esquerdo Ivan sabe disso, mas acha que hoje pode ser o dia do Atlético. “A gente sabe que o Coritiba vem crescendo no campeonato, é um time forte, nós estamos acompanhando, sabemos da dificuldade que vai ser o jogo, é um time forte, mas não é invencível”, destaca. Já o zagueiro Marcão está preocupado com o atacante Aristizábal. “Temos que marcar em cima, é um ótimo jogador e não podemos dar espaço porque no Atletiba passado, a única bola que nós demos espaço ele fez o gol”, analisa.

Essa mesma preocupação deve ter Levir Culpi. Como sempre ele não antecipa a escalação, mas o time não deverá ter surpresas. No treinamento de ontem, o zagueiro/volante Fabiano voltou a treinar com uma máscara protetora do nariz e disse que está mais adaptado ao equipamento. Assim, ele poderá garantir presença no meio. Com três zagueiros e dois volantes, a marcação deverá ser forte, mas, ao mesmo tempo, deverá liberar os alas para o ataque, principalmente Fernandinho. Nos demais setores, a mesma equipe que vinha atuando nos últimos jogos e que está defendendo uma invencibilidade de oito partidas seguidas no brasileirão. Um desfalque de última hora para o banco de reservas: o volante Bruno lança se machucou no treino de ontem e foi desligado do grupo que concentrou para o jogo de hoje.

CAMPEONATO BRASILEIRO
CORITIBA X ATLÉTICO

Coritiba: Fernando; Jucemar, Miranda, Flávio e Adriano (Ricardo); Ataliba, Roberto Brum, Pepo (Reginaldo Vital) e Luís Carlos Capixaba; Aristizábal e Alemão. Técnico: Antônio Lopes

Atlético: Diego; Marinho, Rogério Correa e Marcão; Fabiano (Pingo), Allan Bahia, Ivan, Fernandinho e Jádson; Washington e Dagoberto. Técnico: Levir Culpi

Súmula
Local
: Couto Pereira
Horário: 16h
Árbitro: Francisco Carlos Vieira
Assistentes: Antônio Aparecido Casagrande e Gílson Pereira

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