Meninas do futebol “rifam” o técnico

Rio de Janeiro – Se depender das jogadoras da seleção brasileira feminina de futebol, o técnico Paulo Gonçalves vai ter de deixar o cargo. Eliminadas do mundial da categoria, nos Estados Unidos, e insatisfeitas com o trabalho do treinador, elas desejam que uma outra pessoa assuma o comando técnico do Brasil. Alguém que seja “mais profissional e que realize treinos táticos e de posicionamento”, como salientaram as atacantes Kelly e Formiga. Em janeiro, será disputado o Torneio Pré-Olímpico e as atletas têm medo de ficar sem a única vaga disponível.

“Não sou favorável à permanência dele. Pegamos um time (Suécia) que sabia tocar a bola e ficamos perdidas em campo. A Renata (volante) nem sabia sua posição”, afirmou Kelly. “Nem sempre só na raça se consegue vitórias”, disse Formiga. As duas desembarcaram ontem no Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio de Janeiro. A maior parte da delegação ficou em São Paulo, inclusive Paulo Gonçalves e Milene Domingues, mulher do craque Ronaldo e até o início da competição a grande atração da seleção brasileira. Apesar de todo alarde com sua convocação, ela não atuou em nenhum jogo.

Como exemplo de seu descontentamento com os métodos de trabalho do treinador, Kelly revelou um detalhe sobre os dias em que estiveram nos Estados Unidos. “Imaginem uma jogadora de ataque que não treina finalizações. É o meu caso”, disse. A atacante ressaltou que, após a derrota para a Suécia, por 2 a 1, Paulo Gonçalves entrou no vestiário e nem sequer disse uma palavra.

“E o Luiz Miguel (Estevão, diretor do departamento de categorias especiais da Confederação Brasileira de Futebol ) não apareceu. Quando a gente vencia, ele fazia questão de nos parabenizar.”

Formiga disse que faltaram amistosos durante a preparação e também fez críticas ao treinador. “As suecas viram fitas dos nossos jogos durante os três dias que antecederam à partida. Nós, somente um dia”, contou. “Não tenho nada contra a pessoa dele. O que há é uma divergência profissional.”

De acordo com as duas atletas, a convocação de Milene, que fôra motivo de controvérsias, não gerou um clima ruim na delegação brasileira. “Ela é uma pessoa legal que chegou para ajudar. Tínhamos um ótimo relacionamento”, disse Kelly.

Ambas, porém, não souberam afirmar como será daqui por diante, já que não há torneios de futebol feminino no Brasil e a Liga Americana foi cancelada. “Futuro? Nenhum. Existem competições patrocinadas por prefeituras e que pagam cerca de R$ 200,00”, contou Kelly, citando os Jogos Abertos de São Paulo, que serão realizados a partir do dia 10 de outubro. “Também posso disputar campeonatos de favela no Rio.”

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