A presidente Dilma Rousseff vai receber na próxima terça-feira a tocha olímpica em nome do Brasil. Mas não tem “nenhuma intenção” de transformar o evento em um ato político. Quem garante isso é o ministro do Esporte, Ricardo Leyser, que em entrevista ao jornal O Estado de S.Paulo indicou ainda que uma mudança de governo até os Jogos, em agosto, no Rio não deve afetar de forma profunda a organização do evento.

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Faltando menos de 100 dias para o evento, qual a prioridade?

A infraestrutura está praticamente resolvida, com 98% dela pronta. O velódromo e a instalação do tênis são as únicas duas que ainda precisam ser completadas. Agora, a operação esportiva é muito mais complexa que a parte esportiva. A quadra pode estar pronta, mas ela tem uma operação de televisão, de alimentação, segurança. Estamos na fase da migração. Ao mesmo tempo, você deixa de ter de poucos problemas estratégicos políticos para milhares de pequenos problemas. A grande atenção agora será nisso.

Em 2008, a China mostrou uma superpotência. Já em 2012, Londres teve tecnologia e modernidade. O que o Brasil vai mostrar?

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Nosso maior problema é de comunicação. Todos temos na cabeça o Ninho de Pássaro em Pequim. Mas a maioria dos equipamentos eram antigos. O que esses países tem é um know-how em como mostrar suas qualidades e esconder seus problemas. No fundo, a discussão é a seguinte: nos perguntavam por que é que o Brasil faria a Olimpíada se não tem estrutura? É o contrário: vamos fazer esses eventos para nos beneficiarmos da estrutura que será criada.

A crise ameaça afetar alguma liberação de dinheiro federal para as obras que faltam?

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Não. Tudo está em andamento dentro dos cronogramas. Não há nada atrasado.

Mas tivemos falhas de energia nos eventos-teste…

Sim, mas não é ainda o sistema de abastecimento definitivo. Não temos ainda a energia provisória. Além disso, nos testes você tem pessoas que nunca trabalharam nesses locais. Essas pessoas estão aprendendo.

Qual o desafio em termos de imagem?

Tomamos uma decisão de que não iríamos ter instalações icônicas. Não iríamos gastar bilhões com estrutura. O Rio vai mostrar como fazer algo balanceado, sem baixar a qualidade.

Em termos esportivos, a meta de ficar entre os 10 primeiros no quadro de tabelas é realista?

Estar entre os 10 primeiros é a meta adequada. Não é algo que normalmente conseguiríamos, mas é realista. Dependemos menos hoje de um herói ou de um fenômeno.

Quem vai receber a tocha quando ela chegar ao Brasil?

A presidente da República. Isso é o combinado desde sempre e nada mudou.

Mas até que ponto a crise política preocupa o COI?

Não dependemos mais de decisões políticas. O impacto é zero sobre a organização.

Existe a possibilidade de que os Jogos aconteçam já com outro governo. Isso de alguma forma o COI questiona com a Autoridade Olímpica?

O COI está muito confortável. Já estamos em um nível operacional. Não será o ministro que vai discutir a energia ou algum detalhe. Isso foi o benefício da antecedência. Talvez se dependêssemos de grandes decisões esse clima mais turbulento poderia atrapalhar.

O recebimento da tocha não vai ganhar caráter político?

Não. O governo federal inteiro está envolvido. Não há interesse nem do governo nem de ninguém em transformar isso em um ato político. Será uma grande vitória a entrega dos Jogos.

Teme que a Operação Lava Jato chegue até o Parque Olímpico antes de agosto?

O TCU já fez três auditorias, sem nenhum indicativo de superfaturamento. Vamos custar uma fração do que custou Londres.