Maringá revive incertezas com volta de Aurélio Almeida

Ao mesmo tempo em que o dono do Grêmio de Maringá, Aurélio Almeida, comemorava os 7 a 0 de seu time contra o amador Atlético de Marialva, o povo que criou o Galo em 61 para representar a cidade canção recordava sem emoções a sua última passagem pelo Galo: rebaixamento no Paranaense de 2004, portas do clube posteriormente fechadas e pendências a ser resolvidas. Um legado nada generoso para um município que por três vezes comemorou o título de maior do Paraná (1963/64/77).

Aurélio Almeida saiu de Maringá criticado. Moradores afirmam que o cartola enganou a todos, com um severo calote. O dirigente assume ainda ter dívidas, diz que paga quando puder. Ele passou por problemas parecidos em Toledo, São José dos Pinhais e Curitiba. No meio de 2009, retornou para a cidade canção. Pagou apenas pendências necessárias para a regularização de seu time. Na prefeitura local, estimados R$30 mil. Na Federação Paranaense de Futebol (FPF) os valores não foram divulgados por ambos.

De acordo com o vice-presidente da FPF, Amilton Stival, em 2010 o Galo de Aurélio Almeida deve estar apto a disputar campeonatos. “Resta analisar a papelada no jurídico. Só o detalhe burocrático impede no momento que o Grêmio seja novamente reconhecido como um time ativo”, afirma.

O Grêmio de Aurélio Almeida sequer pode profissionalizar seus atletas. “É apenas um começo. Estou devolvendo o Galo ao seu terreiro e dando oportunidade aos garotos da região”, pondera Aurélio, conhecido por suas promessas megalomaníacas – e que muitos ainda esperam ser cumpridas.

Na falta de craques conhecidos, todas as atenções voltam-se ao banco de reservas. O treinador Müller é o alicerce de credibilidade da volta de Aurélio a Maringá. No entanto, o clube pode perder o ex-atacante da Seleção Brasileira para a política no próximo ano, o que faz o cartola surgir com promessas. “Se ele sair, trago alguém mais conhecido que ele. Quem sabe o Benito Floro, ex-técnico do Real Madrid”, arrisca.

A suposição é ambiciosa, pois o clube não tem patrocinadores. Precisou cobrar R$ 220 de 250 possíveis futuros atletas em testes no GEM. Segundo Aurélio, “a taxa serve para pagar o material esportivo”.

Paralelo ao time, o cartola Aurélio também empreende. Montou a “Real 10”, empresa que fornece o material esportivo do seu Grêmio Maringá. “Procurei diversas fábricas, mas os diretores falavam que produziam apenas camisas para times grandes. Mostrarei que somos maiores, por isso fundei essa grife que ainda vai dar o que falar. Nosso padrão é o mesmo da Nike”, compara.

O dono do Grêmio não tem como provar suas profecias, mas diz que colocará seu clube entre os melhores do mundo. “Podemos até ter começado contra o Atlético de Marialva. Só que em dezembro vou marcar amistoso contra o Boca Juniors da Argentina. Palermo e Riquelme jogarão no Willie Davids. Não duvidem”, diz Aurélio Almeida.

Carlos Cardoso, colecionador de artigos que contam toda história do Galo, rebate. “Não comparo o dono do Grêmio com Forrest Gump, pois esse personagem deixou mensagens interessantes. Aurélio só deixou desilusões. Por isso, não arrisco projetar onde esse time vai chegar. Espero que não seja no Serasa”, alerta.