Fantasma

Mesmo sendo só um amistoso, Alemanha x Brasil traz memórias do 7×1

Tite chega ao seu principal teste antes da Copa respaldado pelos resultados e com apoio popular. Mas consciente de que o jogo de hoje tem muita importância. Foto: Pedro Martins/MoWA Press

Brasil x Alemanha, Copa do Mundo de 2014. É um daqueles momentos em que todo mundo lembra onde estava – como o assassinato de John Kennedy, a morte de Ayrton Senna, o tetracampeonato. O maior vexame do futebol brasileiro em sua história deixou de ser apenas um jogo para virar substantivo. A cada falcatrua que acompanhamos (e não são poucas), a frase sempre se repete: “Todo dia é um 7×1 diferente”. O reencontro de hoje, às 15h45, no estádio Olímpico de Berlim, não é uma reedição da semifinal do Mundial do Brasil, mas sim um jogo de preparação para a Copa da Rússia, que começa em junho. Mesmo assim, as recordações virão à tona com tudo.

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“Virou passeio”. A frase de Galvão Bueno na transmissão da Rede Globo também é usada em vários momentos – de jogos de futebol até julgamentos no Supremo Tribunal Federal. O passeio dos alemães no Mineirão foi o estopim (ou pelo menos deveria ter sido) para mudanças na estrutura do nosso futebol. Obviamente não mudou muito, tanto que o presidente da Confederação Brasileira de Futebol está hoje afastado de suas atividades pela Fifa e investigado pelo FBI, e sem poder sair do Brasil para não ser preso. Seu antecessor foi preso, julgado e condenado pela justiça dos Estados Unidos. E o que veio antes dos dois também não tira os pés daqui pra não ir pra cadeia.

Apesar do 7×1, o nosso maior problema nunca foi dentro de campo. “O futebol brasileiro só evoluiu do túnel para o gramado”, já dizia Flávio Costa, técnico da seleção brasileira na Copa do Mundo de 1950. Gerações melhores ou piores, temos jogadores de qualidade para formar seleções competitivas em quase todas as Copas. Pagamos por uma soberba desnecessária, aquele papo de “país do futebol”, mas chegamos à Copa de 2018 entre os favoritos. Com uma boa dose de otimismo, estamos no mesmo patamar da Alemanha. Mais realistas, talvez estejamos um passo atrás deles e da Espanha, junto com França, Argentina (por causa do Messi) e Bélgica, e à frente de Portugal e Inglaterra.

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“Lá vem eles de novo”. Enquanto o futebol brasileiro patinou dentro e fora de campo (principalmente fora), a Alemanha deu uma aula de como reformular a estrutura de formação de atletas. Usando a tecnologia e dando valor ao talento natural, os germânicos deixaram o estilo “durão” e passaram a ganhar o mundo com um jogo agressivo, bonito e eficiente. Só conseguimos nos ajustar com a chegada de Tite, após um ano de nova “era Dunga”, de pouco futebol, poucos resultados e aquela ira recalcada já conhecida.

A Alemanha treina no estádio Olímpico de Berlim. Foto: Divulgação/DFB
A Alemanha treina no estádio Olímpico de Berlim. Foto: Divulgação/DFB

Hoje, essa seleção com novo perfil tático, que conseguiu escalar um número maior de jogadores de talento (Willian, Phillipe Coutinho, Neymar e Gabriel Jesus deverão ser titulares juntos na Copa), terá seu principal desafio desde que Tite assumiu. Não é uma Alemanha completa, pois Joachim Löw decidiu preservar os principais jogadores – afinal, ninguém quer correr riscos a menos de três meses da Copa do Mundo. Mesmo assim, é um jogo de afirmação. “É a última campeã mundial e da Copa das Confederações. Uma equipe mesclando e fazendo ajustes com atletas desse nível”, afirmou o treinador da seleção.

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E, claro, todo mundo foi obrigado a falar do 7×1. “Foi falado bastante sobre o momento, da equipe forte da Alemanha, confiança alta, em competir de forma leal, vencer o Brasil com o placar dilatado e nós aplaudirmos e reconhecermos. Isso mostrou a grandeza do esporte. Teve a qualidade, um dia emblemático, prefiro ver a qualidade do que outra situação”, disse Tite. “Se não podemos mudar o passado, temos que tentar mudar o presente. Estamos aqui para fazer isso”, finalizou Daniel Alves.

Ficha técnica

AMISTOSO

ALEMANHA x BRASIL

Alemanha
Leno; Rüdiger, Boateng e Ginter; Kimmich, Gündogan, Rudy e Plattenhardt; Goretzka, Sané e Timo Werner.
Técnico: Joachim Löw

Brasil
Alisson; Daniel Alves, Miranda, Thiago Silva e Marcelo; Casemiro, Fernandinho, Paulinho, Phillipe Coutinho e Willian; Gabriel Jesus.

Local: Olímpico (Berlim-ALE)
Horário: 15h45
Árbitro: Jonas Eriksson (SUE)
Assistentes: Mathias Klasenius (SUE) e Daniel Wärnmark (SUE)